terça-feira, 4 de março de 2014

O carnaval se despede do Brasil


Olívia de Cássia – jornalista

 

E lá vai o carnaval acabando no País, deixando saudade para alguns; para outro levando  o  período de descanso e a certeza do recomeço de tudo amanhã. Em outras fases da minha vida eu ficaria desesperada se não tivesse em alguma folia, em alguma situação de brincadeira, mas tudo passa na vida e este ano não deu para me divertir no carnaval.

Lembro que esperneava, brigava com mamãe quando ela me dizia que eu não ia para a folia na Palmarina, chorava rios de lágrimas para ir aos bailes, teimava, desobedecia, porque naquela época era como se tudo fosse acabar se eu não fosse pular, brincar e estivesse na companhia dos amigos.

O tempo passou, a gente amadurece e tudo vai tendo outras prioridades: o mundo não acabou porque não brinquei este ano. Não é que eu tenha deixado de gostar de carnaval e de muita festa, mas como estou sem muito aporte financeiro para me divertir e ir para um lugar de muita diversão, resolvi me aquietar.

Também porque passei esses dias de Momo saudosa, lembrando meu irmão que se foi em dezembro último. Esta semana lembrei muito de quando ele tinha saúde e nessa época de carnaval em União, saia com seu opala amarelo, levando meu primo Josival Serqueira, que se vestia de mulher e era animado quando chegava lá em casa vindo do Rio de Janeiro.

Meu irmão também criou um bloco de carnaval na Rua da Ponte, o irreverente Bloco Unhão, e saia com a turma boêmia da Rua da Ponte para se divertir na periferia da cidade, que era onde ele se sentia melhor, era a sua praia e mesmo com as reclamações da minha mãe, era na periferia que ele se encontrava.

Por tudo isso e por razões que também não entendi a desanimação, achei por bem me aquietar, descansar, dormir e ler um pouco mais. Fui no domingo em União, mas não me animei como nos outros anos; também por motivo de trabalho, resolvi voltar no domingo.

E nem para ir à praia tive ânimo; antes eu me arrumava e mesmo sozinha não perdia um domingo ou feriado de mar e sol. Mas essa mudança interior deve querer me dizer algo que ainda não entendi: tem algumas situações emocionais que ainda estou aprendendo a conhecer, mas que ainda me são desconhecidas.  

Passei esses dias lembrando os antigos carnavais de União dos Palmares, acessando a internet, vendo fotos antigas e postando no Facebook; lendo, pensando um pouco em como vou fazer para administrar minhas contas; na vontade e necessidade de fazer uma reforma geral aqui em casa e nas responsabilidades que terei pela frente.

É muita coisa para decidir, para dar conta com o mínimo de dinheiro e sem saber administrar muito a minha vida, tudo isso vai ficando complicado, mas eu tento não pensar muito para não adoecer.

Da mesma forma que tenho a saúde já um pouco frágil, não posso mais me aborrecer e nem me preocupar tanto assim. O jeito é ir levando a vida, da maneira que for possível e tentando ser feliz com o que a vida puder me oferecer.  

Mas ainda é carnaval e penso que eu devo mentalizar situações e momentos de alegria, de positividade e pensar que este ano vou começar a viajar muito, a conhecer o que não deu para ser durante esses anos que desperdicei com situações que não foram para frente ou outros projetos que me desviaram dessa meta, digamos assim. Boa noite e fiquem com Deus.

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