Projeto de estudante de Direito beneficia pessoas que passam
por tratamento quimioterápico
Olívia de Cássia - Repórter
Um projeto de responsabilidade social beneficia pessoas que
estão passando por tratamento quimioterápico e estão tendo a oportunidade de
melhorar a autoestima de alagoanos e de pessoas de outros estados. É o projeto
de doação de cabelos para perucas que em Maceió é de autoria da estudante de
Direito Marcella Lessa Santos, 25, e foi encampado pela Apala (Associação dos
Pais dos Leucêmicos de Alagoas).
Atualmente o projeto tem um salão de beleza conveniado (localizado em frente ao antigo
Shopping Iguatemi) que corta os cabelos de graça sem receber nenhum benefício,
tudo como forma de doação. Segundo
Marcella Lessa, o projeto não tem data de validade e todas as doações podem ser
entregues em sua residência, no bairro da Jatiúca.
O projeto, segundo ela,
nasceu no dia 12 de março deste ano, quando sem nenhum motivo especial
ela decidiu que cortaria o cabelo para dar início à campanha em Maceió. “No dia
seguinte, cortei meu cabelo e publiquei a foto explicando o motivo do corte no
meu perfil de uma rede social. O resultado de várias curtidas e comentários,
foi a emoção de ver as pessoas querendo participar também. Na mesma semana já
recebi doações e a campanha só foi aumentando”, explica.
O projeto de doação de cabelos tem atualmente um perfil
oficial para a campanha, que é o @projetodoesuasmadeixas no instagram, onde a
criadora da ideia faz publicações diárias sobre a proposta, incluindo fotos de
doadores, avisos, pedidos de doação de sangue para pacientes em estado grave ou
com o quadro da doença necessitando do transplante e comunicados em forma de
documentos emitidos pelas próprias instituições que são beneficiadas.
Segundo Marcella Lessa, praticamente todos os interiores do
Estado fazem doações, além de outros
estados da federação que não têm esse
tipo de projeto. Ela explica que todas as doações serão entregues no final de
ano para o Projeto Fios do Bem, na cidade que Natal/RN, que tem parceria com o
hospital do câncer da cidade e possui uma oficina própria para a confecção de
perucas”, informa.
Marcella Lessa pontua ainda que o projeto cresceu tanto que
outros estados buscaram informações de
como proceder, do que fazer, de alternativas para crescer, como é o caso do
projeto de Salvador. A estudante acrescenta não sabe mensurar quantos doadores
atualmente tem o projeto.
“Hoje não consigo passar um número exato de doadores, pois
alguns entregaram direto na Apala e os que chegaram em minhas mãos foram entregues e outras centenas serão
entregues em outras instituições. Vale salientar que não temos nenhum vínculo
com órgão governamental e principalmente político. Todos os eventos realizados
pelo projeto são feitos de verba própria e de doações, como o mutirão que
realizamos em um povoado da cidade de Marechal Deodoro”, ressalta.
INÍCIO
Marcella Lessa observa que, de início, o objetivo da
campanha para doação de cabelos era ajudar a Apala, onde entregou
várias mechas de cabelos que seriam usadas para a confecção de perucas
para as crianças e adultos assistidos pela instituição.
“Tivemos o apoio da psicóloga Sandra (Agrele), responsável
pela triagem que é feita na Apala para saber quem realmente quer usar a peruca,
pois não basta fazer a peruca e entregar ao assistido, alguns deles não
necessitam apenas da peruca; muitos casos só pedem um lenço para usar na
cabecinha careca que já faz parte da vida e é aceita com muito amor. A
aceitação da população é grande: graças a Deus, que pessoas de outros estados
que não têm projeto desse tipo, mandam sua doações para Maceió”, destaca.
Marcella Lessa argumenta que se sente na obrigação de deixar
tudo muito transparente para qualquer pessoa ter acesso, mesmo não sendo
doador. “Muitas pessoas me perguntam se
o motivo para criar o projeto foi de ter algum portador do câncer ou da
leucemia na minha família. Negativo. Há quase dez anos perdi minha avó materna
portadora de leucemia e por alguns anos não conseguia entender o motivo de ela
ter morrido tão rápido sem nenhum tratamento que conseguisse curá-la ou que ao
menos proporcionasse mais alguns anos de vida. Mas hoje, o meu objetivo de
criar essa campanha, foi realmente ajudar ao próximo”, pontua.
A autora desse projeto solidário beneficente diz que
participa de outras campanhas : “Desde mais nova fazia minha festa de
aniversário (12 de outubro) e pedia os
presentes (brinquedos) para fazer doação para crianças nas ruas. Há uns seis
anos organizo campanhas de arrecadação de alimentos, roupas, sapatos e
brinquedos usados ou novos para doações em datas comemorativas, mas todos os donativos podem ser entregues
qualquer época do ano, pois quando não tenho campanha prevista, repasso as doações para outras campanhas que são
realizadas na cidade”, ressalta.
Raíssa Novaes cortou as longas madeixas e disse que não se
arrependeu do que fez. “Eu soube que a Apala estava fazendo uma campanha e que
alguns cabeleireiros estavam cortando para doação. A campanha acabou em junho e
eu fui cortar em julho, aí eu mesma levei o cabelo na instituição e conheci o
projeto de perto. Foi tranquilo e outras amigas minhas ficaram interessadas”,
observou.
Raíssa Novaes disse ainda que gostou de ter participado da
campanha. “Achei interessante porque fiz uma pessoa que está passando por uma
situação difícil um pouco feliz; estou adorando o cabelo curto e muita gente
elogiou o corte”, disse a jovem.
Os cabelos cortados com esse fim viram perucas que são
destinadas a adultas e crianças que lutam contra a doença e estão com a
autoestima baixa, por conta da queda dos fios. Em todo o País a ideia está se
proliferando e salões de beleza se engajaram na causa, incentivando a
iniciativa. Para que a mecha possa ser
doada, é preciso que tenha o comprimento mínimo de 10 cm e que a cabeleireira
seja comunicada antes de passar a tesoura, para que possa fazer o corte
correto, prendendo a parte que será retirada com uma liga (elástico).
As redes sociais têm sido aliadas nesse tipo de ação. É por
meio da internet que pessoas do mundo todo divulgam doações e acabam
estimulando outras a fazerem o mesmo. Há, inclusive, crianças mobilizadas em
ajudar a causa.
A reportagem ligou para a Apala para falar com a psicóloga
Sandra Agrele, mas ela está viajando de
férias.
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