Olívia de Cássia – jornalista
E lá vai o carnaval acabando no País, deixando saudade para
alguns; para outro levando o período de descanso e a certeza do recomeço de
tudo amanhã. Em outras fases da minha vida eu ficaria desesperada se não
tivesse em alguma folia, em alguma situação de brincadeira, mas tudo passa na
vida e este ano não deu para me divertir no carnaval.
Lembro que esperneava, brigava com mamãe quando ela me dizia
que eu não ia para a folia na Palmarina, chorava rios de lágrimas para ir aos
bailes, teimava, desobedecia, porque naquela época era como se tudo fosse
acabar se eu não fosse pular, brincar e estivesse na companhia dos amigos.
O tempo passou, a gente amadurece e tudo vai tendo outras
prioridades: o mundo não acabou porque não brinquei este ano. Não é que eu
tenha deixado de gostar de carnaval e de muita festa, mas como estou sem muito
aporte financeiro para me divertir e ir para um lugar de muita diversão,
resolvi me aquietar.
Também porque passei esses dias de Momo saudosa, lembrando
meu irmão que se foi em dezembro último. Esta semana lembrei muito de quando
ele tinha saúde e nessa época de carnaval em União, saia com seu opala amarelo,
levando meu primo Josival Serqueira, que se vestia de mulher e era animado
quando chegava lá em casa vindo do Rio de Janeiro.
Meu irmão também criou um bloco de carnaval na Rua da Ponte,
o irreverente Bloco Unhão, e saia com a turma boêmia da Rua da Ponte para se
divertir na periferia da cidade, que era onde ele se sentia melhor, era a sua
praia e mesmo com as reclamações da minha mãe, era na periferia que ele se encontrava.
Por tudo isso e por razões que também não entendi a desanimação,
achei por bem me aquietar, descansar, dormir e ler um pouco mais. Fui no
domingo em União, mas não me animei como nos outros anos; também por motivo de
trabalho, resolvi voltar no domingo.
E nem para ir à praia tive ânimo; antes eu me arrumava e
mesmo sozinha não perdia um domingo ou feriado de mar e sol. Mas essa mudança
interior deve querer me dizer algo que ainda não entendi: tem algumas situações
emocionais que ainda estou aprendendo a conhecer, mas que ainda me são
desconhecidas.
Passei esses dias lembrando os antigos carnavais de União
dos Palmares, acessando a internet, vendo fotos antigas e postando no Facebook;
lendo, pensando um pouco em como vou fazer para administrar minhas contas; na vontade
e necessidade de fazer uma reforma geral aqui em casa e nas responsabilidades
que terei pela frente.
É muita coisa para decidir, para dar conta com o mínimo de
dinheiro e sem saber administrar muito a minha vida, tudo isso vai ficando
complicado, mas eu tento não pensar muito para não adoecer.
Da mesma forma que tenho a saúde já um pouco frágil, não
posso mais me aborrecer e nem me preocupar tanto assim. O jeito é ir levando a
vida, da maneira que for possível e tentando ser feliz com o que a vida puder
me oferecer.
Mas ainda é carnaval e penso que eu devo mentalizar
situações e momentos de alegria, de positividade e pensar que este ano vou
começar a viajar muito, a conhecer o que não deu para ser durante esses anos
que desperdicei com situações que não foram para frente ou outros projetos que
me desviaram dessa meta, digamos assim. Boa noite e fiquem com Deus.
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