Há uma semana meu radar interior está em alerta: alguma
coisa não está caindo muito bem em mim e minha cabeça começa a ficar impaciente,
confusa: ora me negando ou me acenando positivamente, num inconstante pêndulo
que vai se ampliando e que muitas vezes me consome a paciência com quem está de
fora e não me entende.
Talvez eu esteja precisando de uma análise mais profunda; sinto-me
assim, sempre às vésperas ou quando está acontecendo alguma coisa e ainda não
mensurei o que seja. Preciso descobrir o que se passa comigo nesses momentos,
para tentar me aquietar diante das insurgências.
Passei esses dias com aquela interpelação; a sensação de
atrapalhação no juízo, por conta de algumas produções que eu avalio não
renderam como o esperado e quando isso acontece comigo, me angustio, me culpo, me impaciento; cobro de
mim, às vezes me policio demais, é como se uma tempestade estivesse por vir e
eu não soubesse acalmá-la.
E só isso para mim já é uma punição interior; quando as
cobranças chegam extemporâneas e sem aquele sentimento de pertencimento, de
humildade, fazendo com que eu me sinta não acolhida diante de alguma falha, é
um castigo, uma tortura.
E parece que quanto mais a gente liga o alerta vermelho, mais
constrangimentos vamos sentindo; já me bastam minhas culpas. Minha mãe era uma
mulher que não levava desaforos para casa: tinha sempre uma resposta na hora
para dar a quem lhe interpelava, fosse de qualquer maneira.
Não tenho essa fortaleza que dona Antônia carregava consigo;
puxei mais à condescendência e humildade do meu pai, sem quere ser piegas.
Alguns conceitos da vida eu aprendi muito cedo com meus pais; outros eu fui
aprendendo com as pancadas que levei da vida e elas não foram poucas e nem
miúdas.
De resto me sobrou uma herança indesejada, que me limita e
me envelhece a cada dia, sem que eu veja uma solução e tenha que ‘me conformar
com meu destino’, política que sempre rechacei. Quando a gente fica vulnerável
diante de um problema de saúde, muitas vezes perde o norte da situação.
Tenho um defeito enorme que é não saber guardar meus
segredos e às vezes acabo confessando para quem não merece ou não se interessa.
É uma estranha mania. Às vezes avalio que é para desabafar e ou encobrir alguma
falha ou me sentir mais segura diante das minhas fraquezas.
Sou crítica dos meus erros, porque sei que foram cometidas e
quando o foi. Muitas vezes a gente passa a vida errando, querendo acertar, de
forma atabalhoada e sem previsão. E como diz Paulo de Tarso de Moraes Souza, ‘na
vida a gente está toda hora pagando pelos erros que comete e se beneficiando
dos acertos por ventura realizados’.
Tenho tentado acertar de uma forma ou de outra. Escrever é
um sacerdócio, uma paixão sem limites. E
quando a gente começa a distinguir aquilo que nos conforta por meio da escrita
e da leitura, não há nada melhor que isso.
Diz um ditado que quem gosta de escrever o faz pelo prazer
de escrever, sem se preocupar com quem lerá ou se ao menos vão ler, mas pelo
menos nós dizemos o que sentimos. Mostramos ao mundo que nesse silêncio todo
ainda existem vozes gritando.
No jornalismo devemos ficar atentos a respeito disso e
pensar no leitor que está do outro lado; tentar simplificar ao máximo o que
dizemos, para não confundir aquele que religiosamente nos seguem ou nos
acompanha pelas mídias. De resto, precisamos nos analisar de vez em quando. E
quando isso acontece...
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