domingo, 12 de maio de 2013

Sobre o Dia das Mães

 Olívia de Cássia-jornalista


A gente sabe que o Dia das Mães é apenas mais uma data criada, de apelo comercial e que as mães devem ser  homenageadas todos os dias, em todas as datas e lugares e não custa nada deixar de ser ranzinza e de contestar o sistema pelo apelo comercial da data.

Eu não sou alienada, mas já passei desse instante de ficar reclamando por tudo, pelos malefícios do capitalismo, argumentando que é uma comemoração burguesa, mas a gente não deve se esquecer das contradições do sistema e das dificuldades que algumas mães têm passado por esses dias.

Nessas horas eu penso nas mulheres que moram nas ruas, naquelas que vivem em lugares insalubres, sem nada para comemorar. Enquanto muita gente se preparava e pensava no que ia fazer e como presentear  suas mães, outras mulheres sofriam violências absurdas cotidianamente.

No noticiário nacional, nas últimas semanas, tivemos notícias de estupros de mulheres em coletivos. Mulheres assassinadas nas ruas dos bairros periféricos de Maceió e muitas mães chorando as mortes de seus filhos: sejam eles bandidos ou inocentes.

O que dizer dessas mulheres que são mães de jovens que enveredaram pelo caminho das drogas e que lutam diariamente, na esperança de vê-los livres dos vícios e das más companhias? 

É a mesma coisa de quando chove e fico pensando em quem mora nas barreiras: quando acontecem esses crimes e tragédias familiares eu penso muito nos pais desses meninos e meninas que estão se perdendo no mundo da droga e do crime, principalmente as mães, são elas que sofrem mais, porque na maioria das vezes  são elas que assumem a casa e a educação dos filhos.

Eu me reporto à dona Antônia, minha mãe, que não tinha muitas razões para ter preocupações exageradas com os filhos, mas ficava apavorada quando ouvia alguma fofoca a nosso respeito.

Ela nem contava história e muitas vezes nos batia, mesmo sem saber se os comentários eram verdadeiros se soubesse de algum mal feito que tivéssemos cometido. Mas os tempos mudaram e ‘a criação dos filhos’, como dizem os mais velhos, também mudou.

Hoje uma mãe não pode mais dar uma palmada no filho que já é considerado espancamento e talvez muita gente esteja precisando desse corretivo de mãe para aprender algumas lições. O mundo está precisando de amparo, do amparo das mães, desesperadas pelos seus filhos.

Mas hoje é um dia para a gente render todas as homenagens que elas mereceram e merecem. A minha eu já não tenho e o dia hoje foi de muita saudade e muitas lembranças. Saudade das nossas brigas, das nossas diferenças e dos seus conselhos radicais.

Eu sei que minha mãe se preocupava com o meu futuro, com a minha vida, como toda boa mãe. Queria o melhor que eu pudesse ter: as melhores companhias e qualidade de vida. Sinto muito a falta dela e do meu pai e se estivessem hoje por aqui já estariam bem velhinhos e talvez nem lembrassem mais de mim. 

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