Ações
de promoção à saúde e de prevenção às doenças surtem efeitos positivos
Olívia
de Cássia – Repórter
Escolhas
saudáveis na alimentação e nas atividades do dia a dia são medidas importantes
de a gente se proteger contra o câncer, segundo os especialistas. Eles
avaliam que o indivíduo que pratica atividade física regularmente terá uma vida
mais saudável do que os sedentários. Segundo o professor de Educação Física e
personal treiner Alysson Nobre, evidências científicas vêm sendo acumuladas
mostrando que a atividade física é uma forma primária de prevenção do câncer.
“Pesquisadores
acreditam que isso seja devido ao fato de o exercício auxiliar o conteúdo do
colo a se mover mais rapidamente, mantendo as pessoas magras e diminuindo o
nível sanguíneo de insulina e triacilglicerol, ocasionando um ambiente
metabólico menos favorável ao tumor”, observa.
Segundo
Alysson Nobre, homens fisicamente ativos apresentam uma redução de 30 a 40% na
redução do risco do câncer do colón, “pois a atividade física aumenta o
peristaltismo colônico, promovendo uma diminuição no tempo de trânsito
intestinal, o que reduz a probabilidade de praticantes de atividade física
incidência de câncer de colón”, destaca.
Já as
mulheres fisicamente ativas, segundo o professor e personal, apresentam redução
de 20 a 30% no risco de câncer de mama, quando comparadas às sedentárias: “O
que pode ser explicado pelo fato de que praticantes de atividade física têm
nível de produção de estrogênio diminuído, fator que interfere no
desenvolvimento do câncer de mama pelo fato de que muitos tipos desta neoplasia
serem hormônios dependentes e que uma maior concentração desse hormônio
facilita o desenvolvimento da doença”, ensina.
Outro
tipo propenso a desenvolver a doença, segundo ele, são os indivíduos obesos e
com sobrepeso, que têm um risco maior em desenvolver algum tipo de neoplasia
relacionada a hormônios, “tendo em vista que na obesidade pode ocorrer um
aumento de 100 a 200% na secreção de insulina em relação às taxas de indivíduos
com peso normal, devido à redução de sensibilidade à insulina ou redução do
número de receptores da substância”, destaca.
Alysson
Nobre orienta que as pessoas façam atividades físicas, aconselhando que seja
feita uma avaliação médica antes de se exercitar. Outra dica, segundo ele, é
que a pessoa escolha o que proporciona mais prazer: “Pratique atividade
física sob orientação do profissional de educação física, pelo menos 30 minutos
de exercícios, de duas a cinco vezes por semana”, observa.
Exposição
a fatores de risco do cotidiano aumentam a chance de se ter a doença
Segundo
a médica Maria Roseane Tenório Mendonça, professora-doutora da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), as pessoas estão cada vez
mais expostas aos fatores de risco cancerígenos, dependendo do estilo de vida
adotado por cada uma, como os nossos hábitos em relação aos comportamentos saudáveis.
“Alimentação adequada, atividade física regular, não fumar, beber em momentos
sociais e moderadamente, dormir bem, adotar medidas de relaxamento em curtos
intervalos do dia, dentre outros”, pontua.
Roseane
Mendonça explica que os avanços científicos, nas três últimas décadas,
evidenciaram que os pacientes podem se proteger do câncer e também contribuir
com a força vital interna, associado à terapêutica adequada, “pois todos nós
carregamos em nossas ‘malinhas pessoais’, genes cancerígenos que podem ser
despertados ou bloqueados, dependendo dos comportamentos que adotamos na vida”,
destaca.
Segundo
a professora-doutora, ações relacionadas à atenção primária, como as de
promoção à saúde e de prevenção às doenças, desde que bem indicadas, surtem
efeitos positivos que vêm despertando o interesse dos profissionais de saúde em
todo mundo, pois representam uma arma poderosa de combate ao câncer no contexto
da saúde pública.
O
médico oncologista Paulino Vergetti Neto observa que o câncer é uma doença
genética, que pode ou não ser hereditária ou adquirida. “Alguns deles são
congênitos; a doença é considerada crônica degenerativa e é hoje a que mais se
cura”, pontua. Segundo ele, no Nordeste, entre as mulheres, a maior incidência
entre os cânceres é o do colo do útero e os das mamas; entre os homens é o
câncer de pulmão e o da próstata.
Segundo
o oncologista, a maior luta e a mais interessante que se tem conquistado na
atualidade é a descoberta de novas drogas anticâncer e os novos tipos de
abordagens quimioterápicas, radioterápicas e cirúrgicas. Mas ele observa que a
prevenção ainda é o caminho mais promissor para se enfrentar a doença.
“Vacinas
estão sendo usadas, outras em fase de desenvolvimento. Esta é uma das áreas
mais promissoras na terapêutica atual do câncer. As grandes universidades mundo
afora têm investido verdadeiras fortunas para desenvolver meios tanto de
prevenção como terapêuticos”, destaca.
