Não tenho a estatística oficial da morte de mulheres por
assassinato em Alagoas, mas na última vez que pesquisei o site da Defesa Social
o percentual era de 4% com relação aos assassinatos de homens; avalio que esse percentual tenha aumentado
este ano, devido aos casos que venho acompanhando no noticiário.
É visível isso na imprensa, na maioria das vezes, crimes
cometidos por homens covardes, cruéis, inconformados com o fim do
relacionamento, por envolvimento com companheiros do tráfico ou elas próprias
envolvidas com droga ou em relacionamentos com homens comprometidos.
Não venham me dizer que isso só acontece por aqui, em nosso
Estado. Agredir, matar, estuprar uma mulher ou uma menina são fatos que têm
acontecido ao longo da história em praticamente todos os países ditos
civilizados e dotados dos mais diferentes regimes econômicos e políticos, diz o
texto Estudos Avançados Violência contra
a mulher e políticas públicas, de Eva Alterman Blay, publicado no site
http://www.scielo.br.
A magnitude da
agressão, porém, varia, diz ela: “É mais frequente em países de uma
prevalecente cultura masculina, e menor em culturas que buscam soluções
igualitárias para as diferenças de gênero”.
Antigamente, quando uma mulher se envolvia com um homem
casado ela era discriminada na sociedade, era vítima de muitos falatórios e
muitas vezes e na maioria delas eram expulsas da família, como leprosas ou do
próprio meio onde vivia. Acompanhei isso
na literatura e observei muito o fato em União dos Palmares.
O tempo passou, os relacionamentos amorosos mudaram, as
mulheres conquistaram postos de comando no mercado de trabalho, assumiram viver
sozinhas ou em relacionamentos de união estável, mas a violência contra esse
extrato da sociedade aumenta com o passar dos anos e com a evolução dos
costumes.
Eva Blay observa que matam pessoas do sexo feminino de todas
as idades, desde bebês até mulheres com mais de setenta anos, mas prevalece a
faixa compreendida entre 22 e trinta anos, segundo o estudo feito por ela.
Blay acrescenta que os jornais, já na década de 1990,
indicavam que 22% dos crimes eram motivados por tentativas de separação, ciúme,
ou suspeita de adultério. Em 2000, estes mesmos motivos cresceram e foram
responsáveis por 28% dos crimes.
Nos últimos anos a gente tem acompanhado o ‘fenômeno’ com
muita frequência. Este ano, em Alagoas, vimos o caso de uma mulher inconformada
com a gravidez de outra de seu companheiro envolvido com o tráfico e mandou
executá-la, com requintes de crueldade.
O noticiário informa que mulheres estão sendo raptadas e mortas por conta de
crimes passionais, jovens universitárias que têm o futuro e a juventude
interrompidos por pura estupidez. Na semana
que passou a sociedade soube do assassinato de uma menina grávida e o crime
teria sido porque o assassino não aceitou a gravidez dela.
Gente, estamos no século XXI, a sociedade se ‘modernizou’ e
nem assim essa barbárie teve fim. E eu fico me perguntando que evolução social
é essa. É impressionante isso. Também a gente vê mulheres jovens que engravidam
irresponsavelmente, mesmo com a distribuição de anticoncepcional nos postos de
saúde, camisinhas, mas nem assim esse problema tem acabado. Parece que aumenta
a cada dia.
Queria levantar esse tema hoje porque não me conformo com
isso e não quero observar a questão apenas pelo lado religioso, sobre o motivo
dessa deterioração na vida de muitas meninas, que mal saem das fraldas, nem
brincam mais de boneca e já estão envolvidas em relacionamentos enrolados ou
grávidas.
Talvez falte política pública para a diminuição desse
problema, vão me dizer. É fato, mas também avalio que é a própria deterioração
dos relacionamentos numa sociedade consumista, onde tudo parece descartável,
até as pessoas. Hoje qualquer briga já é motivo de uma separação. Não se tem
mais tolerância e nem paciência para nada, avalio eu. Fica a reflexão.
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