domingo, 21 de dezembro de 2014

Mais uma vez é Natal..

Olívia de Cássia – jornalista

E na próxima quinta-feira, 25, já é Natal de novo. O tempo passa tão depressa, corremos tanto para resolver as questões práticas que se apresentam no cotidiano, que nem nos damos conta da passagem do tempo. A vida é uma eterna roda gigante.

Nessa época do ano, quando eu era menina, jovem e até há alguns anos passados, era comum me dar uma angústia e uma tristeza, um aperto no coração, que me faziam uma pessoa sempre triste, depressiva e diferente de hoje em dia: eu não era uma pessoa feliz.

Apesar de tudo, sinto-me bem, apesar das limitações de agora e talvez mais senhora de mim. Não me analisei a respeito disso, mas tenho a impressão que toda aquela angústia também era a falta de um encontro comigo e de entender que problemas todo mundo os tem e cabe a cada um saber administrá-los; mas isso a gente só aprende quando chega à idade madura.

Também fui muito deprimida quando criança e adolescente: achava-me desengonçada, feia, diferente dos padrões que a sociedade exigia para uma mulher. Eu me sentia muito diferente das minhas amigas, não me sentia atraente pelos meninos e isso fazia com que brotassem em mim sentimentos de inferioridade. 

Me achava muito gorda e mal feita, afora os problemas de divergências de gerações que eu tinha com mamãe. Ela não alcançava a cabecinha daquela pessoa inquieta, contestadora, apesar de muito novinha ainda, e que queria mudar o mundo a seu jeito.

Dona Antônia também não aceitava minhas escolhas, por mais que essas escolhas fossem algo que me fizessem crescer como pessoa. Na maioria das vezes ela estava correta em suas preocupações, mas ao modo dela me deixava mais zangada ainda.

Não queria que eu passasse por situações vexatórias, mas esses entraves me fizeram mais madura. Não havia como explicar esses parâmetros complexos para uma adolescente que viveu essa fase na década de 70 e 80.

Também não havia como mudar a mente de uma senhora criada por um pai ex-senhor de engenho, carrancudo e cheio de preconceitos sociais. E nessa época do Natal aqueles sentimentos e situações não resolvidas afloravam com mais força dentro de mim.

Eu queria brigar com o mundo para ver meus sonhos e vontades realizados. Apaixonava-me com a maior facilidade do mundo e nunca era correspondida naqueles sentimentos mais puros de adolescente. Eram sentimentos só meus. 

E por aí foram nascendo muitos complexos e sentimentos que retardaram o meu crescimento interior. Foram muitas as divergências com mamãe; ela não entendia meus motivos e eu não entendia àquela época os dela.

Foram muitos os dramas vividos, as angústias e os impedimentos. Mas como era e sempre fui uma pessoa bem rebelde, embora muitas vezes sem causa, fui trilhando meu caminho, não muito da forma que ela queria e desejava para a filha, mas superando algumas barreiras e muitas das vezes também quebrando a cara, como a gente diz, mas aprendendo muito.

É Natal de novo e mais um sem meus pais e muitos entes e amigos queridos que já estão em outro plano. Desejo aqui que o verdadeiro sentido natalino tome conta de todos nós. Que o principal aniversariante da data não seja substituído por outros símbolos e que saibamos ser mais solidários, fraternos e amorosos.

Feliz Natal para todo os amigos internautas e que sejam felizes em suas caminhadas. Que o Ano-Novo nos traga conquistas e realizações, as mais desejadas.

Nenhum comentário:

Aqui dentro tudo é igual

  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...