segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Libertação ...

Olívia de Cássia - jornalista

Você sabe que aquele relacionamento não está te fazendo bem, mas insiste; acha que aquela é a única maneira de ser feliz. Tenta de tudo e esquece até aquelas teorias que defendeu durante toda a vida. 

Teorias de libertação e independência da mulher; aquelas bandeiras feministas que passou o tempo todo defendendo; as bandeiras libertárias.

Você se envolve com alguém que não é capaz de acompanhar tuas ideias, mas de avalia que não pode viver sem a presença daquele outro, que não te valoriza como mereces e nem te ama como querias e mesmo se sentindo preterida, se sentindo humilhada, tu insistes em querer aquele que já não te proporciona bem-estar, felicidade e bem-querer, é o fim de tudo.  

Eu não entendia aquele sentimento que me oprimia como pessoa que sempre defendeu a liberdade, um mundo de leituras e conhecimento. A gente chega lá no fundo, quase no fundo do poço. Faz tudo o que pode e o que não pode também, se humilha e se dobra, se confessa culpada, mesmo não tendo culpa de nada.

Isso acontece quando a gente tem baixa autoestima, amor próprio ferido e  supervaloriza quem não te merece, como eu tinha sido até aquele dia. É um processo doentio e que faz a gente sofrer e passar por situações até vexatórias.

Todo mundo vê o óbvio, te alerta e te mostra que aquele não é o caminho, mas o aviso não adianta até você querer enxergar e perceber que existe outro mundo lá fora a ser vivido e que você pode ser feliz, independente de qualquer coisa e de alguém. Outros mundos, outros saberes, outras vivências e aprendizados.

Você aprende na marra; a vida te mostra da maneira mais dolorida e sofrida: as traições, o desprezo, desvalorizações e covardia e o quanto você foi passada para trás como uma tola e ingênua que se deixou levar por aquele sentimento besta e opressor.

Mas um dia a gente percebe que um covarde não reconhece seus erros e mente sempre; quer colocar a culpa de tudo nos outros, não admite nunca seus erros e vive de mentiras. Passa a acreditar naquele mundo de mentiras e sua rotina é só enganar outras mulheres e outras pessoas com sua realidade mentirosa e doentia.

A falta de transparência, de lealdade fazem o apodrecimento daquele sentimento, daquela relação egoísta e que se torna solitária. E você só alcança tudo isso depois que o tempo passa e te mostra o quanto você foi tripudiada e enganada.

Mas tudo passa e no fim tudo fica bem, como diz o poeta e vem aquela paz interior que te liberta das amarras, antes que tudo ‘se torne apenas o breu interminável do interior’, eu consegui me reerguer e levantar.

E então outros tempos vieram, outros aprendizados. Meu tempo aqui é curto, eu sei, mas aprendi que temos que viver como pudemos: tentando ser feliz, independente de outras pessoas. A felicidade precisa estar dentro da gente e só. Boa noite. 



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