domingo, 19 de maio de 2013

É domingo!

Olívia de Cássia – jornalista

O domingo amanheceu como aqueles em dias de maio, em União dos Palmares. Lá em casa a rotina era a mesma toda semana: meu pai ia à missa e levava todos nós, quando éramos crianças. Quando eu não ia com ele, ia com minha avó Olívia, de quem herdei o primeiro nome, devido às dificuldades da idade dela.

Eu e minha avó, para encurtar o caminho, íamos à igreja pela grande ladeira, que naquela época ainda não tinha recebido o calçamento. Da Rua da Ponte até lá, passávamos pela ponte, dobrávamos à direita e seguíamos pela antiga feira do gado, até chegar á ladeira, paralela à Rua da Cachoeira.

Em tempo chuvoso ficava difícil o percurso e às vezes a gente levava quedas e ficava com a roupa toda cheia de barro: tanto eu quanto a minha avó. Lembro que no pé da ladeira tinha uma cacimba, onde os moradores da proximidade se abasteciam de água potável.

Aos domingos naquela época a alimentação da família lá em casa era muito simples. Comidinha caseira da roça; não tinha nenhuma sofisticação. No almoço o cardápio era macarrão e galinha, principalmente de capoeira, só aos domingos.

E a gente criança ficava torcendo para que chegasse logo o domingo, porque além dessas iguarias, minha mãe fazia pão-de-ló, rocambole e doces caseiros.

Também aos domingos, depois da missa, isso ainda na Rua da Ponte, era dia de tomar banho no Rio Mundaú, escondido da minha mãe; quando chegava em casa com a roupa encharcada, ela tratava logo de nos dar uma surra.

Já na Tavares Bastos, era dia de sair rua a fora com as amigas; quando crianças nós tínhamos o hábito de visitar os padrinhos e eu ia passear de jipe, eu e Luciana Medeiros, com meu padrinho Durval Vieira, de quem eu tenho doces lembranças.

Meu padrinho tinha esse carinho: quando eu morava na Rua da Ponte, todos os domingos ele chegava lá em casa para me levar para o passeio. E íamos até Branquinha pela ponte do povoado Cabeça de Porco, acesso antigo para Maceió e depois íamos até a Fazenda Sete Léguas, que era de propriedade dele.

Na Sete Léguas, que fica na Fazenda Frios, nós tomávamos banho no açude e comíamos muitas frutas: goiabas quase verde (as minhas preferidas) e muitas seriguela. Também aproveitávamos para ir até o curral ver o gado.

Essa vida eu adorava, quando não estava na Barriguda, do meu tio Antônio de Siqueira Paes, onde está toda a minha memória afetiva, junto com a Rua da Ponte. Era lá que a gente realizava as doces fantasias da infância.

Depois que a gente cresce toma outros rumos e a vida vai tratando de nos distanciar daquilo que a gente viveu na infância, mas a minha memória, até agora, não me falhou e ainda estão bem vivas essas doces lembranças daquilo que vivi nos belos tempos da infância.

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