quinta-feira, 17 de março de 2011

Difícil lidar com as perdas ...

Olívia de Cássia – jornalista

É difícil lidar com as perdas que a gente tem na vida. Durante todo esse tempo, nos meus 51 anos de vida, elas têm me machucado bastante e têm sido uma constante no decorrer desses longos anos de minha existência atrapalhada. São amores e amigos que se foram, aos montes.

São perdas não só materiais; são muito mais sentimentais e valorativas. Sempre as tive mais do que ganhos, como quase todos os trabalhadores, sei que isso faz parte do crescimento interior e até já me acostumei com esse detalhe: ninguém se fortalece sem que não tenha alguma perda na vida, no entanto, ultimamente, eu as tenho com mais intensidade.

Perdi muitos amigos que já não estão mais nesse plano: amigos da adolescência e da juventude, amores que não consegui segurar e muitos animais de estimação que são para mim os filhos que não tive.

Só para citar os mais recentes, em 2010 perdi três gatos de estimação. Dia 15 de março, dez dias depois de ter perdido a minha gata Sophia Loren, em pleno Carnaval, que também foi envenenada, assim como os três que perdi em 2010, perdi a Lolita, que foi um lindo presente, ainda quando era um bebê, da minha amiga Ana Rita Moura . Presente que eu gostava muito.

Lolita não resistiu à infecção na cirurgia, para a retirada do útero e dos ovários e morreu. Eu já tinha percebido que ela não estava bem por esses dias. Quando eu saí de casa para ir à sessão na Assembleia Legislativa, na terça-feira, ela estava com os olhinhos perdidos, deitada pelos cantos da casa, sem querer comer.

Quando cheguei à noite, ela estava morta, o corpo rígido, parecia um animal empalhado, prova de que morreu logo depois que eu saí de casa. Minha primeira providência foi envolvê-la num saco plástico e entregar ao vigia da rua para providenciar o que fosse necessário. Depois entrei e chorei.

Dos oito gatos que eu tinha até o começo do ano passado, só me resta a Janis Joplin e daqui a alguns dias terei de volta os cinco filhotes órfãos da Sophia Loren que estão mamando na mãe adotiva e vão ser desmamados. Terei que arrumar donos pra eles.

Minha ligação com os animais de estimação é muito forte, muita gente não entende isso. Meus gatos e cães são filhotes que não tive. Minha prima Rita, meio que para me consolar, me disse que foi melhor que tenha sido com os gatos do que comigo.

Os japoneses têm a crença de que os gatos são amuletos que os protegem do mal e passei a acreditar nisso também. Depois que fui criando meus bichinhos, gatos e cachorros, fui me apegando cada dia mais a eles e passei a acreditar na teoria de que eles são anjos que nos protegem.

Tenho tido iltimamente momentos difíceis, sei que fazem parte do processo; não quero dar uma de vítima,não é isso. Faço parte de um grupo de pessoas que outros chamam de tolas e infantis, por gostar e respeitar a natureza e os animais. Converso com eles quando estou me sentindo sozinha e eles de alguma forma me entendem e me consolam.

Quando a gente mora só, assim como eu, essa relação se torna mais forte. A gente vai ficando mais velha e vai ficando mais mole, sensível ou, se apegando mais a eles. Se tornam como nossos filhos e isso de uma forma ou de outra vai mudando ou influenciando nossa maneira de ser.

Um comentário:

Daslan Melo Lima disse...

Olívia, fiquei muito sensibilizado com sua crônica. Sei muito bem o que é isso. Houve um tempo que cheguei a ter 13 gatos.Todos com nomes de celebridades: Sônia Braga,Vera Fischer, Pelé...
Sofri a cada perda, quase todos se foram devido a ingestão de venenos. Passei muitos anos sem criar gato algum, até que no ano passado adotei a "Madona" que morreu envenenada. Desisti de cirar gatos. Tenho agora apenas um animal de estimação, um cão, o boxer Rock and´Roll, de 8 meses de idade.
Olívia, compreendo sua dor, seu drama... Mas a vida continua e outros bichinhos de estimação virão.

Um abraço e uma semana abençoada.

Daslan Melo Lima
Timbaúba-PE

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