segunda-feira, 22 de julho de 2013

Aprendizado

Olívia de Cássia – jornalista

Uma caneca quente de chá de laranja, hortelã e menta pode me aliviar a dificuldade de respirar nesse fim de noite: são problemas de quem sofre de alergia e tem que passar por isso quase sempre. Um pensamento me interrompe o raciocínio da tentativa de dormir, já que agora há pouco eu dava cochilos no sofá da sala, com a televisão ligada para o nada.

Me deu frio e tento me livrar da sensação ruim que é a gente não respirar direito e do pensamento de não acolhimento de uma ideia que passei o dia com ela na cabeça, embora que isso não me pertença, não faça parte do meu mundo e nem seja da minha conta: isso não é da minha seara, digo aos meus botões.

Cheguei cedo do jornal, mas não me atrevi a ligar o notebook. Estava com uma sensação de cansaço tão grande que nem a continuação da minha leitura eu dei conta agora à noite. Como se algo estivesse pesando em meus ombros.

Várias tentativas frustradas de marcação de entrevistas para minha matéria especial de domingo me deixaram um pouco apreensiva: não tem problema, amanhã eu consigo, mas não era isso que me agoniava o dia todo.

A gente pensa que conhece as pessoas e passa o tempo todo com a convicção de que algumas que nos são próximas ou que avaliamos são do nosso convívio, têm o caráter leve, despojado. Passamos a acreditar no caráter do bem que essas pessoas possam ter e nos frustramos quando percebemos o contrário.

Achamos que esses possíveis amigos pensam um pouco de acordo com nossa linha de pensamentos,  que têm verdades baseadas no bom caráter, nos princípios que fomos criados; isso se dá apenas porque na nossa rotina elas aparentam concordar um pouco com  nossa avaliação e com nossa maneira de ver o mundo.

Com o passar do tempo vamos percebemos que não é assim que a banda toca e que é de bom tom  ficar alerta, ser um pouco cautelosa com aquilo.

 Vamos percebendo algum desvio de caráter ou de comportamento, falo de desvio como uma forma diferente de pensar a vida, contrário aos ideais e aos dogmas e conceitos que fomos aprendendo durante a nossa vida e a nossa formação. E nos decepcionamos quando descobrimos isso.

Mas não estou aqui para julgar ninguém e determinadas constatações e percepções são até salutares para o nosso amadurecimento, para que a gente perceba o nosso grau de ingenuidade e crença nos outros. Isso também não significa que aquela pessoa seja do mal.

Pode ser apenas uma forma diferente de ver a vida, não tão meiga e nem tão dócil como a gente vai aprendendo.  O chá já fez efeito e agora deu calor e consigo respirar melhor. Boa madrugada!

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