Olívia de Cássia - Jornalista
O poeta Jorge de Lima será o homenageado na VI Flimar, Festa
Literária de Marechal Deodoro de 11 a 15 de novembro, quando estarão no local
escritores de renome e toda nata da cultura e literatura alagoana. Nosso poeta
maior merece todas as homenagens, mas parece que os moradores da nossa União
dos Palmares ainda não dimensionaram a importância de sua história.
Não atentaram ainda para a rica história do local, que além
de Jorge de Lima, Maria Mariá e Zumbi teve e tem heróis anônimos; guerreiros e
guerreiras que sobrevivem com dificuldades no dia a dia do local, e que merecem
todo o respeito da comunidade.
Fiz uma visita ainda este ano, para fazer matéria para o
portal Primeiro Momento, à Casa do Poeta
Jorge de Lima, transformada em Memorial na gestão do então prefeito Areski
Damara de Omena de Freitas Júnior (o Kil) e reinaugurada em 5 de novembro de
2010.
O local guarda um pequeno acervo do poeta palmarino e peças
de escavações da Serra da Barriga, que pertenceram aos quilombolas e apesar da
beleza, ainda falta, na minha opinião, uma biblioteca que contemple o porte,
tanto do poeta quanto da história do lugar.
A Casa fica aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e
das 13h às 17h, em horário comercial e fecha nos fins de semana, o que continua
gerando algumas reclamações dos visitantes
que chegam à cidade para visitar o acervo.
O Memorial Jorge de Lima retrata a memória e a trajetória de
um dos poetas brasileiros mais importantes do País, parnasiano, que depois
aderiu ao modernismo. Jorge Mateus de Lima nasceu em União dos Palmares, em 23
de abril de 1893.
Foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta,
tradutor e pintor. Era filho de comerciante rico e mudou-se para Maceió em
1902, com a mãe e os irmãos. Em 1909 foi morar em Salvador onde iniciou os
estudos de Medicina.
Jorge concluiu o curso no Rio de Janeiro em 1914, mas foi
como poeta que projetou seu nome. Neste mesmo ano publicou o primeiro livro,
XIV Alexandrinos. O poeta voltou para Maceió em 1915 onde se dedicou à medicina,
além da literatura e a política.
Quando se mudou de Alagoas para o Rio, em 1930, montou um
consultório na Cinelândia, transformado também em ateliê de pintura e ponto de
encontro de intelectuais. Dizem as más línguas que saiu do Estado corrido,
porque havia se interessado por uma mulher casada, o que lhe rendeu alguns
inconvenientes.
O poeta reunia-se no Rio de Janeiro com personalidades como Murilo
Mendes, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Nesse período publicou
aproximadamente dez livros, sendo cinco de poesia.
Ele também exerceu o cargo de deputado estadual, de 1918 a
1922 e com a Revolução de 1930 foi levado a radicar-se definitivamente no Rio
de Janeiro. Em 1939 passou a dedicar-se também às artes plásticas, participando
de algumas exposições.
Segundo os especialistas na obra do poeta, em 1952, publicou
seu livro mais importante, o épico Invenção de Orfeu. Em 1953, meses antes de
morrer, gravou poemas para o Arquivo da Palavra Falada da Biblioteca do
Congresso de Washington, nos Estados Unidos.
O acervo de União dos Palmares é composto por fotos e
painéis com poemas e trechos importantes de livros de Jorge de Lima. Em um dos
painéis, está ilustrada a visão simples que o escritor tinha sobre si mesmo.
Grande parte do acervo dessa compilação da obra do poeta
teve a contribuição de Francisco Valois, poeta já falecido, pesquisador e amigo
de Jorge de Lima. O acervo do Memorial
Jorge de Lima é considerado de suma importância para o Estado e o município.
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