Olívia de Cássia -
jornalista
A gente pode estar seguro
do que quer, mas chega um dia em que todas as lembranças vêm à tona e nos
pegamos viajando em pensamentos, vivenciando coisas que fazem parte de um
passado distante, da adolescência e juventude, mas que às vezes se faz tão
presente que dói na alma da gente.
Todas essas lembranças
nos servem de lição, são acontecimentos que fizeram parte do nosso crescimento
interior, aquelas vivências mais profundas que influenciaram de alguma forma na
nossa vida e construíram a nossa personalidade.
Acho que é isso o que faz
a pessoa madura. Eu sou o que sou e nunca fingi ser diferente, de dupla
personalidade, porque não posso passar para os que estão próximos de mim uma
imagem diferente, não sei fingir.
Sempre tive uma maneira
de pensar diferente, o que me rendeu na família algumas situações e conceitos
precipitados. Alguns me tomaram por louca e outros por radical. Quem me conhece
sabe que eu sou assim mesmo: às vezes um pouco louca, romântica, antagônica ao
extremo. Mas nunca dissimulada. Apenas
uma pessoa querendo ser feliz e justa.
Às vezes a gente se
angustia pela falta de reconhecimento pelo nosso esforço, mas isso também faz
parte do jogo. Não vamos esperar que tudo saia perfeito, da forma como desejamos.
Tem momentos que me pego fazendo
interrogações, querendo saber o motivo de tais situações, mas nem isso vai
tirar o meu foco se acredito e amo o que
faço. Tem momentos que me falta paciência, talvez isso seja os sinais da idade
que batem á porta, mas procuro amenizá-los.
Só sinto a idade que
tenho quando as limitações dão aquele sinal de alerta e me dizem que terei um
pouco de dificuldade perante aquela situação, mas que devo tentar. É fim de
tarde de domingo e o barulho na rua é apenas do álcool que já mostrou seus
sinais na vizinhança.
Crianças correrem pela
rua brincando; ainda um privilégio por aqui, feito aquele tempo do interior que
não tínhamos violência e podíamos brincar nas calçadas e na vizinhança. Meus
bebês de quatro patas já se aquietaram diante do barulho de final de tarde de
domingo, lá de fora, e ainda me sinto sonolenta, apesar de ter dormido tanto no
fim de semana.
Preciso de poesia para suavizar meus caminhos ainda que
tortuosos e incertos. Quero continuar semeando a tolerância, a paz, a humildade e que haja ainda um longo caminho a
percorrer. Boa tarde.
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