Olívia de Cássia - jornalista
Você sabe que aquele relacionamento não está te fazendo bem, mas insiste; acha que aquela é a única maneira de ser feliz. Tenta de tudo e esquece até aquelas teorias que defendeu durante toda a vida.
Teorias de libertação e independência da mulher; aquelas bandeiras feministas
que passou o tempo todo defendendo; as bandeiras libertárias.
Você se envolve com alguém que não é capaz de acompanhar tuas ideias,
mas de avalia que não pode viver sem a presença daquele outro, que não te
valoriza como mereces e nem te ama como querias e mesmo se sentindo preterida,
se sentindo humilhada, tu insistes em querer aquele que já não te proporciona
bem-estar, felicidade e bem-querer, é o fim de tudo.
Eu não entendia aquele sentimento que me oprimia como pessoa que sempre
defendeu a liberdade, um mundo de leituras e conhecimento. A gente chega lá no
fundo, quase no fundo do poço. Faz tudo o que pode e o que não pode também, se
humilha e se dobra, se confessa culpada, mesmo não tendo culpa de nada.
Isso acontece quando a gente tem baixa autoestima, amor próprio ferido e
supervaloriza quem não te merece, como eu tinha sido até aquele dia. É um
processo doentio e que faz a gente sofrer e passar por situações até
vexatórias.
Todo mundo vê o óbvio, te alerta e te mostra que aquele não é o caminho,
mas o aviso não adianta até você querer enxergar e perceber que existe
outro mundo lá fora a ser vivido e que você pode ser feliz, independente de
qualquer coisa e de alguém. Outros mundos, outros saberes, outras vivências e
aprendizados.
Você aprende na marra; a vida te mostra da maneira mais dolorida e
sofrida: as traições, o desprezo, desvalorizações e covardia e o quanto você
foi passada para trás como uma tola e ingênua que se deixou levar por aquele
sentimento besta e opressor.
Mas um dia a gente percebe que um covarde não reconhece seus erros e
mente sempre; quer colocar a culpa de tudo nos outros, não admite nunca seus
erros e vive de mentiras. Passa a acreditar naquele mundo de mentiras e sua
rotina é só enganar outras mulheres e outras pessoas com sua realidade
mentirosa e doentia.
A falta de transparência, de lealdade fazem o apodrecimento daquele
sentimento, daquela relação egoísta e que se torna solitária. E você só alcança
tudo isso depois que o tempo passa e te mostra o quanto você foi tripudiada e
enganada.
Mas tudo passa e no fim tudo fica bem, como diz o poeta e vem aquela paz
interior que te liberta das amarras, antes que tudo ‘se torne apenas o breu
interminável do interior’, eu consegui me reerguer e levantar.
E então outros tempos vieram, outros aprendizados. Meu tempo aqui é
curto, eu sei, mas aprendi que temos que viver como pudemos: tentando ser
feliz, independente de outras pessoas. A felicidade precisa estar dentro da
gente e só. Boa noite.
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