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Olívia de Cássia – jornalista
Ainda não tinha falado em meus escritos dos meus compadres que já não estão mais nesse plano. Quero destacar aqui Lili e Aristeu que foram duas pessoas presentes em minha infância em União dos Palmares. Dois jovens que namoraram se apaixonaram e casaram e tomaram meus pais como compadres e por tabela eu terminei sendo madrinha dos filhos também.
Quando Aristeu e Lili casaram foram morar numa casinha de aluguel que era de propriedade do meu pai, na Rua da Ponte, nessa época nossa família também morava lá, inclusive meus avós Manoel Paes e Olivia e minha tinha Ozória. Naquela época a infraestrutura das casas era pequena, não tinha água encanada nas residências e Lili lavava os pratos e as roupas no Rio Mundaú, além do banho, como a maioria das famílias ribeirinhas.
Eu fui uma criança que não parava em casa na rua da Ponte, vivia nos quintais das casas, no rio ou de brincadeira com as amigas. Quando não estava na casa dos meus avós e das amigas, era na casa de Lili e Aristeu ou dos pais de Lili que eu me abrigava. Fosse para conversar com os moradores ou por curiosidade de criança mesmo.
Quando minha comadre engravidou do primeiro filho, meu afilhado Wellington que Deus já levou pra outro plano também, eu não saía de lá e quando ela estava de resguardo eu procurava ajudar de alguma forma fazendo algumas tarefas para ajudá-la.
Aprendi a banhar o menino, fazer o mingau e a tomar conta dele, enquanto a minha comadre ia pro rio fazer suas tarefas domésticas. Quando eu não estava na escola, corria para a casa dela e gostava de prestar aquela pequena ajuda a minha amiga e comadre. Aristeu não tinha emprego fixo, não que eu soubesse, mas era curioso na área de eletrônica e conseguia alguns serviços que lhe rendiam algum dinheiro.
Meu compadre também ajudava no posto do irmão Nininho, família de luta, guerreira e que aprendemos a respeitar e amar. Sinto saudade daquela gente querida. Aristeu se foi muito cedo, teve problemas sérios de saúde e minha comadre teve que se virar para criar os quatro filhos.
Depois de Wellington chegou o Ailton e esse eu e mamãe batizamos às pressas porque o menino apresentava um quadro grave de saúde e a crença no interior era a de que não poderia morrer pagão. Corremos pra igreja: eu, mamãe e meu pai e imploramos ao padre que o batizasse imediatamente para que a criança não morresse sem receber o sacramento.
Felizmente meu querido afilhado escapou, cresceu e virou um homem lindo do olhão azul e sempre que o encontro quando vou a União dos Palmares lhe dou a bênção e um abraço fraterno.
Minha comadre também teve duas meninas (Andréia e Adriana-que também são minhas afilhadas), mas quando nasceram nossa família já tinha se mudado da Rua da Ponte, só meus avós permaneceram, mesmo assim continuamos com nossa amizade e contato. Há mais de três anos Lili também se foi e hoje eu quero dedicar esse texto e todo o meu carinho para aquele casal querido que muito fez parte também da minha infância querida na saudosa Rua da Ponte. Que Deus os abençoe onde estiverem.
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