quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Avós que cuidam dos netos uma vez por semana têm menos doenças, diz estudo

De repente, eles chegam e enchem nossa vida de alegria,
 apreensão e magia,
diz Dilermano Borio Martins se referindo aos netinhos
Olívia de Cássia - repórter\Tribuna Independente

A relação entre avós e netos vem de longe e se confunde com afeto, cuidado e liberdade. Os avós são parte importante do que se chama família extensa, mas seu papel em relação aos netos se alterou consideravelmente na atualidade, segundo um estudo publicado no jornal The North American Menopause Society.
Segundo o estudo, cuidar dos netos uma vez por semana ajuda a manter as avós mentalmente ativas. Isso é uma boa notícia especialmente para aquelas mulheres que se encontram no período pós-menopausa, quando precisam se prevenir e reduzir os riscos de desenvolver Alzheimer e outras doenças cognitivas.
Mas a pesquisa também indica que, por outro lado, tomar conta dos pequenos cinco dias por semana ou mais teve alguns efeitos negativos em testes de acuidade mental realizados na pesquisa. E diferente de antes e das histórias em quadrinhos, onde os avós aparecem como velhinhos de cabelos brancos, os avós de hoje, em sua maioria, são modernos e mais atualizados.
O concluinte do curso de Psicologia Arnaldo Santtos, pelo Facebook, observa que toda a atividade que seja realizada na terceira idade é sempre bem-vinda, para que o processo mental do idoso ou da idosa, como por exemplo, o conhecimento, incluindo a consciência, a percepção, o raciocínio e o discernimento, sejam preservados.
Segundo ele, as atividades podem ser intelectuais ou não. “O fato de um idoso, por exemplo, cuidar de um neto, não vai mudar o seu processo mental, mas vai contribuir com a satisfação pessoal da pessoa e ela vai viver mais e melhor. E se sentir útil e isso nessa idade é fundamental”, destaca.
Arnaldo Santtos observa que todas as pessoas procuram a felicidade, mas na terceira idade esse processo de busca pode ser doloroso, porque pode ele ter encontrada ou não. “Alguns podem dizer que encontrou e que valeu a pena viver e que faria tudo de novo; enquanto outros podem estar vivendo a pior fase de suas vidas, por exemplo num asilo ou num abrigo ou num hospital”.
‘Felicidade não está relacionada à idade’
Segundo Arnaldo Santtos, a felicidade não está relacionada nem com a idade e nem com a quantidade de bens que uma pessoa possui e nem com o processo cognitivo.
“Na terceira idade colhemos tudo aquilo que foi ‘plantado’ quando jovem, se alguém foi muito ativo intelectualmente, pode continuar fazendo diversas atividades e com isso poderá evitar doenças degenerativas, como o Alzheimer, mas pode também ser uma fase de sofrimento, quando surgem diversas doenças, não só mentais, como também na parte de cognição, ou seja, consciência, percepção, raciocínio e discernimento”, explica.
Para Arnaldo Santtos, cuidar dos netos contribui com a satisfação pessoal (Foto: Arquivo pessoal)
Arnaldo Santtos lembra que é preciso que o idoso realize quantas atividades ele puder, seja intelectual, ou não, que poderá lhe trazer diversos benefícios. “O mais importante é a satisfação singular do sujeito. Cada pessoa tem o seu modo de satisfazer seus próprios desejos”, reforça.
CUIDADOS
Já o psicólogo Josafá Marinho, por telefone, explica que, no caso das avós, antigamente elas tinham o conhecimento de como cuidar de bebês e cabia a elas orientar as mulheres jovens, suas filhas a respeito desses cuidados. Com a entrada da mulher-mãe no mercado de trabalho, coube a muitas avós, a tarefa de se encarregarem dos cuidados e mesmo da educação de seus netos.