CAUSAS
Paulino
Vergetti argumenta que hoje são conhecidos vários fatores causadores da doença,
desde os nossos próprios hormônios. “Há cânceres que estão diretamente ligados
às irradiações vindas do sol e de outros lugares do cosmos. Elas causam
alterações em nosso corpo que alteram o funcionamento dos genes, locais
intracelulares que regulam toda a nossa fisiologia, daí afirmarmos que todos
eles são doenças genéticas”, explica.
Segundo
o médico, a gordura é outro vilão, principalmente para as mulheres, no que se
refere aos cânceres das mamas e em ambos os sexos no que diz aos cânceres do
aparelho digestivo. “A alimentação desbalanceada, a falta de exercícios físicos
naturais, a excessiva exposição às radiações solares, o estresse da vida
moderna e a exposição a certas substâncias presentes nos produtos artificiais
que consumimos diariamente, tudo isso contribui para seu aparecimento”, pontua.
Nutricionista de Promoção à Saúde destaca trabalho em comunidades carentes
O Dia
Mundial de Combate ao Câncer, lembrado no último dia 4 de fevereiro,
levou a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS), por meio da Coordenação
de Promoção e Educação em Saúde (Copes), e com o apoio da coordenadoria geral
dos Distritos Sanitários, a desenvolver ações comunitárias com a Carreta da
Mulher, na Praça Pingo D’Água, no Vergel, no Benedito Bentes e outros locais de
Maceió.
O objetivo
do projeto é envolver mulheres que fizeram exames no local e na oportunidade
foram passadas orientações sobre a importância de uma vida salutar, com
exercícios físicos e uma boa alimentação. Segundo Vânia Nascimento,
coordenadora do projeto, durante a ação foram detectados três casos de cânceres
em mulheres do bairro do Vergel; a atividade teve o objetivo de promover
a prevenção.
Na
ação da SMS, a nutricionista
Kelly Barros conta que proferiu várias palestras sobre a importância de uma
alimentação saudável e sobre alimentos livres de oxidantes, além de outras
orientações educativas de saúde alimentar.
“Expliquei
um pouco à comunidade sobre alimentação, os alimentos que aumentam as chances
de se ter um câncer e os preventivos. Dentro daqueles que interferem no
surgimento de um câncer estão aqueles de maior densidade calórica, como dos de
fast food e os industrializados”, destaca.
Além
de aumentar o peso, segundo ela, as células gordurosas do corpo ativam o
processo inflamatório, que podem acarretar no surgimento de um câncer. “Por
causa desses alimentos que são industrializados, que possuem alta densidade
calórica, a alta quantidade de sal nesses alimentos também interfere no
surgimento dos processos inflamatórios, quando ingeridos em alta quantidade,
como nos alimentos industrializados que têm alta quantidade de sódio”, explica.
Paciente
relata que obteve a cura depois de passar por vários tratamentos agressivos
Giovana
Andreatto é assessora de comunicação na Assembleia Legislativa e especialista
em Marketing Político; ela conta que teve um linfoma de
Hodgkin, que é uma forma de câncer que se origina nos linfonodos
(gânglios) do sistema linfático. “O meu estava localizado no mediastino e
descobri porque começou a aparecer alguns "carocinhos" no meu
pescoço”, explica.
A
assessora de comunicação argumenta que fez três anos de tratamento: descobriu a
doença em julho de 1993 e terminou o tratamento em outubro de 1996. “Ao todo
foram 27 sessões de quimioterapia e 40 de radioterapia”. Nesse intervalo de
três anos de tratamento, com mais ou menos dois anos ela descreve que recebeu
alta da quimioterapia para fazer a radioterapia e teve
uma recaída.
“Voltei
a fazer a quimioterapia e foram anos de muito sofrimento: o tratamento tinha
muitos efeitos colaterais como: vômito, fraqueza, queda de cabelo; os
corticoides me fizeram ficar muito inchada e com certeza se não fosse minha fé
em Deus e a força da minha família eu não teria conseguido, principalmente
porque eles também não desistiram de lutar comigo”, destaca.
Segundo
Giovana, a pior parte do processo foi quando rompeu uma veia em seu estômago:
“Quase morri porque não descobriam o que era: eu defecava e vomitava sangue
direto. Comecei a ficar muito fraca e fiquei um tempo na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) até descobrirem o que era. Nessa época, meus pais,
desacreditados com o tratamento que eu vinha fazendo aqui em Alagoas, me
levaram para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde temos parentes”,
ressalta.
OPÇÃO
Segundo
Giovana Andreatto, não tinha nenhuma restrição alimentar no tratamento
prescrito pelos médicos que a atenderam e por conta de estar muito fraca não
tinha como fazer atividade física. “Precisei fazer várias transfusões de sangue
à época e estive várias vezes internada. Hoje, por opção minha mesmo, mantenho
uma alimentação muito saudável”, revela.
Passado
esse tratamento, há seis anos, Giovana Andreatto descobriu que tinha câncer de
tireoide e precisou se submeter a uma cirurgia. “Tirei a tireoide e também
contraí uma insuficiência cardíaca que os médicos acreditam ser ainda
consequência do tratamento. Por conta da insuficiência cardíaca tenho algumas
restrições para atividades físicas, mas faço caminhadas”. Giovana conclui que
está curada do câncer.
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