Olívia de Cássia – jornalista
O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros,
promulgou no último dia 16 de janeiro a Resolução 1/14, que altera o Regimento
Comum para criar a Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a
Mulher.
A criação da Comissão surge como um alento para o movimento
de mulheres que assiste a cada dia os crimes contra as mulheres se
multiplicarem, mesmo com a criação da Lei Maria da Penha, em 2006.
Esses crimes são geralmente praticados por parceiros ou ex-parceiros, inconformados com o fim do relacionamento ou por um sentimento de posse.
Esses crimes são geralmente praticados por parceiros ou ex-parceiros, inconformados com o fim do relacionamento ou por um sentimento de posse.
A comissão foi solicitada pelos parlamentares da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência Contra a Mulher, que
encerraram seus trabalhos em 2013 com a apresentação de 13 projetos de lei, um
projeto de resolução e mais de 70 recomendações a diferentes órgãos, segundo
informação da Agência Câmara.
Será de competência da nova comissão: diagnosticar as lacunas
existentes nas ações e serviços da Seguridade Social e na prestação de
segurança pública e jurídica às mulheres vítimas de violência; apresentar
propostas para consolidar a Política Nacional de Enfrentamento à Violência
contra as Mulheres; realizar audiências públicas; solicitar depoimento de
autoridades públicas e cidadãos; e promover intercâmbio internacional para o
aperfeiçoamento Legislativo.
A comissão funcionará até 2026 e será composta de 37
titulares, sendo 27 deputados federais e dez senadores, com mandatos de dois
anos. Segundo os parlamentares, ela vai auxiliar na votação das propostas que
tratam do enfrentamento à violência contra a mulher, porque vai ajudar a criar
mecanismos que ajudem a proteger as vítimas.
A violência contra as mulheres constitui, atualmente, uma
das principais preocupações do Estado brasileiro, pois o Brasil ocupa o sétimo
lugar no ranking mundial dos países com mais crimes praticados contra as
mulheres.
Segundo especialistas, a Comissão Permanente criada no
Congresso Nacional vem reforçar a luta para a criação de delegacias e juizados
específicos para o gênero feminino e vai aprofundar os estudos sobre os números
e diferentes tipos de homicídios contra o extrato feminino.
Segundo um balanço da Secretaria Nacional de Políticas para
Mulheres, de 2006 até 2012, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
alcançou mais de três milhões de denúncias. Em 2012, foram 732.468 registros –
1.577% em relação aos 46.423, em 2006. Os relatos de violência cresceram 700%:
88.685, em 2012, e 12.664, em 2006.
Dos 732.468 atendimentos, 88.685 foram de relatos de
violência. Uma média de 242 por dia, dez por hora. Considerando que a cada 15
segundos uma mulher é agredida no país e 243 a cada hora, em apenas 4% dos
casos as vítimas ou pessoas que convivem com elas procuraram o Ligue 180.
Segundo a coordenação da Marcha Mundial das Mulheres, medidas
devem ser adotadas pelos governos com relação a políticas públicas em apoio à
mulher. "É importante que os órgãos públicos usem estas recomendações como
diretrizes para mudar a atual situação de violência vivida por algumas
mulheres".
A coordenação da Marcha observou ainda que faltam delegacias
da mulher, o que desestimula a vítima a denunciar seu agressor e, no papel, a
Lei Maria da Penha funciona, mas segundo o relatório, apenas a lei não é
suficiente para coibir a prática violenta.
"A Lei Maria da Penha desnaturaliza a violência e encoraja a mulher, mas a CPMI mostrou que a lei é pouco incrementada e falta incentivo do governo", conclui o estudo.
"A Lei Maria da Penha desnaturaliza a violência e encoraja a mulher, mas a CPMI mostrou que a lei é pouco incrementada e falta incentivo do governo", conclui o estudo.
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