“Entretanto, as mudanças ainda continuaram: cada vez mais os avós (homens e mulheres) assumem a função de cuidadores dos netos; essa relação pressupõe amor antes de tudo, ninguém questiona, mas nem sempre a presença desse sentimento significa que não haverá conflitos”, observa.
Os avós sempre foram conhecidos também, ao longo da história, como aqueles que ‘deseducam’ ou que permitem mais liberdade para os netos, rompem algumas regras e são superprotetores.
‘Relação com os netos é uma renovação’, diz escritora
A reportagem da Tribuna Independente foi ouvir também avós e netos para que eles definam essa relação que já vem sendo estudada desde muito tempo. A instrutora de ensino profissionalizante e escritora Lindair Morais Amaral disse que sua relação com os netos é uma renovação.
“Digo isso porque quando os filhos crescem, o vazio é imenso, já que passamos anos em função da vida dos filhos e quando eles se vão, nada parece preencher esse vazio e acabamos por não sentir sós”, observa.
Segundo Lindair Amaral, os netos trazem de volta a alegria, a troca, o aprendizado de lidar com o ser humano e suas diferenças. “É o ser amado incondicionalmente por eles e amarmos incondicionalmente como amamos nossos filhos”, observa.
Para Lindair, os netos trazem de volta a alegria, a troca, o aprendizado (Foto: Arquivo pessoal)
Lindair Amaral destaca: “A grande diferença é que, com os netos, a experiência vivida com os filhos nos deixam mais relaxados e mais sábios, o que se reverte em maior convivência sem o estresse da mãe inexperiente. Os netos a gente curte mais, ousa mais e nos renovamos na mente e na idade já que voltamos a brincar, dar valor ao lúdico e a sonhar agora os sonhos desses pequeninos”, pontua.
A vovó Lindair Amaral, que ainda é muito jovem, diz que o amor é capaz de revigorar qualquer coisa: “E esses seres vêm para consumir toda a carga de amor que temos, a desenterrar o que temos de melhor e para proporcionar vida de verdade às nossas vidas”, complementa.
‘Convívio faz voltar aos tempos de criança’
O gaúcho aposentado Dilermano Borio Martins destacou que os netos são os grandes responsáveis pela expressão ‘Vivendo e aprendendo’: “Afinal, de repente, eles chegam e enchem nossa vida de alegria, apreensão e magia. O convívio com os netos nos faz voltar aos tempos de criança, as velhas brincadeiras renovam-se e nessa troca, pouco a pouco nossa cultura vai-se perpetuando”, ressalta.
O bancário Petrucio Manoel Correia de Cerqueira pontuou que a interação com netos é maravilhosa. “Nós encontramos nos netos tudo aquilo que não conseguimos durante a vida com os filhos. Não por que queríamos, mas por falta de tempo”, observa.
Petrúcio de Cerqueira: ‘Nós encontramos nos netos tudo aquilo que não conseguimos durante a vida com os filhos’ (Foto: Arquivo pessoal)
Segundo Petrúcio Cerqueira, o trabalho levava quase todo o tempo disponível: “Durante a manhã, eu saía para trabalhar, eles ficavam dormindo. Na maioria das vezes, quando se voltava, já estavam eles dormindo. Com os netos temos todo o dia para brincadeiras, acompanhar o crescimento e tudo o mais”, destacou.
Maria José da Silva Firmino Alencar está aposentada e tem 68 anos. Ela disse que como os pais de sua neta Michely, de sete anos, ficam fora o dia todo, ela é avó e cuidadora. “Pela manhã eu a levo à escola e à tarde fico com ela. Eu avalio que seja importante que os avós acompanharem o desenvolvimento dos netos desde o início”, pontua.
Para essa avó, confiança é a palavra de ordem. “Minha filha confia muito em mim: levo muitas vezes Michely ao médico, busco na escola, levo nas aulas de balé, e nas festinhas”, destaca Maria José, acrescentando também que a relação com a neta não é só de brincadeira, mas que procura orientar e educar, já que fica com ela muito tempo.

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