A ideia de liberou geral está ligada ao sentimento de libertação interior |
Olívia de Cássia - Repórter
Há quem diga que todas as loucuras são permitidas no carnaval e todos os tabus são deixados de lado: das mais simples fantasias até as mais sensualizadas. É tempo de soltar aquelas energias que estão reprimidas e de dar vasão à sensação de liberdade que está escondida dentro de cada um.
Para a psicóloga clínica Claudia de Bulhões, terapeuta corporal e escritora, essa ideia do liberou geral no carnaval acontece por uma necessidade de espaço aonde as pessoas se sintam livres.
Segundo ela, pode ser liberar geral ou liberar a sua vontade de viver. “Colocar sua criança para fora vestindo fantasias infantis colocando a agressividade contida com fantasias que comportem objetos como espada machadinha ou a sensualidade; vestindo-se de dançarinas do ventre ou de havaiana”, destaca.
Cláudia de Bulhões argumenta que as pessoas costumam usar máscaras nesta época do ano, para se esconder do óbvio que é ‘esconder de si mesmo’. “Nossos grilhões culturais (sociais) necessitam ‘afrouxar’ um pouco do dia a dia. Somos prisioneiros do que nos ensinaram e aprendemos. O não pode, não deve, é pecado são expressões muito fortes e o carnaval nos oferece a oportunidade de, ao vestirmos uma fantasia física ou mental sairmos de nossos grilhões”, analisa.
O antropólogo e jornalista Jorge Vieira disse que essa ideia de liberação geral no carnaval faz parte da própria história do povo brasileiro: “Não é uma coisa de hoje; há uma hipocrisia da sociedade, que diz que nessa época o povo expõe o corpo, mas o brasileiro já vive o ano todo nessa festa”, observa.
Diferente do Brasil, Jorge Vieira explica que em alguns países da Europa, o carnaval é apenas arrumar as crianças com roupas de personagens das histórias infantis. No Brasil ele destaca que há uma ressignificação simbólica das culturas, um momento propício (para extravasar emoções).
Segundo o professor, por mais que a elite e alguns meios de comunicação tentem colocar a questão ideológica, o carnaval do Brasil com todo o seu significado e ideia de liberação total é um processo histórico: “Como dizia Darci Ribeiro, a questão pudica não é nossa, mas a mídia se apropria disso”, observa.
VALE NIGHT
Para a blogueira Marcela Pimenta, vivemos preocupados com os afazeres do dia a dia, na maior parte do ano estamos correndo atrás de alguma coisa e o nosso lado racional é valorizado por nos auxiliar com a clareza e objetividade necessária aos desafios cotidianos.
“Mas existem alguns períodos em que a situação se inverte e o Carnaval é a representação mais clara desse momento. A racionalidade fica em segundo plano e o princípio do prazer conduz grande parte das pessoas. A brincadeira, a vontade, a sensualidade e a alegria tomam conta do país e muitos se rendem à magia dessa época”, pontua.
Segundo Mateus Santino, o carnaval é definido como uma época de ‘liberdade’: “Numa palavra, trata-se de um momento onde se pode deixar de viver a vida como fardo e castigo e ter a oportunidade de fazer tudo ao contrário, mas é preciso estar atento à prevenção de doenças e da gravidez não planejada”, argumenta.
A jornalista Mariana Alves observa que no carnaval gosta de se sentir livre, sem compromissos e que todo ano dá um ‘vale night’ para o namorado. “Nós temos um relacionamento aberto, de confiança, mas reconheço que nem todas as mulheres têm essa coragem. De certa forma sinto que testo um pouco o meu namorado”, observa.
Mariana Alves acredita que ‘dando’ essa liberdade para o namorado Artur, o relacionamento fica mais franco, sem hipocrisias. “Quase todo homem trai e no carnaval isso não seria diferente; então me antecipo e deixo o Artur livre, para quando terminar o carnaval ele avaliar suas escolhas”, conta.
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