sábado, 17 de outubro de 2015

Integrante do Grupo Malacada, Mel Nascimento fala de sua carreira

Olívia de Cássia - Repórter\ Primeiro Momento

Em única apresentação, no próximo dia 29 de outubro, o Grupo Malacada irá interpretar clássicos de Paulinho da Viola como Pecado capital, Coração imprudente, Choro negro e Onde a dor não tem razão. “Além da homenagem ao nosso artesão marceneiro (já que o mestre de Botafogo também confecciona móveis), o show no Sesc-Poço será uma oportunidade para o público conhecer as músicas do disco Influências, primeiro CD autoral do Grupo Malacada”, observa a cantora Mel Nascimento, integrante do grupo.
Este ano, após cinco anos de andanças pela noite e pelos palcos da vida, o Grupo Malacada volta a cantar Paulinho da Viola, desta vez no Sesc-Poço, no próximo dia 29 de outubro. Fotos JUL SOUSA
 Por e-mail, com simplicidade, ela fala de sua carreira e diz que iniciou de forma bem despretensiosa. “Meu irmão mais velho e os meninos da minha rua se engajaram em um coral da igreja do meu bairro e aquilo me chamou atenção. Era um coral de jovens e eu tinha apenas 13 anos”, fala.
Depois da primeira apresentação desse coral, Mel Nascimento diz que se encantou e mesmo sabendo que não tinha idade pra participar pediu para ficar indo para os ensaios só pra ver como era.  “Mas fiquei de fora por pouco tempo, tinha facilidade em decorar as melodias e as letras. Abriram uma exceção para que eu me tornasse componente do coral”, explica.
Mel Nascimento destaca que foi se interessando cada vez mais: “Cantei em outros corais da mesma comunidade; em ministérios de música e quando eu estava com 16 anos fui visitar um coral que minha mãe participava no trabalho dela; era um coral que havia divisão de vozes e com sonoridade diferenciada, resultado: me encantei mais uma vez”, destaca.
A cantora diz que fez teste pra entrar e ficou nesse grupo por alguns meses: “Fiz testes em mais alguns corais renomados de Maceió e fui muito bem acolhida pelo professor Max Carvalho nos corais da OAB e Sefaz e Camerata Pró-Música de Alagoas onde fiquei por dez anos”, relata.
Depois de 17 anos de carreira, ela explica que leva a profissão da maneira que iniciou: como uma brincadeira de criança. “Tenho formação superior em canto pela Ufal [Universidade Federal de Alagoas] e entrei no Grupo Malacada  em 2010, quando estava buscando novos conhecimentos e tentando colocar em prática o que foi aprendido na Universidade”, comenta.
Segundo Mel Nascimento, os meninos que já estavam juntos há um tempo e buscando uma voz pra compor o grupo. “Foi a mão e a luva, montamos um repertório e em duas semanas estávamos nos apresentando. Embora nosso repertório inicial fosse baseado em pesquisas feitas coletiva e individualmente, nosso samba por muitos anos seguiu um fluxo, por muito tempo cantamos mais do mesmo, uma espécie de corepetição desenfreada e sem proposta”, avalia.
A cantora acredita que agora o grupo busca novas propostas: “Estamos em plena gravação do primeiro CD autoral, que vem para concretizar isto. Sabemos a importância dos nossos mestres, entendemos que foi essencial o processo de pesquisa, mas, temos certeza que o novo deve surgir”, enfatiza.
O CD “Influências” , trabalho autoral, ela explica que vem carregado de personalidade, com temas pensados por Salomão Miranda e Gustavo Rolo, “além dos nossos parceiros Juliana Barbosa, Chico Torres e Victor Pirralho que cederam suas músicas para o grupo, fora os arranjos incríveis de Felipe Burgos que passeia por outros ritmos sem descaracterizar a essência do samba. Acredito que este trabalho será um divisor de águas para o grupo e tem algo a acrescentar na música alagoana”.
Mel conta ainda que participou da abertura do MPB Petrobras em Maceió e foi vencedora no Festival de Música da Ufal. “Subir em um palco é sempre um momento especial e subir em um palco antecedendo o show de João Bosco é simplesmente mágico, que honra para mim, pois sabemos a importância dele para a nossa MPB”, destaca.
Segundo ela, foi a primeira vez que participou do Femufal. “E que bom que teve final feliz, interpretei a Música “No mais”, de Salomão Miranda , que inclusive estará no nosso CD. Aguardem!”, diz entusiasmada.
Sobre o projeto “Modinhas do meu Brasil” ela diz que foi um projeto contemplado pela Fundação Nacional de Arte Funarte /2012), “onde apresentei nas escolas, composições brasileiras, que nasceram entre os séculos XVI e XIX como: modinhas, lundus, maxixes e cantigas populares”.
Ela explica que em seguida  foi contemplada no projeto Mais Cultura nas Escolas (2014), financiado pelo Ministério da Cultura e Ministério da Educação, desta vez abordando a música brasileira a partir do século XIX desembocando no samba.
Sobre a segunda edição do São Paulo Exposamba ela destaca que foi uma experiência singular, ter contato com intérpretes e compositores de todo Brasil. “Mas foi muito bom também para refletir sobre algumas coisas; acredito que a música alagoana não deve nada a ninguém no cenário nacional”, avalia.
A cantora alagoana analisa ainda que devemos valorizar muito mais as músicas e os compositores da terra; “e acho que essencial que Alagoas cuide melhor dos nossos artistas pois fui, defender três músicas alagoanas no entanto não tive apoio financeiro nenhum, só consegui viajar porque meus amigos e minha família se uniram e esta viagem se tornou possível”, reclama.
Do Tributo ao Paulinho da Viola
Mel Nascimento participa pela segunda vez do Tributo a Paulinho da Viola. Segundo ela, há  muito tempo o Grupo Malacada admira e reconhece a profunda riqueza da obra do sambista.  Em 2010, no Teatro Linda Mascarenhas, o Malacada fez um marcante show em homenagem ao compositor carioca.
Este ano, após cinco anos de andanças pela noite e pelos palcos da vida, o Grupo Malacada volta a cantar Paulinho da Viola, desta vez no Sesc-Poço, no próximo dia 29 de outubro. “Paulinho da Viola é um compositor que não briga com o tempo. Sua serenidade transmite paz, esperança e tranquilidade. Não sou eu que me navego, quem me navega é o mar, reéte ela o refrão da música do compositor.


“O que é que pode fazer um coração machucado, senão cair no chorinho, bater devagarinho pra não ser notado. Foi um rio que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar... É assim que toca a vida o nosso filósofo do samba, na quietude, na humildade de quem sabe que não adianta discutir com a natureza e com o tempo. Aliás, é assim que o Grupo Malacada também trata o samba, sem pressa, na cadência, no miudinho”.

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