segunda-feira, 16 de julho de 2012

O jogo sujo das campanhas eleitorais

Olívia de Cássia- jornalista

A Globo vem caindo de qualidade a olhos vistos. A estratégia dos marqueteiros para ganhar audiência, neste domingo, 15, no Fantástico, saiu pela culatra. Após as declarações da ex-primeira dama Rosane Collor, as redes sociais bombaram com declarações sobre a entrevista e foi até tarde a indignação no Facebook.

Embora as declarações de Rosane Malta Collor de Mello não terem trazido nenhuma novidade para os telespectadores conhecedores da história, como a de que Paulo César Farias, então tesoureiro da campanha de Fernando Collor, tinha influência sobre ele e que frequentava o Palácio do Planalto; além da história da magia negra, a entrevista foi repetida com destaque no Bom dia Brasil. Sinal dos tempos.

A única coisa que chamou atenção do telespectador, no final da entrevista, foi a declaração de Rosane de que estava pleiteando na Justiça ‘uma pensão de 40 mil reais’ e que recebe atualmente 18 mil de pensão, o que para ela é muito pouco, comparada à pensão de algumas amigas, que devem consumir grifes da última moda.

Bem se vê que essa mulher vive fora da realidade e que usa o fato de ter se convertido a Jesus, numa igreja evangélica, para se justificar diante da sociedade e de Deus. Não é o fato de ela ter sofrido uma lavagem cerebral e ter se convertido, o que não deve ter sido difícil para quem o fez, não alivia a sua culpa de ter sido conivente e ter influenciado Fernando Collor em alguma das suas decisões e orgias malucas na Casa da Dinda, mansão da família onde eles residiam na época.

Antes de morrer, Pedro Collor, irmão do então presidente, escreveu um livro ‘A trajetória de um farsante’, onde contou quem é de fato o irmão. Infelizmente emprestei o livro e não me devolveram. Guardadas as devidas ressalvas de mágoas de Pedro, ele disseca no livro os bastidores do governo Collor e suas declarações na Veja levaram à criação de uma CPI no Congresso Nacional, à época.

Ontem a Rede Globo pelo menos refrescou a memória dos ‘esquecidos’ de Alagoas e fez com que alguns jovens de hoje que eram criança na época soubessem um pouco da história desse país. Muita gente por aqui não lê e não procura se informar o que realmente acontece e aconteceu na nossa rica trajetória, cheia de golpes, de corrução pela sede do poder e de muita roubalheira nos bastidores da política.

Pelo visto, as eleições deste ano não vão ser suaves como eu desejaria. Alguma coisa de muito asquerosa e perversa tem por trás dessa entrevista, além da busca pela audiência, já que a Globo fez chamadas o dia inteiro sobre ela, como se o que a ex-primeira dama fosse dizer fosse algo inédito, não tivesse sido a Rede Globo quem elegeu Fernando Collor naquela época, levando àquele debate a informação de que Lula tinha uma filha (Lourian) que não era reconhecida.

Bem se vê que a sede de poder e dinheiro na política é incansável e os princípios doutrinários de antes já não interessam, já não valem a pena. Deixo aqui uma frase que sempre uso de um escritor que admiro: ‎"Precisamos dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu". Érico Veríssimo

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