terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

De volta a Angola Janga celebra destruição do Quilombo dos Palmares

Fotos de João Paulo Farias
Olívia de Cássia, com informações de João Paulo Farias – O Relâmpago

Em União dos Palmares, uma cerimônia ocorrida na madrugada desta segunda-feira, 6, denominada ‘De volta a Angola-Janga’, reuniu na Serra da Barriga cerca de cem pessoas, entre religiosos de matriz africana e grupos culturais, que lembraram a destruição do Quilombo dos Palmares, ocorrida em 6 de fevereiro de 1694, pelas tropas comandadas pelo bandeirantes Domingos Jorge Velho.

O evento foi organizado pela representação alagoana da Fundação Cultural Palmares, com o objetivo de reunir os descendentes que sobreviveram àquela batalha que dizimou milhares de quilombolas. Um momento de reflexão sobre o que foi a luta do povo negro em busca da liberdade.

Segundo João Paulo Farias, no site O Relâmpago, estiveram presentes ao evento líderes de religiões de matrizes africanas de Maceió, entre eles o representante da Federação dos Cultos Afro, Pai Paulo, a ialorixá Mãe Mirian, a ialorixá Mãe Neide, que compareceram junto com inúmeros religiosos.

Também participou da cerimônia o Grupo de Estudos Culturais Vixe Maria, em parceria com a Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), que levou à Serra das Barriga representantes dos municípios de Maceió, Branquinha, Messias, Santana do Mundaú e União dos Palmares.

Já passava da meia noite quando teve início, no Sítio Recanto, na Serra da Barriga, o pedido de permissão aos ancestrais, por intermédio dos religiosos, para prosseguir com o cortejo até o platô. “Nesse momento teve início a declamação do poema Escalando a Serra da Barriga, de Abdias Nascimento, na interpretação do ator Chico de Assis”, conta João Paulo.

A caminhada prevista em 4 km foi reduzida e teve início após o Posto de Informações, onde os religiosos de matriz africana iniciaram uma reflexão sobre o centenário do Quebra de Xangó, onde em um minuto de silêncio toda a violência cometida contra os religiosos foi lembrada.

Segundo o site O Relâmpago, Mãe Miriam falou do pedido formal de perdão à população afro-alagoana e à religiosidade afro-brasileira, feita pelo Governo do Estado em cerimônia no Palácio dos Martírios na última quinta-feira,2, referente ao massacre do Quebra.

“Iniciado o cortejo em direção ao Platô da Serra, centenas de pessoas, entre religiosos, grupo de jovens e populares, refletiam em meio à cantoria e orações. Na segunda parada, o tema violência contra jovens em sua maioria negros, foi debatido com uma dramatização feita pelo Grupo Vixe Maria e PJMP”, conta Farias.

A última parada foi na entrada do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, o momento foi de muita celebração, onde os religiosos entoavam cantigas e orações aos antepassados. Nesse momento o poema ‘Serra da Barriga’, de Jorge de Lima, foi recitado pelo ator Chico de Assis.

Em sua fala a ialorixá Mãe Neide, do Grupo Espírita Santa Bárbara, destacou a importância da celebração dessa data, “Estamos refazendo a história e resgatando o que nos foi tirado”, disse ela. A ialorixá parabenizou a FCP pela elaboração do projeto, “Genisete precisa cada vez mais de nosso apoio, estamos juntos”, observou.

A representante da Fundação Cultural Palmares em Alagoas, Genisete de Lucena Sarmento, disse que esse evento foi o início das atividades culturais para celebrar a Consciência Negra este ano, já que as comemorações eram restritas ao dia 20 de novembro. Genisete lamentou a ausência dos quilombolas, pois foram convidados pela FCP em algumas cidades do estado. Mas, devido a fatores desconhecidos, eles não compareceram ao evento.

“Sinto-me feliz e realizada pela presença de todos vocês, sinto-me uma descendente dos sobreviventes da batalha de 1694”, disse Genisete Sarmento, fazendo referência ao nome do evento 'De volta a Angola Janga', que nos remete às origens, tanto africanas, quanto palmarinas.

A cerimônia emocionou e trouxe o passado sofrido à realidade dos nossos dias. Para a assistente social Nádia Seabra, “a volta ao passado serve para se trabalhar o combate à descriminação e ao racismo, que ainda hoje é gritante”. Emocionada, Nádia destacou que ainda existem muitas pessoas que vivem sob o regime da escravidão, na terra onde se travou uma batalha épica.

Encerrando o evento, um café da manhã foi servido aos participantes no restaurante Kùuku-Wàana (Banquete Familiar).

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