quarta-feira, 19 de março de 2014

Impossível não se apaixonar pelo Sertão


Olívia de Cássia – Repórter

Eu ouvia algumas autoridades falarem e ressaltarem as belezas do Sertão, mas só conhecia aquela realidade dos livros e dos noticiários: de terra seca, clima semiárido, plantações mortas;  apenas a palma servindo de alimentação para o gado; solo empobrecido e da luta dos sertanejos pela sobrevivência, reforçando aquela tese de que “o sertanejo é sobretudo um forte”.

Nascida na Zona da Mata, na Terra da Liberdade, até então eu não tinha ido aqueles lados, de onde, segundo minhas pesquisas, vieram os meus primeiros ancestrais se espalhando por Capela, União dos Palmares, Murici, Branquinha, Atalaia e pelos rincões desse país.

Ano passado, por motivo de trabalho, comecei a conhecer algumas cidades sertanejas e fui me encantando aos poucos pela região. O Sertão alagoano tem riquezas e belezas variadas e só precisa que os governantes tenham um olhar especial pelo local.

Este ano tive o privilégio de fazer meu primeiro passeio pelos cânions do São Francisco, conhecer a hidroelétrica do Xingó e a cidade lapinha de Piranhas: me apaixonei de imediato e,  encantada com tanta beleza, vou voltar  ao local sempre que puder.

Não é à toa que falam com tanta paixão do Sertão. Luiz Gonzaga imortalizou o seu amor pela sua terra, falando do sofrimento de quem mora na região, devido à escassez de chuvas e solo arenoso e escritores como Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, que tanto dissertaram em suas obras a respeito da peleja que é viver em lugar insalubre.

Mas o Sertão não é só de sofrimento e o turismo na região dos cânions do São Francisco está crescendo e cada dia, atraindo muitos visitantes ao local. Quem vai fazer o passeio tem vontade de voltar.

Visitei o local no último sábado do mês de fevereiro e é fascinante quando o catamarã vai se aproximando daqueles paredões, cuja água represada pelo lago formado depois da construção da usina hidrelétrica não atinge nem a metade daqueles morros gigantes.

São paredões rochosos gigantescos, onde pedras formam esculturas naturais, que até parece foram esculpidas pela mão humana. São morros de pouca vegetação e muito pedregulho, que formam um conjunto harmonioso com as águas do Velho Chico, um dos rios mais importantes do País e que precisa de mais cuidado para não morrer e se tornar esgoto, como muitos nos municípios brasileiros.

O Rio São Francisco atravessa regiões com condições naturais das mais diversas e tem cinco usinas hidrelétricas.  Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Alagoas são estados por onde o rio passa, com sua beleza natural e que enche os olhos de quem vê.

Em Alagoas, as obras do Canal do Sertão aviva a esperança dos sertanejos, mas preocupa alguns pelo fato de algumas lideranças rurais avaliarem que as águas vão ser úteis muito mais para grandes fazendeiros. É preciso que haja fiscalização.

Em Pernambuco, as ações de revitalização do rio São Francisco envolvem obras de grande alcance ambiental que objetivam barrar a poluição e o assoreamento do Velho Chico. O  trabalho pretende melhorar as condições de vida da população ribeirinha dos municípios do raio de atuação da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba.

Segundo informações, as obras integram o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Ministério da Integração Nacional, e outros 14 ministérios, sendo a Codevasf uma das executoras das ações.

Assim como lá, por aqui aqui é preciso incremento de ações para que o Velho Chico seja recuperado nas áreas onde já tem assoreamento, para não prejudicar o povo do Sertão. O programa das cisternas, de autoria do Governo Federal, ajuda muito, mas é urgente e necessário que se desenvolva programas alternativos para aliviar a dor dos agricultores daquele lugar. Impossível não se apaixonar!

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