Olívia de Cássia – jornalista
Não adianta a gente procurar solução para nossos problemas
em situações complicadas, em outras pessoas mais complicadas ainda, porque de
complicada às vezes, bastam as implicações que surgem no nosso cotidiano, fruto
muitas vezes da nossa própria incapacidade de interagir ou de outras
circunstâncias mais complicadas. Mas melhor reparo, a melhor iniciativa é a
simplificação: isso eu aprendi não faz muito tempo.
Tem gente que se orgulha, empina o peito e faz questão de
querer mandar em todo mundo, em querer se impor, ser o dono da verdade e ser
melhor que os outros: às vezes agindo até com arrogância em suas falas; só
valoriza quem tem poder e dinheiro ou quem pode lhes dar um retorno, de
preferência financeiro.
Procuro me afastar dessa gente, sempre que posso, não por
querer ser melhor, mas avalio que esse tipo de comportamento me faz mal,
interfere na minha felicidade e no meu metabolismo. Segundo a terapeuta floral Carolina Arêas,
essas pessoas são de difícil trato.
“Conhecidos como pavio curto, não pensam duas vezes antes de
explodir diante de qualquer contrariedade. Pior ainda se a sua opinião for
diferente da deles. Pessoas que se consideram donas da verdade não poupam
argumentos, palavras e o que mais for preciso para provarem que seu ponto de
vista é sempre o certo”, observa.
O escritor gaúcho Erico Verissimo escreveu muito sobre isso
em suas obras, em seus romances de crítica social e observação da sociedade
rio-grandense, fazendo uma análise geral do homem e suas variações de caráter,
tanto da zona rural quanto urbana. Outros autores da minha preferência também
abordaram esses temas.
Eu penso que ler ainda é a solução para a burrice, mas a
intolerância e a falta de caráter, infelizmente, não se esvaem com a leitura e
o aprendizado dos livros, embora eu acredite que ler é sempre um estimulante
essencial em nossas vidas.
E como disse alguém outro dia: “A leitura habitual e incessante provoca
experiências místicas e rompe muros da mediocridade e da ignorância, inspirando
o espírito a avançar em direção da luz, da sabedoria e do aprendizado
ilimitado”.
Em ‘A intolerância dos Saberes diferentes’, Valdecy Carneiro
escreve que é comum algumas pessoas, ao atingirem ou alcançarem um conhecimento
ou reconhecimento, se colocarem na posição de julgadores dos seus semelhantes.
E ele argumenta: “Assusta-me a intransigência dos donos da
Verdade. Por que os saberes não podem ser complementares, em vez de
antagônicos? Por que é tão difícil compreender que a hipótese de um não exclui
ou invalida, necessariamente, a hipótese do outro?”.
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