Olívia de Cássia – jornalista
(Foto: arquivo\Olívia de Cássia)
E chegou novembro de novo, mês de comemorações da
Consciência Negra, onde se homenageia e festeja o herói Zumbi dos
Palmares. Para o movimento negro, o herói deve ser lembrado durante todo
ano e não apenas em uma data, pelo legado histórico que representa.
A programação do dia 20 de novembro já está sendo elaborada
oficialmente, mas enquanto isso não se define, recomeçam os debates sobre a
falta de estrutura na Serra da Barriga, em contraposição a tudo que Zumbi
representa para nós palmarinos, o povo negro e todos aqueles que lutam por uma
sociedade melhor e mais justa.
O Parque Memorial Quilombo dos Palmares, implantado em 2007
pelo Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, na Serra da
Barriga, reconstitui o cenário da história de resistência à escravidão: a
história do Quilombo dos Palmares, o maior, mais duradouro e mais organizado
refúgio de negros escravizados das Américas, índios e brancos degredados da
sociedade brasileira.
Mas infelizmente, os moradores do município, parece que
ainda não mensuraram a importância que
tem para a história. No Quilombo dos Palmares Zumbi reinou e foi assassinado em
1695.O local obrigou todo o povo que foi oprimido pela sociedade escravagista..
A Serra da Barriga foi tombada como Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em 1986, depois de muita luta de
pessoas como o professor Dilson Moreira, imortalizando o local como símbolo de
resistência e luta pela liberdade. Em 21 de março de 1997, Zumbi dos Palmares
foi reconhecido pelo Governo Federal como herói nacional.
No quilombo o povo oprimido era acolhido e bem recebido.
Algumas lideranças do movimento negro e da comunidade da Terra da Liberdade
reclamam que os olhos dos gestores só se voltam para a Serra da Barriga quando
se aproxima o 20 de novembro e durante o resto do ano o local fica
subaproveitado.
Atualmente tem alguns problemas em sua estrutura e os olhos
do mundo se voltam para Serra da Barriga, lugar de encantos e muita
energia. A riqueza do patrimônio
imaterial afro-brasileiro tem sido preservada através da oralidade e das
práticas religiosas, culturais e artesanais, encontradas nas casas religiosas
de matriz africana e nas comunidades remanescentes de quilombo.
O local costuma reunir no Dia 20 de novembro, mais de 20 mil
pessoas, onde são feitas apresentações do povo da religião de matriz africana,
com cantos, orações, capoeira e várias exibições de grupos culturais afros de
outros municípios, em homenagem ao herói
da liberdade.
Segundo os historiadores, o Quilombo dos Palmares atingia um raio de 200
quilômetros, entre os estados de Alagoas e Pernambuco, com aproximadamente onze
mocambos, onze povoados que o constituíam. Essa estrutura foi diminuída pelo
Ipham (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão do
Ministério da Cultura que tem a missão de preservar o patrimônio cultural
brasileiro). Essa diminuição, segundo avaliam, foi porque tomaria muito mais espaço e já que
a área está sendo pesquisada pela arqueologia, eles resolveram deixar o espaço
mais restrito, para não tomar uma dimensão maior.
Depois de séculos da extinção do quilombo e do
reconhecimento de Zumbi como herói nacional, que lutou contra as desigualdades
e o preconceito racial, resta para nós
fazer uma reflexão do momento de
retrocesso que a sociedade brasileira
está vivendo, em que temas avançados que
foram aprovados na Constituição de 1988 estão sendo derrubados por um Congresso
Nacional machista, preconceituoso e de mentalidade atrasada.
Zumbi vive em cada coração que luta por liberdade,
independência e melhorias nas políticas sociais. Viva Zumbi!
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