quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Consciência negra

Olívia de Cássia – jornalista
(Foto: arquivo\Olívia de Cássia)

E chegou novembro de novo, mês de comemorações da Consciência Negra, onde se homenageia e festeja o herói  Zumbi dos  Palmares. Para o movimento negro, o herói deve ser lembrado durante todo ano e não apenas em uma data, pelo legado histórico que representa.

A programação do dia 20 de novembro já está sendo elaborada oficialmente, mas enquanto isso não se define, recomeçam os debates sobre a falta de estrutura na Serra da Barriga, em contraposição a tudo que Zumbi representa para nós palmarinos, o povo negro e todos aqueles que lutam por uma sociedade melhor e mais justa.  

O Parque Memorial Quilombo dos Palmares, implantado em 2007 pelo Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, na Serra da Barriga, reconstitui o cenário da história de resistência à escravidão: a história do Quilombo dos Palmares, o maior, mais duradouro e mais organizado refúgio de negros escravizados das Américas, índios e brancos degredados da sociedade brasileira.

Mas infelizmente, os moradores do município, parece que ainda não mensuraram  a importância que tem para a história. No Quilombo dos Palmares Zumbi reinou e foi assassinado em 1695.O local obrigou todo o povo que foi oprimido pela sociedade escravagista..

A Serra da Barriga foi tombada como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em 1986, depois de muita luta de pessoas como o professor Dilson Moreira,  imortalizando o local como símbolo de resistência e luta pela liberdade. Em 21 de março de 1997, Zumbi dos Palmares foi reconhecido pelo Governo Federal como herói nacional.

No quilombo o povo oprimido era acolhido e bem recebido. Algumas lideranças do movimento negro e da comunidade da Terra da Liberdade reclamam que os olhos dos gestores só se voltam para a Serra da Barriga quando se aproxima o 20 de novembro e durante o resto do ano o local fica subaproveitado.

Atualmente tem alguns problemas em sua estrutura e os olhos do mundo se voltam para Serra da Barriga, lugar de encantos e muita energia.  A riqueza do patrimônio imaterial afro-brasileiro tem sido preservada através da oralidade e das práticas religiosas, culturais e artesanais, encontradas nas casas religiosas de matriz africana e nas comunidades remanescentes de quilombo.

O local costuma reunir no Dia 20 de novembro, mais de 20 mil pessoas, onde são feitas apresentações do povo da religião de matriz africana, com cantos, orações, capoeira e várias exibições de grupos culturais afros de outros municípios,  em homenagem ao herói da liberdade.

Segundo os historiadores,  o Quilombo dos Palmares atingia um raio de 200 quilômetros, entre os estados de Alagoas e Pernambuco, com aproximadamente onze mocambos, onze povoados que o constituíam. Essa estrutura foi diminuída pelo Ipham (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão do Ministério da Cultura que tem a missão de preservar o patrimônio cultural brasileiro). Essa diminuição, segundo avaliam,  foi porque tomaria muito mais espaço e já que a área está sendo pesquisada pela arqueologia, eles resolveram deixar o espaço mais restrito, para não tomar uma dimensão maior.

Depois de séculos da extinção do quilombo e do reconhecimento de Zumbi como herói nacional, que lutou contra as desigualdades e o preconceito racial, resta para nós  fazer uma reflexão do momento  de retrocesso  que a sociedade brasileira está vivendo, em que temas avançados  que foram aprovados na Constituição de 1988 estão sendo derrubados por um Congresso Nacional machista, preconceituoso e de mentalidade atrasada.


Zumbi vive em cada coração que luta por liberdade, independência e melhorias nas políticas sociais. Viva Zumbi!

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