Olívia de Cássia – jornalista
Vivemos sempre esperando que o dia de amanhã seja melhor do
que o que estamos vivendo, como diz a música. Tem dias que a gente fica um
pouco encolhida, introspectiva e só quer um lugar para ficar sossegada; ouvindo
uma boa música; lendo um bom texto, sem que o mundo não lhe perturbe o juízo.
Nessas horas, a gente fica mais sensibilizada com as
tragédias e acontecimentos rotineiros, mais emotiva, me ponho a meditar a
respeito de certas questões bem particulares e universais. Não sei se isso
acontece também com outras pessoas, mas comigo é assim.
O mundo está confuso e complexo, cheio de violência, maldade
e às vezes até agradeço a Deus não ter colocado filho no mundo, como disse
Machado de Assis. Analisando bem, eu não teria tido capacidade de administrar
uma família; filhos e tudo o que isso implica ou significa no dia a dia.
Nessas horas, lembro muito de algumas passagens da minha
vida. Admiro muito quando vejo alguém organizado, não nego. Existem pessoas que
possuem mais ou menos os mesmos sentimentos que os meus, mesmo que esses
sentimentos muitas vezes pareçam muito loucos.
A gente vai, ao longo dos anos, construindo a nossa
personalidade com aquilo que adotamos como filosofia ou prática de vida, com o
s exemplos que nos foram passados. Eu decidi ser feliz, apesar das minhas limitações
que a saúde me impõe.
Espero que não seja tarde ainda. Para uns isso pode ser
chamado de modo de viver, rotina, ou seja lá o que for isso. Minha rotina não
tem mudado muito de um tempo para cá, mas me pego pensando, constantemente,
como se ainda tivesse vivendo muitos anos antes, na juventude tão querida e
complicada, antes de tudo.
Emaranhadas e complexas essas minhas divagações, mas isso
tudo é apenas uma maneira de viver, questão de ir construindo cada momento, de
mim mesma, e tentando explicar o que vai em pensamentos; ora muito claros, ora
confusos até.
Acredito no poder da mente; avalio que a liberdade é um dom
divino e ser sozinha me mostrou isso, com o passar do tempo. Dizem que o poder
da mente é uma realidade e que todos possuem essa capacidade, mas apenas alguns
atingem os objetivos.
Tenho muitos caminhos a percorrer, ainda, até que eu entenda
essas nuances da mente humana. Decifrar
as questões que a vida me dá é um desafio; num passado bem recente eu me
rebelava contra situações pessoais e não queria entender as entrelinhas que a
vida me dava, apesar da clareza dos fatos.
Com a mente embotada, aos poucos a realidade foi surgindo e
me fortalecendo, apesar da dor. Nunca me julguei melhor do que ninguém; pelo
contrário. A baixa autoestima sempre me acompanhou; estranhamente fui
descobrindo aos poucos que carregava muitos ranços herdados do passado e esses
sentimentos foram me fazendo uma pessoa menor.
Fui descobrindo o valor do perdão, do desprendimento: a
simplicidade é tudo, não tem coisa melhor. Para que complicar a vida, se já
temos tantos fardos? Nem por isso sou hipócrita ao ponto de deixar de querer e
gostar de meu conforto tão sonhado que ainda não consegui ter.
Isso tudo, por pura incapacidade minha de lidar com questões
materiais e administrativas do lar, dificuldade que sempre tive de organizar
minha própria vida. Sempre valorizei
mais os outros do que eu mesma, sem saber que eu tinha uma força maior dentro
de mim; que acreditar no meu potencial seria o caminho da libertação.
Achava que as ideias e conceitos pré-estabelecidos eram uma
hipocrisia e estava sempre desafiando algumas regras, o que me custou algumas
sequelas. Dizem por aí que os sonhos só existem pra amenizar a dor na escuridão
da noite, eles aliviam nossos pesos e a alma da gente. Para refletir.
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