Olívia de Cássia – jornalista
O Carnaval é uma manifestação da cultura popular genuinamente brasileira. Para esta festa, foram criados vários tipos de músicas e também de danças, sendo que seu estilo pode variar de região para região. Antigamente, em Alagoas, valorizava-se mais o Carnaval.
Aos poucos os bailes nos clubes foram acabando e a festa de Momo passou a ser apenas nas ruas. Mas ao invés de se preservar os elementos da nossa cultura, a festa foi substituindo aos poucos os seus principais itens, as músicas e as fantasias. Ficou tudo meio sem graça mesmo.
Para mim o Carnaval é uma das festas mais bonitas do Brasil, da forma como era antes. Um Carnaval alegre, sem violência, com muitas plumas, brilhos, cores, fantasias, alegria, frevo, marchas, sambas e outras manifestações da nossa cultura.
É assim que vejo como deveria ser a folia de Momo em nosso Estado. Admiro os gestores que se empenham na continuação e no resgate da nossa cultura popular.
Fico triste quando na época em que se deveria tocar os frevos, sambas e marchinhas ouço as bandas tocando aquelas músicas de péssimo gosto que todo mundo escuta o ano todo, insuportáveis.
Músicas preconceituosas, que desvalorizam as mulheres e que mesmo assim elas cantam e repetem os refrões alegremente, sendo chamadas de cachorras e outros palavrões. A execução desse tipo de som deveria ser analisada e vista com restrição.
No dia 9 último, foi comemorado no Brasil, mais precisamente no Recife, o Dia do Frevo. O turismo de lá tira bom proveito disso e procura preservá-lo, encantando os turistas.
A cidade é invadida por visitantes, incluindo os daqui que saem à procura desse diferencial não encontrado na nossa terra.
Em Maceió, o Carnaval fica só nas prévias com o desfile dos blocos, incluído aí o Pinto da Madrugada, que procura preservar o frevo e a cultura do Carnaval, acompanhado dos Seresteiros da Pitanguinha e mais alguns poucos. Uma atitude positiva de se reviver os antigos e bons carnavais que já vivemos.
Em outros estados do Nordeste o resgate do Carnaval vem acontecendo aos poucos, com desfiles de blocos incentivados pelas prefeituras, garantindo ajuda de custo e toda a infraestrutura necessária.
Um exemplo disso é Fortaleza, que por meio de Edital, a prefeitura, por intermédio da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (Funcet), vem incentivando projetos, premiando cada um deles, além de garantir toda a logística da mais popular e democrática das festas.
Além disso, os blocos, que não são contemplados pelo edital, recebem também apoio logístico e divulgação.
O resgate da tradição, com bandas de sopros e metais, charangas e percussão e no repertório, frevos, marchinhas, xotes e sambas-enredos dão uma mostra de que o exemplo pode ser seguido pelos outros estados, a exemplo de Pernambuco que nunca deixou a tradição morrer.
Alagoas poderia adotar isso também. Em União dos Palmares, a gente tem agora só a opção da Pra Basiliano Sarmento, o Carnaval de clube acabou e as bandas que se apresentam na praça até tocam frevo, mas o que predomina são as músicas de forró-malícia.
Triste mesmo é a gente ouvir, nas rádios e nos shows, as músicas ‘Tarraxinha’, ‘Vou não posso não minha mulher não deixa não’ e outras pérolas do mesmo nível que também serão hits tocados no nosso Carnaval. Lastimável isso!
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