segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Dos preconceitos contra as mulheres
Olívia de Cássia-jornalista
Mesmo tendo vencido muitas barreiras, lutado pela liberdade de expressão, por uma sociedade mais justa, por um país mais fraterno e enfrentado batalhas das mais violentas como a da ditadura militar, as mulheres ainda sofrem uma carga descomunal de preconceitos em nossa sociedade.
No Brasil, a sociedade evoluiu em vários aspectos, introduziu o gênero feminino no mercado de trabalho, por que não teve jeito de evitá-lo. A duras penas, as mulheres conquistaram o direito de votar e ser votadas, na década de 30, mas mesmo assim ainda é marcante a discriminação, as injúrias e as difamações que inventam quando ela se destaca e galga outros degraus mais avançados ou decide enfrentar uma candidatura a algum cargo em eleições.
No trabalho a mulher procura mostrar sua competência, pois a concorrência é grande e apesar dos avanços conseguidos ao longo dos anos, mesmo provando suas qualidades profissionais e muitas vezes trabalhando muito mais que muitos homens, ainda recebem salários inferiores na maioria das profissões que exercem.
Mulher é um bicho desdobrável mesmo, acorda cedo, faz mil e uma coisas ao mesmo tempo, cuida da casa, dos filhos, trabalha fora e ainda tem tempo para conciliar tudo isso com o companheiro e a família, mas ainda é vista com muito preconceito e discriminação.
Falo isso porque tenho acompanhado essas lutas de perto. Na década de 80 participei de muitas atividades políticas, quando cheguei de União, recém-aprovada no vestibular, e frequentei atividades de mulheres aqui em Maceió. Por incrível que possa parecer, vejo agora que naquela época era mais avançado o pensamento, quando a gente ia pra rua lutar por eleições diretas pra presidente e por democracia.
Observo nos dias de hoje muitas mulheres jovens, meninas ainda, com opiniões preconceituosas sobre determinadas questões que a agente não via naquela época. Essas mninas-moças de hoje em dia não se informam, não lêem sobre o que se passou no País, vivem num mundo alienado, onde o que importa é se a chapinha dela ficou mais bem feita do que a da outra.
Estamos vivendo uma caça às bruxas, semelhante à da idade média, com esse posicionamento de algumas entidades religiosas a respeito da candidata Dilma e isso vai de encontro a todos os preceitos democráticos que um dia defendemos. Nem na época da ditadura se viu uma coisa dessas.
Avalio com muita tristeza e decepção que ainda existe muito preconceito de gênero no Brasil; não é porque os tempos mudaram que ele tenha acabado. É o que dá para a gente depurar do resultado dessa campanha sórdida contra a candidata do Partido dos Trabalhadores. É impressionante como uma fofoca se espalha na internet e toma corpo causando tantos estragos como tem causado todo esse embuste que tem sido difundido por pessoas inescrupulosas que não pensam no bem comum, mas apenas no poder pelo poder.
Nesse fim de semana participei de uma atividade na Feira dos Terrenos, em União dos Palmares, uma panfletagem de Dilma com companheiras do Partido dos Trabalhadores. Confesso que saí dali triste e constrangida com algumas reações da juventude e principalmente de jovens mulheres, com relação à nossa candidata. Reproduzem como se tivessem certeza dos boatos e afirmam que votavam em Dilma, mas que agora desistiram por conta dessas conversas.
Não dá para a gente se conformar com isso. Uma pena que essas pessoas, principalmente os mais jovens, sejam tão alienados a esse ponto. Aconselho aqui que façam algumas leituras introdutórias e procurem ver além do que diz a Globo e a Veja e que sejam críticos, mas que sejam fraternos.
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