Foto de João Paulo Farias
Olívia de Cássia – Repórter
O fim de um convênio com o Banco Santander, no próximo mês
de dezembro, está preocupando a direção da Organização Mirim, de União dos
Palmares, entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que acolhe e cuida de 110
crianças e adolescentes, com idades de oito a 16 anos, em situação de risco da
região.
Segundo a diretora-presidente Rosiete Vieira Acioli, para
firmar o convênio com o banco foi feito um diagnóstico na cidade e constatado
um grande número de crianças que sofrem maus-tratos no município “e o banco
aprovou o projeto, por um ano, foi renovado, mas infelizmente está acabando e
não poderá mais ser renovado”, observa.
As crianças são encaminhadas para a Organização Mirim, localizada
na Rua Coronel Bezerra Montenegro, por intermédio do Conselho Tutelar e também
é feito um trabalho de acompanhamento das
famílias, porque, segundo Rosiete Acioli, “não adianta nada você fazer um trabalho com
as crianças e quando elas chegam em casa, os maus tratos continuam”.
Foto: Olívia de Cássia
Os menores passam o
dia todo na Organização Mirim, que tem sala de jogos, esporte, aulas de
capoeira, atividades laborais aulas e passam por oficinas diversas de
capacitação: à noite vão para casa. Os meninos são apaixonados por futebol.
“A gente só deixa sair daqui quando eles estão encaminhados.
Tem muitos meninos que saíram da Mirim e estão trabalhando, ajudando a família;
eles se comunicam com a gente e contam o
que estão fazendo”, ressalta.
Segundo Risiete
Acioli, que está à frente da Mirim há quase trinta anos, pelo estatuto da
entidade só era permitido o acolhimento de meninos, mas agora há uma
flexibilidade, já que os meninos não podem mais dormir no local, por conta de
restrições do Estatuto do Menor.
Foto: Olívia de Cássia
A presidente lamenta o fim do convênio com o Santander e diz
que só se faz um bom trabalho numa entidade com uma equipe técnica boa. “Nós temos psicólogo, assistente social, um
sociólogo que é coordenador do projeto, monitores, professores: de informática
e de esporte”, destaca.
Ela observa que a Mirim tem oficinas de corte e costura,
fabriqueta de uniformes, curso de informática, serigrafia, marcenaria (que
atende meninos a partir de 14 anos) e uma sorveteria, que serve de aprendizado para
que as crianças aprendam a fazer sorvete (picolés) que são vendidos no município,
além de um coral e um amplo espaço que é cedido para a realização de atividades
culturais como a capoeira.
Rosiete afirma que no aniversário de 43 anos da entidade,
recentemente, resolveu fazer um desfile e colocar as crianças na rua, uma
prestação der contas, para mostrar à população os serviços que a Mirim oferece
às crianças da comunidade.
Foto: Olívia de Cássia
“Ainda há muito
preconceito, muita gente não conhece o trabalho da Organização Mirim; a gente
convida, mas as pessoas não vêm, aí resolvemos levar para a rua e o resultado
foi positivo”, destaca.
A entidade ainda mantém um dormitório amplo e asseado,
porque três meninos dormem no local e não têm para onde ir; um deles é portador
de necessidade especial causada pela surdez e tem um quanto separado dos outros
menores.
A Organização Mirim tem uma diretoria eleita, cuja renovação
foi feita neste sábado, 6, por meio de eleição. A diretoria é eleita pelos apoiadores
da comunidade, que são os sócios
contribuintes.
Rosiete conta que não é fácil fazer um trabalho filantrópico
porque não é valorizado, mas tenta fazer o melhor. “Ninguém quer assumir,
quando tem verba X todo mundo quer, mas assim, sem dinheiro, é difícil”,
explica.
Ela conta que a prefeitura contribui com uma verba que paga
dois monitores e mais mil e pouco para ajudar na alimentação, que na entidade
custa cinco mil reais. “A gente também tem um pai que é de Maceió, mas que não quer divulgação e ele
garante a alimentação”, reforça.
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