terça-feira, 5 de agosto de 2014

Contratos de energia de indústrias do Nordeste estão chegando ao fim

Abrace diz que renovação depende da aprovação de emendas que tramitam no Congresso 

Olívia de Cássia – Repórter

 Os antigos contratos de energia das principais indústrias de base do Nordeste acabam em julho de 2015 e as discussões em torno do abastecimento de curto prazo do setor elétrico estão dominando os debates sobre o tema. Preocupada com a questão, a Abrace - Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres,  tem feito gestões junto a lideranças alagoanas no Congresso Nacional e ao governo federal, para que as emendas que tramitam na Casa sejam votadas com a maior brevidade possível.

“Esses contratos decorrem de uma política industrial que começou há 70 anos e fazia com que a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) tivesse contratos de longo prazo com as indústrias; se não forem renovados no próximo ano, essas indústrias não conseguirão contratar energia de forma competitiva”, observa  Paulo Pedrosa, presidente da Abrace. 

Segundo ele há um risco da não renovação desses contratos, que afetaria a economia da região. “Essas indústrias representam 16 bilhões do PIB do Nordeste; são 150 mil empregos, é mais do que isso: tem todo um conjunto de cadeias produtivas e aqui em Alagoas, por exemplo, tem um ciclo de investimentos que vem acontecendo no Estado”, destaca.

Historicamente, segundo Paulo Pedrosa, em vários governos, foi se consolidando um polo químico em Alagoas.  “Há pouco tempo se avançou com o PVC; Alagoas se tornou o maior produtor de PVC da América Latina e hoje temos 60 indústrias em torno da antiga Salgema, atual Braskem; indústrias que produzem tubos e os principais fabricantes do país estão aqui. Esse conjunto de empresas representa um percentual importante do PIB alagoano, algo como  15% e isso está sobre ameaça”, reforça. 

A Abrace representa metade do consumo industrial de energia e metade do consumo brasileiro de gás, segundo Paulo Pedrosa, empresas como Gerdau, Braskem, Voltorantin, Usiminas, SCN, Alcooa, Rio Tinto, entre outras, que produzem alumínio, aço, produtos químicos, minérios.

Paulo Pedrosa observa ainda que sua presença no Estado é para repercutir a questão com a sociedade alagoana, que tem potencial com o sal, combinado com a energia competitiva. “Esse sal combinado com a energia competitiva é um diferencial para Alagoas e o Estado tem procurado construir uma linha de desenvolvimento, mas isso está, de alguma forma, ameaçado”, destaca.

Segundo o presidente da Abrace, existe uma perspectiva de renovação: “A proposta é muito boa para a cadeia produtiva, para as indústrias, para a Chesf, porque a opção de renovação é uma opção muito melhor para a empresa do que a outra que está colocada, que é pegar a energia por um preço bem menor e exportar boa parte dela para outras regiões do país”, destaca. 

A questão, segundo ele, é transformar essa iniciativa em lei e para isso precisa o Congresso votar e passar pelo processo do Executivo. “Essas emendas a Medidas Provisórias foram feitas pelo governo, preservam a Chesf, e é em torno delas que está havendo uma negociação”,  finaliza. 

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