domingo, 16 de março de 2014

Alimentação saudável e atividades físicas podem prevenir surgimento do câncer

Ações de promoção à saúde e de prevenção às doenças surtem efeitos positivos
Olívia de Cássia – Repórter
Escolhas saudáveis na alimentação e nas atividades do dia a dia são medidas importantes de a gente se proteger contra o câncer, segundo os especialistas.  Eles avaliam que o indivíduo que pratica atividade física regularmente terá uma vida mais saudável do que os sedentários. Segundo o professor de Educação Física e personal treiner Alysson Nobre, evidências científicas vêm sendo acumuladas mostrando que a atividade física é uma forma primária de prevenção do câncer.
“Pesquisadores acreditam que isso seja devido ao fato de o exercício auxiliar o conteúdo do colo a se mover mais rapidamente, mantendo as pessoas magras e diminuindo o nível sanguíneo de insulina e triacilglicerol, ocasionando um ambiente metabólico menos favorável ao tumor”, observa.
Segundo Alysson Nobre, homens fisicamente ativos apresentam uma redução de 30 a 40% na redução do risco do câncer do colón, “pois a atividade física aumenta o peristaltismo colônico, promovendo uma diminuição no tempo de trânsito intestinal, o que reduz a probabilidade de praticantes de atividade física incidência de câncer de colón”, destaca.
Já as mulheres fisicamente ativas, segundo o professor e personal, apresentam redução de 20 a 30% no risco de câncer de mama, quando comparadas às sedentárias: “O que pode ser explicado pelo fato de que praticantes de atividade física têm nível de produção de estrogênio diminuído, fator que interfere no desenvolvimento do câncer de mama pelo fato de que muitos tipos desta neoplasia serem hormônios dependentes e que uma maior concentração desse hormônio facilita o desenvolvimento da doença”, ensina.
Outro tipo propenso a desenvolver a doença, segundo ele, são os indivíduos obesos e com sobrepeso, que têm um risco maior em desenvolver algum tipo de neoplasia relacionada a hormônios, “tendo em vista que na obesidade pode ocorrer um aumento de 100 a 200% na secreção de insulina em relação às taxas de indivíduos com peso normal, devido à redução de sensibilidade à insulina ou redução do número de receptores da substância”, destaca.
Alysson Nobre orienta que as pessoas façam atividades físicas, aconselhando que seja feita uma avaliação médica antes de se exercitar. Outra dica, segundo ele, é que a pessoa escolha o  que proporciona mais prazer: “Pratique atividade física sob orientação do profissional de educação física, pelo menos 30 minutos de exercícios, de duas a cinco vezes por semana”, observa.
Exposição a fatores de risco do cotidiano aumentam a chance de se ter a doença
Segundo a médica Maria Roseane Tenório Mendonça, professora-doutora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), as pessoas estão cada vez mais expostas aos fatores de risco cancerígenos, dependendo do estilo de vida adotado por cada uma, como os nossos hábitos em relação aos comportamentos saudáveis. “Alimentação adequada, atividade física regular, não fumar, beber em momentos sociais e moderadamente, dormir bem, adotar medidas de relaxamento em curtos intervalos do dia, dentre outros”, pontua.
Roseane Mendonça explica que os avanços científicos, nas três últimas décadas, evidenciaram que os pacientes podem se proteger do câncer e também contribuir com a força vital interna, associado à terapêutica adequada, “pois todos nós carregamos em nossas ‘malinhas pessoais’, genes cancerígenos que podem ser despertados ou bloqueados, dependendo dos comportamentos que adotamos na vida”, destaca.
Segundo a professora-doutora, ações relacionadas à atenção primária, como as de promoção à saúde e de prevenção às doenças, desde que bem indicadas, surtem efeitos positivos que vêm despertando o interesse dos profissionais de saúde em todo mundo, pois representam uma arma poderosa de combate ao câncer no contexto da saúde pública.    
O médico oncologista Paulino Vergetti Neto observa que o câncer é uma doença genética, que pode ou não ser hereditária ou adquirida. “Alguns deles são congênitos; a doença é considerada crônica degenerativa e é hoje a que mais se cura”, pontua. Segundo ele, no Nordeste, entre as mulheres, a maior incidência entre os cânceres é o do colo do útero e os das mamas; entre os homens é o câncer de pulmão e o da próstata.
Segundo o oncologista, a maior luta e a mais interessante que se tem conquistado na atualidade é a descoberta de novas drogas anticâncer e os novos tipos de abordagens quimioterápicas, radioterápicas e cirúrgicas. Mas ele observa que a prevenção ainda é o caminho mais promissor para se enfrentar a doença.
“Vacinas estão sendo usadas, outras em fase de desenvolvimento. Esta é uma das áreas mais promissoras na terapêutica atual do câncer. As grandes universidades mundo afora têm investido verdadeiras fortunas para desenvolver meios tanto de prevenção como terapêuticos”, destaca.
CAUSAS
Paulino Vergetti argumenta que hoje são conhecidos vários fatores causadores da doença, desde os nossos próprios hormônios. “Há cânceres que estão diretamente ligados às irradiações vindas do sol e de outros lugares do cosmos. Elas causam alterações em nosso corpo que alteram o funcionamento dos genes, locais intracelulares que regulam toda a nossa fisiologia, daí afirmarmos que todos eles são doenças genéticas”, explica.

