Em tempos de tecnologia, muitas pessoas optam por ouvir música nos fones de ouvido, tornando o uso do acessório cada vez mais comum. Em todo canto da cidade é frequente a gente encontrar alguém com os inseparáveis fones: seja no ônibus, nas escolas, no trabalho, nas academias de ginásticas ou em outros locais.
Segundo especialistas esse hábito exige atenção e cuidados. A Sociedade Brasileira de Otologia alerta que, se praticado com muita frequência, esse hábito pode causar zumbido, dificuldade de entendimento nas conversas e até perda de audição. O volume alto é o principal problema no uso desses pequenos aparelhos, sejam eles de concha ou de inserção, segundo a entidade.
A questão já rendeu inclusive projeto de lei, em nível nacional, que quer proibir a venda de aparelhos de mídia digital com volume que ultrapasse os 90 decibéis. Os tocadores digitais viraram o vilão dessa história, por conta de sua popularização, mas os especialistas alertam que é importante que eles sejam usados da maneira correta, para não apresentar danos à audição.
Um exemplo disso aconteceu ano passado, no Centro de Maceió, quando um jovem foi atropelado e morto por um trem, no cruzamento próximo à Praia do Sobral, por estar com um fone no ouvido e andando de bicicleta. Enquanto os populares gritavam para ele assinalando que o trem estava vindo, ele não escutou e o acidente foi fatal.
O médico otorrino Jurandir Bóia observa que o som dos fones de ouvido em volume a partir de 70 decibéis, se for no uso retilíneo e contínuo já pode causar problemas auditivos. “Esse hábito prejudica muito, imagine quem trabalha com trio elétrico e tem que submeter constantemente ao volume alto?”, indaga.
Segundo o otorrino, a pessoa nunca deve chegar ao volume máximo do tocador digital: o ideal é ir até 60% da capacidade. Outra dica é não usar fones em ambientes barulhentos; nestes casos, é preciso aumentar muito o volume para competir com o ambiente externo.
O bacharel em Direito Raphael Souza é um exemplo disso: o jovem, constantemente e diariamente, ouve música com fones no ouvido. Ele disse que coloca os fones como uma forma de fuga: “É um modo de conectar-me comigo mesmo; às vezes nem presto atenção na música, só quero me desligar do que está me cercando; fone de ouvido é, para mim, acessório essencial”, argumenta.
Já o publicitário Salvador Henrique disse que não ouve música com o volume alto, mas como gosta realmente de música, sempre está com o fone no ouvido. “Já me disseram que é prejudicial, mas escuto com volume baixo. Às vezes escuto tanto música que tem uma hora que acaba e nem percebo e lá na frente é que vejo que não tem música”, explica. Salvador conta que já sentiu um incômodo na parte física da orelha, mas na audição, não.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Otologia é que o fone não deve ser usado em apenas um ouvido, porque pode causar perda assimétrica da audição. Segundo a entidade, os fones de inserção estão mais próximos do canal do ouvido que os modelos de concha, equivale à comparação entre maior e menor distância entre uma pessoa e uma caixa de som, por exemplo.
“O mesmo volume definido pelo tocador (60% de sua capacidade, por exemplo) pode ser mais alto quando se usa um fone de inserção do que um de concha. Fones com controle de volume podem ser perigosos: depois de chegar à capacidade máxima do aparelho, o usuário ainda consegue aumentar o som via esse acessório. Só use se não ultrapassar o limite recomendado”, ensina.
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