quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Me desculpem alguns amigos

Olívia de Cássia – jornalista

Me desculpem alguns amigos, mas falar de fidelidade partidária quando se está  do lado do que há de pior na política é uma grande contradição. Eu posso até estar equivocada nas minhas escolhas, mas jamais as faço por interesse financeiro ou por conveniência política.

Hoje em dia eu não voto mais em partidos, eu voto em pessoas e em projetos. Lá se foi o tempo em que eu vestia camisas partidárias e que me sacrificava de alguma forma para defende-los. Passei, ao longo desse tempo, por um processo de ‘salgamento’ e diante de tanta coisa irregular eu já não acredito nas pessoas que antes defendiam ideologias a ferro e fogo.

Continuo com meus princípios, respeito muito as opiniões contrárias à minha, mas quero que respeitem os meus argumentos, mesmo que eles não sejam do agrado de quem pensa ao contrário de mim. Tem pessoas que são contra as políticas sociais do governo Dilma, porque melhoraram a vida de quem vivia em situação de miséria absoluta; hoje em dia a gente já não vê mendigos na rua, como antigamente.

É evidente que muita coisa ainda precisa ser feita, mas são poucos os pedintes por conta da melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Lembro bem da romaria que se formava na porta da mercearia do meu pai, que fazia caridade na Rua da Ponte.

Toda sexta-feira os pedintes formavam fila para que meu pai distribuísse alguns itens da cesta básica: café, açúcar, sabão, charque, bacalhau que naquela época era comida de pobre, sardinha e outros itens. Hoje a gente já não vê hordas de pedintes nas ruas, a não ser os menores viciados em drogas.

Já declarei nas redes sociais o meu voto para a Presidência da República: voto na presidente Dilma Rousseff, por entender que o seu programa de governo é o que mais trouxe benefícios para as populações menos favorecidas. E fico estarrecida quando vejo no Facebook postagens destratando a presidente.  Isso se chama falta de respeito com a chefe da Nação.

As pessoas estão confundindo liberdade de expressão com anarquia, no pior sentido da palavra. Devemos criticar sim, se acharmos que há deficiência em algum item de seu programa, mas não devemos jamais levar as situações para o lado pessoal. Depois da morte do ex-governador Eduardo Campos as agressões aumentaram, as insinuações rasteiras e sem comprovação se alastraram.

Pessoas que sempre defenderam arrumadinho na política e que nunca votaram em propostas de esquerda, agora se dizendo eleitores de carteirinha da ex-senadora Marina Silva, numa situação oportunista só porque têm raiva da presidente Dilma e de seu partido, como se tivessem feito algo de pessoal contra eles.

As pessoas precisam entender, e isso eu já disse aqui, que não se trata de uma disputa pessoal, mas de projetos e ideias e que a briga é por espaços de poder na sociedade e quando tudo acabar, os adversários dão as mãos, como em toda sociedade civilizada; muitos ocuparão cargos na administração do outro.

É preciso que isso seja esclarecido, que as pessoas procurem ler e  tomar conhecimento de que nada é de graça em sociedade e muito menos em política. Não existem santos nessa seara e cada um defende o seu lado com unhas e dentes, mas é preciso respeito pelo outro. E tenho dito.  

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