Segundo o médico, a gordura é outro vilão, principalmente para as mulheres, no que se refere aos cânceres das mamas e em ambos os sexos no que diz aos cânceres do aparelho digestivo. “A alimentação desbalanceada, a falta de exercícios físicos naturais, a excessiva exposição às radiações solares, o estresse da vida moderna e a exposição a certas substâncias presentes nos produtos artificiais que consumimos diariamente, tudo isso contribui para seu aparecimento”, pontua.

 Nutricionista de Promoção à Saúde destaca trabalho em comunidades carentes

O Dia Mundial de Combate ao Câncer, lembrado no último  dia 4 de fevereiro, levou a  Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS), por meio da Coordenação de Promoção e Educação em Saúde (Copes), e com o apoio da coordenadoria geral dos Distritos Sanitários, a desenvolver ações comunitárias com a Carreta da Mulher, na Praça Pingo D’Água, no Vergel, no Benedito Bentes e outros locais de Maceió.
O objetivo do projeto é envolver mulheres que fizeram exames no local e na oportunidade foram passadas orientações sobre a importância de uma vida salutar, com exercícios físicos e uma boa alimentação. Segundo Vânia Nascimento, coordenadora do projeto, durante a ação foram detectados três casos de cânceres em mulheres do bairro do Vergel;  a atividade teve o objetivo de promover a prevenção.  
Na ação da SMS, a nutricionista Kelly Barros conta que proferiu várias palestras sobre a importância de uma alimentação saudável e sobre alimentos livres de oxidantes, além de outras orientações educativas de saúde alimentar.
“Expliquei um pouco à comunidade sobre alimentação, os alimentos que aumentam as chances de se ter um câncer e os preventivos. Dentro daqueles que interferem no surgimento de um câncer estão aqueles de maior densidade calórica, como dos de fast food e os industrializados”, destaca.
Além de aumentar o peso, segundo ela, as células gordurosas do corpo ativam o processo inflamatório, que podem acarretar no surgimento de um câncer. “Por causa desses alimentos que são industrializados, que possuem alta densidade calórica, a alta quantidade de sal nesses alimentos também interfere no surgimento dos processos inflamatórios, quando ingeridos em alta quantidade, como nos alimentos industrializados que têm alta quantidade de sódio”, explica.
Paciente relata que obteve a cura depois de passar por vários tratamentos agressivos
Giovana Andreatto é assessora de comunicação na Assembleia Legislativa e especialista em Marketing Político; ela conta que teve um linfoma de Hodgkin, que é uma forma de câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático. “O meu estava localizado no mediastino e descobri porque começou a aparecer alguns "carocinhos" no meu pescoço”, explica.
A assessora de comunicação argumenta que fez três anos de tratamento: descobriu a doença em julho de 1993 e terminou o tratamento em outubro de 1996. “Ao todo foram 27 sessões de quimioterapia e 40 de radioterapia”. Nesse intervalo de três anos de tratamento, com mais ou menos dois anos ela descreve que recebeu alta da quimioterapia para fazer a radioterapia e teve uma recaída.
“Voltei a fazer a quimioterapia e foram anos de muito sofrimento: o tratamento tinha muitos efeitos colaterais como: vômito, fraqueza, queda de cabelo; os corticoides me fizeram ficar muito inchada e com certeza se não fosse minha fé em Deus e a força da minha família eu não teria conseguido, principalmente porque eles também não desistiram de lutar comigo”, destaca.
Segundo Giovana, a pior parte do processo foi quando rompeu uma veia em seu estômago: “Quase morri porque não descobriam o que era: eu defecava e vomitava sangue direto. Comecei a ficar muito fraca e fiquei um tempo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até descobrirem o que era. Nessa época, meus pais, desacreditados com o tratamento que eu vinha fazendo aqui em Alagoas, me levaram para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde temos parentes”, ressalta.
OPÇÃO
Segundo Giovana Andreatto, não tinha nenhuma restrição alimentar no tratamento prescrito pelos médicos que a atenderam e por conta de estar muito fraca não tinha como fazer atividade física. “Precisei fazer várias transfusões de sangue à época e estive várias vezes internada. Hoje, por opção minha mesmo, mantenho uma alimentação muito saudável”, revela.
Passado esse tratamento, há seis anos, Giovana Andreatto descobriu que tinha câncer de tireoide e precisou se submeter a uma cirurgia. “Tirei a tireoide e também contraí uma insuficiência cardíaca que os médicos acreditam ser ainda consequência do tratamento. Por conta da insuficiência cardíaca tenho algumas restrições para atividades físicas, mas faço caminhadas”. Giovana conclui que está curada do câncer.

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