quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Presidente do GGAL diz que movimento sofreu um retrocesso com o Estatuto da Família


Olívia de Cássia – Repórter Primeiro Momento

A aprovação do texto principal do projeto que define família como a união entre homem e mulher, no último dia 24 de setembro, na Câmara dos Deputados, na avaliação do movimento LGBT alagoano foi um retrocesso. A comissão aprovou o relatório por 17 votos favoráveis e cinco contrários, mas quatro destaques ao texto ainda precisam ser aprovados.

Nildo Correia é presidente do Grupo Gay de Alagoas [GGAL] pelo segundo mandato e está nas mobilizações desde o ano de 1997. Ele comenta que, infelizmente, a aprovação do Estatuto da Família foi um grande retrocesso para o movimento LGBT e a luta por direitos humanos.

“Infelizmente o estatuto não vem só tirar os direitos dos LGBTs, das famílias formadas por pessoas homoafetivas, mas também o direito de lares comandados por mães e pais solteiros; até netos criados por avós”, avalia.  

Uma das grandes lutas atuais da categoria é tentar assegurar  os direitos dentro das questões dos planos municipais e estaduais de educação. 

“Infelizmente, essa bancada fundamentalista tenta implantar a ideologia religiosa, querendo, inclusive, conturbar a questão dos direitos de discutir a diversidade sexual nas escolas; o direito de combate à pedofilia”, entre outras questões.

O presidente do Grupo Gay de Alagoas também destaca que os setores conservadores batem muito na questão de que o Plano de Educação que, segundo ele, objetiva discutir sexualidade e não promiscuidade.

“É uma forma criminosa que eles usam em querer conturbar a opinião pública e criminalizar os movimentos sociais. Queremos uma política de qualidade, de combate à pedofilia; a essa sexualidade precoce dos jovens; devemos discutir, sim sexualidade, para evitar que jovens a partir de 11, 13 anos não engravidem tão cedo”, destaca.

A discussão da sexualidade entre jovens defendida pelo movimento, segundo Nildo Correia, é para evitar que as crianças nasçam de pais precoces, sem hipocrisia; discutir uma política de prevenção das DSTs\Aids; de prevenção e combate à exploração sexual dos dias de hoje.

Sobre o aumento da transmissão HIV entre pessoas heterossexuais, ele disse que antes considerada uma doença de homossexuais, atualmente, o grande número de pessoas infectadas são mulheres heterossexuais, casadas, que foram infectadas pelos companheiros e maridos que têm relacionamentos fora e acaba levando o HIV para dentro de casa.

“Essas mulheres, infelizmente, são educadas, mesmo sabendo que seus maridos são infiéis, a não exigirem o uso do preservativo e um dos itens desse Estatuto da Família é proibir o uso do preservativo; o uso da pílula do dia seguinte; proibir a vacina contra o HPV para meninas a partir de nove anos, dizendo que é uma afronta à família”.

Afronta, na avaliação do presidente do GGAL, “são os homens heterossexuais, por exemplo, levarem o HIV para suas companheiras; uma menina nos dias de hoje, aos 11 anos, engravidarem; sendo infectadas por doenças sexualmente transmissíveis. Isso, sim, eu tenho certeza, que é um afronta à família”, pontua.

Alagoas ainda é um dos estados que mais discrimina e mata homossexuais

Nildo Correia avalia que Alagoas é um dos estados que mais discrimina e mata homossexuais. “Somos o Estado que tem mais vítimas de homofobia; nos dados de 2014, Maceió aparece como a capital mais vulnerável com relação a agressões físicas e morais”, destaca.

Ele observa que, segundo estatísticas do Grupo Gay da Bahia, a população LGBT de Maceió é vulnerável 300 vezes mais, onde a pessoa pode ser assassinada ou sofrer uma agressão e  entende também que há a necessidade de uma política pública efetiva e afirmativa no Estado no combate a esses crimes homofóbicos.

RENILDO DOS SANTOS

“Eu posso dizer que o caso de maior repercussão tenha sido o de Renildo [dos Santos, vereador de Coqueiro Seco, assassinado e decapitado, esquartejado vivo, em virtude da homofobia], mas nós temos muitos casos como o do professor no interior, que foi amarrado e arrastado por uma moto, em praça pública, como um troféu e teve parte do seu corpo esfacelado”, pontua.

Outros casos de violência e truculência contra pessoas que se relacionam homoafetivamente foram citados por Nildo Correia. Ele destaca que esses exemplos precisam ser mostrados para a sociedade.
“A realidade dessas pessoas é, como se não bastasse ser uma vítima, por serem homossexuais: são humilhadas, torturadas, têm a imagem ainda sendo esfacelada para poder morrer”, reclama.

Nildo explica ainda que outra luta do movimento é contra toda forma de preconceito no país. “No momento o movimento luta muito para garantir essa política afirmativa dentro das escolas; contra a homofobia, contra o femicídio; o racismo e o preconceito contra a diversidade cultural afro nas escolas ”, reforça.

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