domingo, 19 de maio de 2013

Crimes medievais contra a mulher na era da modernidade

Olivia de Cássia - jornalista

Não tenho a estatística oficial da morte de mulheres por assassinato em Alagoas, mas na última vez que pesquisei o site da Defesa Social o percentual era de 4% com relação aos assassinatos de homens;  avalio que esse percentual tenha aumentado este ano, devido aos casos que venho acompanhando no noticiário.

É visível isso na imprensa, na maioria das vezes, crimes cometidos por homens covardes, cruéis, inconformados com o fim do relacionamento, por envolvimento com companheiros do tráfico ou elas próprias envolvidas com droga ou em relacionamentos com homens comprometidos.

Não venham me dizer que isso só acontece por aqui, em nosso Estado. Agredir, matar, estuprar uma mulher ou uma menina são fatos que têm acontecido ao longo da história em praticamente todos os países ditos civilizados e dotados dos mais diferentes regimes econômicos e políticos, diz o texto Estudos Avançados  Violência contra a mulher e políticas públicas, de Eva Alterman Blay, publicado no site http://www.scielo.br.

 A magnitude da agressão, porém, varia, diz ela: “É mais frequente em países de uma prevalecente cultura masculina, e menor em culturas que buscam soluções igualitárias para as diferenças de gênero”.

Antigamente, quando uma mulher se envolvia com um homem casado ela era discriminada na sociedade, era vítima de muitos falatórios e muitas vezes e na maioria delas eram expulsas da família, como leprosas ou do próprio meio onde vivia.  Acompanhei isso na literatura e observei muito o fato em União dos Palmares.

O tempo passou, os relacionamentos amorosos mudaram, as mulheres conquistaram postos de comando no mercado de trabalho, assumiram viver sozinhas ou em relacionamentos de união estável, mas a violência contra esse extrato da sociedade aumenta com o passar dos anos e com a evolução dos costumes. 

Eva Blay observa que matam pessoas do sexo feminino de todas as idades, desde bebês até mulheres com mais de setenta anos, mas prevalece a faixa compreendida entre 22 e trinta anos, segundo o estudo feito por ela.

Blay acrescenta que os jornais, já na década de 1990, indicavam que 22% dos crimes eram motivados por tentativas de separação, ciúme, ou suspeita de adultério. Em 2000, estes mesmos motivos cresceram e foram responsáveis por 28% dos crimes.

Nos últimos anos a gente tem acompanhado o ‘fenômeno’ com muita frequência. Este ano, em Alagoas, vimos o caso de uma mulher inconformada com a gravidez de outra de seu companheiro envolvido com o tráfico e mandou executá-la, com requintes de crueldade.

O noticiário informa que mulheres  estão sendo raptadas e mortas por conta de crimes passionais, jovens universitárias que têm o futuro e a juventude interrompidos por pura estupidez.  Na semana que passou a sociedade soube do assassinato de uma menina grávida e o crime teria sido porque o assassino não aceitou a gravidez dela.

Gente, estamos no século XXI, a sociedade se ‘modernizou’ e nem assim essa barbárie teve fim. E eu fico me perguntando que evolução social é essa. É impressionante isso. Também a gente vê mulheres jovens que engravidam irresponsavelmente, mesmo com a distribuição de anticoncepcional nos postos de saúde, camisinhas, mas nem assim esse problema tem acabado. Parece que aumenta a cada dia.

Queria levantar esse tema hoje porque não me conformo com isso e não quero observar a questão apenas pelo lado religioso, sobre o motivo dessa deterioração na vida de muitas meninas, que mal saem das fraldas, nem brincam mais de boneca e já estão envolvidas em relacionamentos enrolados ou grávidas.

Talvez falte política pública para a diminuição desse problema, vão me dizer. É fato, mas também avalio que é a própria deterioração dos relacionamentos numa sociedade consumista, onde tudo parece descartável, até as pessoas. Hoje qualquer briga já é motivo de uma separação. Não se tem mais tolerância e nem paciência para nada, avalio eu. Fica a reflexão.

Nenhum comentário:

Aqui dentro tudo é igual

  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...