domingo, 7 de julho de 2013

Fim de convênio com Santander preocupa direção da Organização Mirim

Foto de João Paulo Farias
Olívia de Cássia – Repórter

O fim de um convênio com o Banco Santander, no próximo mês de dezembro, está preocupando a direção da Organização Mirim, de União dos Palmares, entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que acolhe e cuida de 110 crianças e adolescentes, com idades de oito a 16 anos, em situação de risco da região.

Segundo a diretora-presidente Rosiete Vieira Acioli, para firmar o convênio com o banco foi feito um diagnóstico na cidade e constatado um grande número de crianças que sofrem maus-tratos no município “e o banco aprovou o projeto, por um ano, foi renovado, mas infelizmente está acabando e não poderá mais ser renovado”, observa.

As crianças são encaminhadas para a Organização Mirim, localizada na Rua Coronel Bezerra Montenegro, por intermédio do Conselho Tutelar e também é feito um trabalho de acompanhamento das  famílias, porque, segundo Rosiete Acioli,  “não adianta nada você fazer um trabalho com as crianças e quando elas chegam em casa, os maus tratos continuam”.

Foto: Olívia de Cássia
Os menores passam o dia todo na Organização Mirim, que tem sala de jogos, esporte, aulas de capoeira, atividades laborais aulas e passam por oficinas diversas de capacitação: à noite vão para casa. Os meninos são apaixonados por futebol.

“A gente só deixa sair daqui quando eles estão encaminhados. Tem muitos meninos que saíram da Mirim e estão trabalhando, ajudando a família;  eles se comunicam com a gente e contam o que estão fazendo”, ressalta.

 Segundo Risiete Acioli, que está à frente da Mirim há quase trinta anos, pelo estatuto da entidade só era permitido o acolhimento de meninos, mas agora há uma flexibilidade, já que os meninos não podem mais dormir no local, por conta de restrições do Estatuto do Menor.

Foto: Olívia de Cássia
A presidente lamenta o fim do convênio com o Santander e diz que só se faz um bom trabalho numa entidade com uma equipe técnica boa.  “Nós temos psicólogo, assistente social, um sociólogo que é coordenador do projeto, monitores, professores: de informática e de esporte”, destaca.

Ela observa que a Mirim tem oficinas de corte e costura, fabriqueta de uniformes, curso de informática, serigrafia, marcenaria (que atende meninos a partir de 14 anos) e uma sorveteria, que serve de aprendizado para que as crianças aprendam a fazer sorvete (picolés) que são vendidos no município, além de um coral e um amplo espaço que é cedido para a realização de atividades culturais como a capoeira.

Rosiete afirma que no aniversário de 43 anos da entidade, recentemente, resolveu fazer um desfile e colocar as crianças na rua, uma prestação der contas, para mostrar à população os serviços que a Mirim oferece às crianças da comunidade.

Foto: Olívia de Cássia
 “Ainda há muito preconceito, muita gente não conhece o trabalho da Organização Mirim; a gente convida, mas as pessoas não vêm, aí resolvemos levar para a rua e o resultado foi positivo”, destaca.
A entidade ainda mantém um dormitório amplo e asseado, porque três meninos dormem no local e não têm para onde ir; um deles é portador de necessidade especial causada pela surdez e tem um quanto separado dos outros menores.  

A Organização Mirim tem uma diretoria eleita, cuja renovação foi feita neste sábado, 6, por meio de eleição. A diretoria é eleita pelos apoiadores da comunidade, que são os sócios  contribuintes.
Rosiete conta que não é fácil fazer um trabalho filantrópico porque não é valorizado, mas tenta fazer o melhor. “Ninguém quer assumir, quando tem verba X todo mundo quer, mas assim, sem dinheiro, é difícil”, explica.

Ela conta que a prefeitura contribui com uma verba que paga dois monitores e mais mil e pouco para ajudar na alimentação, que na entidade custa cinco mil reais. “A gente também tem um pai que é de  Maceió, mas que não quer divulgação e ele garante a alimentação”,  reforça.

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