quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A alma da gente


Olívia de Cássia – jornalista

Vivemos sempre esperando que o dia de amanhã seja melhor do que o que estamos vivendo, como diz a música. Tem dias que a gente fica um pouco encolhida, introspectiva e só quer um lugar para ficar sossegada; ouvindo uma boa música; lendo um bom texto, sem que o mundo não lhe perturbe o juízo.

Nessas horas, a gente fica mais sensibilizada com as tragédias e acontecimentos rotineiros, mais emotiva, me ponho a meditar a respeito de certas questões bem particulares e universais. Não sei se isso acontece também com outras pessoas, mas comigo é assim.

O mundo está confuso e complexo, cheio de violência, maldade e às vezes até agradeço a Deus não ter colocado filho no mundo, como disse Machado de Assis. Analisando bem, eu não teria tido capacidade de administrar uma família; filhos e tudo o que isso implica ou significa no dia a dia.

Nessas horas, lembro muito de algumas passagens da minha vida. Admiro muito quando vejo alguém organizado, não nego. Existem pessoas que possuem mais ou menos os mesmos sentimentos que os meus, mesmo que esses sentimentos muitas vezes pareçam muito loucos.

A gente vai, ao longo dos anos, construindo a nossa personalidade com aquilo que adotamos como filosofia ou prática de vida, com o s exemplos que nos foram passados. Eu decidi ser feliz, apesar das minhas limitações que a saúde me impõe.

Espero que não seja tarde ainda. Para uns isso pode ser chamado de modo de viver, rotina, ou seja lá o que for isso. Minha rotina não tem mudado muito de um tempo para cá, mas me pego pensando, constantemente, como se ainda tivesse vivendo muitos anos antes, na juventude tão querida e complicada, antes de tudo.

Emaranhadas e complexas essas minhas divagações, mas isso tudo é apenas uma maneira de viver, questão de ir construindo cada momento, de mim mesma, e tentando explicar o que vai em pensamentos; ora muito claros, ora confusos até.

Acredito no poder da mente; avalio que a liberdade é um dom divino e ser sozinha me mostrou isso, com o passar do tempo. Dizem que o poder da mente é uma realidade e que todos possuem essa capacidade, mas apenas alguns atingem os objetivos.

Tenho muitos caminhos a percorrer, ainda, até que eu entenda essas nuances  da mente humana. Decifrar as questões que a vida me dá é um desafio; num passado bem recente eu me rebelava contra situações pessoais e não queria entender as entrelinhas que a vida me dava, apesar da clareza dos fatos.

Com a mente embotada, aos poucos a realidade foi surgindo e me fortalecendo, apesar da dor. Nunca me julguei melhor do que ninguém; pelo contrário. A baixa autoestima sempre me acompanhou; estranhamente fui descobrindo aos poucos que carregava muitos ranços herdados do passado e esses sentimentos foram me fazendo uma pessoa menor.

Fui descobrindo o valor do perdão, do desprendimento: a simplicidade é tudo, não tem coisa melhor. Para que complicar a vida, se já temos tantos fardos? Nem por isso sou hipócrita ao ponto de deixar de querer e gostar de meu conforto tão sonhado que ainda não consegui ter.

Isso tudo, por pura incapacidade minha de lidar com questões materiais e administrativas do lar, dificuldade que sempre tive de organizar minha própria vida.  Sempre valorizei mais os outros do que eu mesma, sem saber que eu tinha uma força maior dentro de mim; que acreditar no meu potencial seria o caminho da libertação.


Achava que as ideias e conceitos pré-estabelecidos eram uma hipocrisia e estava sempre desafiando algumas regras, o que me custou algumas sequelas. Dizem por aí que os sonhos só existem pra amenizar a dor na escuridão da noite, eles aliviam nossos pesos e a alma da gente.  Para refletir. 

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