Jornalista Aldo Ivo: Fotos: Olívia de Cássia |
Olívia de Cássia – Repórter
O jornalista Aldo Ivo, completa neste sábado, 1º de março, 65 anos de atividade profissional. Avesso a tecnologias, Aldo não tem celular, se recusa a usar o computador e ainda tem em casa e no seu local de trabalho, na Casa da Indústria, uma máquina de escrever. Ele conta que quando se iniciou no jornalismo ainda era muito moço, o pai era muito rígido e não permitia que os filhos chegassem tarde em casa. “Aí muitas vezes eu dormia no jornal com outros companheiros, por causa dessa determinação do meu pai”.
Aldo começou no jornalismo nos anos de 1940 do século XX, quando os conflitos armados que assolaram a década anterior chegam ao apogeu com o holocausto e seu declínio. Ele explica que é um jornalista realizado e que fez tudo o que chegou às suas mãos na profissão. O maior orgulho dele, segundo conta, é ter uma filha que seguiu a mesma carreira.
Aldo Ivo também foi funcionário público de onde tem aposentadoria. “Em 1957 entrei na Imprensa Oficial e em 1962 no Ministério do Trabalho; me aposentei de lá em 1990, mas continuo saindo de casa todos os dias e faço visitas (à Delegacia Regional do Trabalho – DRT) onde fiz muitos amigos; não gosto de ficar me casa”, observa.
O jornalista Aldo Ivo não dirige, só anda de ônibus, táxi ou a pé, como fazia desde o princípio da carreira profissional. “Prefiro andar de ônibus, nunca dirigi. Andando de ônibus ou caminhando eu conheço mais pessoas e são muitas histórias que vivencio, observa”.
Oficialmente foi no dia 1º de março de 1949 que o jornalista teve sua efetivação na empresa, mas no final de 1948 já andava pela redação do extinto Jornal de Alagoas fazendo algum trabalho jornalístico. Na empresa dos Diários Associados de Assis Chateaubriand Aldo Ivo trabalhou durante 44 anos ininterruptos e só saiu de lá quando o jornal fechou as portas.
RECONHECIMENTO
O jornalista é editor de Turismo do jornal semanário Tribuna do Sertão, de Palmeira dos Índios e conta que quando o Jornal de Alagoas fechou Ivan Barros, que trabalhou no O Cruzeiro, o convidou para fazer uma página de turismo para a Tribuna do Sertão. “Continuo fazendo até agora”, pontua.
Além de editor de turismo na Tribuna do Sertão, Aldo Ivo desenvolve atividades na assessoria de imprensa da Casa da Indústria. Homenageado em várias ocasiões de sua vida profissional, o jornalista Aldo Ivo é membro da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet) de onde já foi presidente. Ele destaca que começou na profissão como cronista esportivo e depois foi trabalhar na reportagem de Geral.
Aldo contribuiu com conquistas da categoria
Aldo Ivo esteve à frente e foi presidente da ACDA (Associação dos Cronistas Desportivos de Alagoas) e foi presidente do Sindicato dos Jornalistas por dois mandatos consecutivos durante seis anos. Foi presidente da entidade na época da ditadura militar.” Para mim não houve problema porque como eu era cronista esportivo tinha um relacionamento bom com os militares”, explica.
O jornalista revela que uma das orientações da direção do Jornal de Alagoas naquela época era dar cobertura aos militares e que ele entrava e saía do quartel sem problema nenhum. “O governador Luiz Cavalcante gostava de esporte e sempre mantive amizade com ele, bem como com os outros governadores a exemplo de Lamenha Filho e Manoel Gomes de Barros”, diz.
Contemporâneo de uma época em que fazer jornalismo era também ser um pouco romântico, Aldo diz que pagava do seu próprio bolso o transporte para ir fazer as suas matérias e que anos depois foi que o jornal instituiu uma ajuda de custo para o seu deslocamento.
Contador de muitas histórias vivenciadas ao longo de tantos anos de profissão, ele sempre teve o respeito de seus colegas de batente e dos dirigentes do futebol alagoano. “Viajei por quase todo o País como cronista esportivo, como editor de turismo e também como presidente do Sindicato; tenho muitas histórias para contar que aqui não caberia”, observa.
Ele lembra que antigamente os sindicatos eram juntos (jornalistas e gráficos) e em 1962 houve o desmembramento e as entidades foram separadas. Aldo Ivo também observa que foi por meio do Sindicato dos Jornalistas que a categoria conseguiu algumas conquistas profissionais no acordo coletivo como triênio e o quinquênio que permaneceram por muito tempo e depois foram incorporados para quem já tinha o direito adquirido.
DIFERENÇA
O jornalista Aldo Ivo diz que há uma diferença enorme entre o jornalismo que se fazia quando começou na carreira com o que é feito nos dias de hoje pois, naquela época, os jornais funcionavam até de madrugada e era muito difícil levar um furo.
“Nós tínhamos um congraçamento com o pessoal do jornal Gazeta de Alagoas, pois os prédios ficavam próximos (no Centro de Maceió) e quando terminava o expediente ia todo mundo para o Bar do Chope; era uma redação paralela, boêmia e dali surgiam muitas histórias, ideias”, conta.
Amante inveterado dos jornais ele revela que um amigo sugeriu que escrevesse um livro, mas ele diz que gosta mesmo é de ler jornal e que não vai escrever um livro para não gerar um conflito com seus amigos, pois observa que se escrevesse escreveria sobre fatos acontecidos. “Gosto de ler jornal nem que seja jornal de outro dia, não gosto muito de livros”.
A tecnologia, na opinião de Aldo Ivo, transformou os jornais, ele diz que naquela época o jornalismo era mais romântico e observa que era gostoso trabalhar nas oficinas, na parte operária. “Ali fiz muitas amizades e até arrumei um compadre, Benedito Eliziário, que era negro e havia muito preconceito pelo fato de eu ser seu amigo; as pessoas criticavam o fato de eu ter um amigo preto, mas eu nunca fui racista”, conta.
A tecnologia, na opinião de Aldo Ivo, transformou os jornais, ele diz que naquela época o jornalismo era mais romântico e observa que era gostoso trabalhar nas oficinas, na parte operária. “Ali fiz muitas amizades e até arrumei um compadre, Benedito Eliziário, que era negro e havia muito preconceito pelo fato de eu ser seu amigo; as pessoas criticavam o fato de eu ter um amigo preto, mas eu nunca fui racista”, conta.
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