terça-feira, 26 de outubro de 2010

Das agressões nas campanhas eleitorais


Olívia de Cássia - jornalista

A campanha eleitoral nesse segundo turno felizmente já está terminando e fugiu do controle do TRE . Chega às raias da baixaria, tanto nos programas eleitorais quanto nos comentários postados na internet, embaixo das matérias. Tem muita gente que gosta disso, da raia miúda, da picuinha, do disse-me-disse, das mentiras e xingamentos pessoais.
Política não é isso, “é um conjunto de regras relativas ao exercício de administração pública; arte ou habilidade de governar bem; conjunto de objetivos que orientam a administração de um governo (plataforma); conjunto de objetivos que orientam a execução das leis”, é a arte de defender o bem comum e assim deveria ser. Na prática não funciona assim, é uma briga pelo poder e nada mais.
A Constituição brasileira nos garante o direito de ir e vir, de sermos independentes e escolher aquele candidato que achamos mais identificação, seja ele ideal ou não. Dei uma percorrida nos blogs e sites e li os comentários dos internautas sobre esse processo eleitoral atual e alguns são permeados de palavrões, de comentários indevidos e de opiniões pessoais bem abaixo da qualidade desejada. Em nada contribui isso com o processo democrático e com a construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.
Cada um de nós, sejamos ocupantes de cargos importantes ou não, tem o direito de expressar e de emitir opiniões, mas devermos observar as boas regras do comportamento e da civilização. Li no blog A Palavra, do jornalista Ivan Nunes, uma matéria sobre a opção de Beto Baia, assim como Ivan meu amigo de infância, de votar no governador Téo Vilela para o governo do Estado.
Beto tem o direito de apoiar quem ele quiser, é um cidadão livre, paga impostos e mesmo que eu discorde de sua visão política ele tem esse direito. Votei em Beto para prefeito, ele é meu amigo desde a Rua da Ponte, quando nossos pais eram comerciantes lá. Não entendi o seu apoio ao ex-presidente Fernando Collor no primeiro turno, mas ele tem o direito de apoiar quem ele acha que é mais indicado para ele, mesmo que a gente discorde disso.
Dizem que a opção por apoiar Collor no primeiro turno foi pela promessa do ex-presidente de que não deixaria fechar o HGU, promessa que eu não acredito que cumprisse, mas foi uma opção dele. Vi vários comentários com palavras de baixo calão e frases que exprimem pobreza de espírito e falta de educação. As pessoas precisam entender que democracia se faz com o contraditório.
Toda essa baixaria não contribui em nada com o crescimento de ninguém e só empobrece a democracia. Essa semana, em São Paulo, os movimentos sociais realizaram um manifesto público contra a baixaria nas eleições e contra o que eles avaliam “o golpismo midiático” e teve como objetivo chamar a atenção da população brasileira para a partidarização de grande parte da mídia brasileira.
As distorções na cobertura das eleições deste ano tiveram início desde a pré-campanha, quando foram exploradas questões de domínio público, como a “ficha falsa” da candidata Dilma Rousseff e a suposta elaboração de dossiê contra representantes de partidos de oposição. Fiquei estarrecida quando ouvi de uma colega que trabalha em rádio o comentário de que “Dilma está proibida de entrar nos Estados Unidos porque é terrorista”.
Perdi o controle e disse a essa pessoa que muito me admira uma mulher que trabalha em comunicação ter esse tipo de pensamento. Está havendo uma postura de super valorização de denúncias infundadas, que podem ser facilmente investigadas, numa tentativa de tirar proveito político disso tudo. Assim é a política na prática e a gente deve ter muito cuidado com esse tipo de avaliação. Lamento mesmo tudo isso e tomara que essa eleição acabe logo.

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