quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mães que deixaram saudade


Olívia de Cássia – jornalista

De repente, paro a leitura de Teoria do Jornalismo, do professor e jornalista Felipe Pena, para pensar nas minhas duas mães que tive a sorte de ter em minha vida. A minha mãe biológica e a minha mãe americana, Rosa Amada Gil, uma grande amiga que conheci já numa idade madura e a quem aprendi a respeitar e querer muito bem.
Minha mãe biológica me conhecia a fundo, por inteira, sabia de todas as minhas fraquezas e limitações: práticas e emotivas. Procurou me abrir os olhos várias vezes, conhecia-me mais do que eu mesma, tinha uma percepção aguçada sobre tudo e condenava a minha fraqueza e fragilidade diante das coisas da vida, diante do amor.
Dona Antônia fez de tudo e lutou muito, do seu jeito, para que eu nunca me apaixonasse, para que me tornasse uma mulher independente, forte, brava, capaz de enfrentar todas as tempestades, que surgissem em minha vida.
Era uma mulher forte, determinada e não tinha medo da vida, não tinha medo de nada. Minha mãe enfrentava a vida de frente, procurava romper todos os obstáculos que aparecessem em sua frente e tomava as rédeas dos nossos destinos como uma leoa diante de uma presa que quisesse abocanhar seus filhotes.
Era uma mulher de fibra, guerreira e tinha lá o seu jeito rude e realista de ver a vida e de me abrir os olhos diante da sua percepção da realidade e de tudo aquilo que ela previa terminava acontecendo comigo. É impressionante isso.
Minha mãe procurou me mostrar o erro que eu estava cometendo em minha vida pessoal, mas eu achava que fosse exagero dela, que tivesse raiva de mim e fui desobedecendo todas as suas determinações ao longo da minha vida e me ferrei com isso. Como fui tola diante de tantas questões. Agora eu vejo isso com muita clareza, mas talvez um pouco tardiamente.
Rosa Amada Gil, minha mãe americana, eu conheci já na maturidade, depois de casada e tornou-se minha grande amiga, minha confidente, companhia dos passeios culturais em Maceió, idas ao cinema, visita a museus, companhia das nossas farras e com quem eu desabafava minhas angústias, incertezas e fraquezas.
Mesmo depois que ela voltou para os Estados Unidos, sua terra natal, nós continuamos a nos comunicar, até que partiu para outro plano e deixou um vazio enorme em meu coração. Sinto muito a sua falta.
Hoje, de repente, me deu uma saudade danada dessas duas mulheres que fizeram parte da minha vida. Duas mães que tanto me ensinaram e procuraram me mostrar a realidade da minha vida que eu tanto procurava fugir para não sofrer ainda mais.
Passados todos esses anos da ausência delas, que tanto bem me quiseram, nesse instante de saudade, carência afetiva e de tantas incertezas na vida, eu queria reverenciar essa saudade e falar da falta que ambas me fazem. (12-10-2010)

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...