Jovens em situação de risco participam de atividades na Casa |
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Olívia de Cássia - Repórter
Menores que vivem em situação de risco e que participam do
programa de recuperação da Fundação D. Paulo II de Maceió, precisam de
reinserção social. A instituição é mantenedora da Casa Dom Bosco, existe em Maceió
há 20 anos e está localizada na comunidade da Santa Amélia, em Maceió.
São 32 menores do sexo masculino, dependentes químicos, que voluntariamente
assumiram um projeto-programa de recuperação da entidade, encaminhados pelos
Conselhos Tutelares, Juizado de Menores ou pela Secretaria da Paz, que é
parceira do programa.
Segundo o padre Tito Régis, presidente da Fundação, o
programa que é oferecido aos jovens dura de seis meses a um ano, de acordo com
o progresso do jovem adolescente, mas se precisar prolongar a permanência na
Casa isso é feito.
Ele pontua que, para o jovem se reinserir na sociedade, sem
sofrer violência, seria necessário um programa continuado que acompanhasse também
a família, quando ele sai do programa, pois na maioria das vezes, quando voltam
para casa sofrem violência, segundo o padre.
“Temos jovens que sofreram violências ou que participaram de
algum ato de violência. Já perdemos 17 que saíram do programa e quando voltaram para
a família foram assassinados”, conta o padre Tito.
Padre Tito Régis, presidente da Fundação Paulo II |
CONVÊNIOS
Segundo o padre, esses colaboradores favorecem a Casa “com a
doação de alimentos, com muitos serviços voluntários e um trabalho de
arrecadação, por meio de carnê de dizimistas, que recolhem doações para a
Fundação”, reforça.
Os adolescentes assistidos pela Casa Dom Bosco também têm
atividades terapêuticas com acompanhamento de psicólogo, médico, assistente
social que, segundo Tito Régis, aplicam a metodologia dos doze passos,
semelhante ao programa dos Alcoólicos Anônimos.
“O programa já é aplicado pelos Alcoólicos Anônimos e outras
entidades em que o jovem vai progressivamente confrontando consigo e as
alternativas apontadas para a superação da dependência química”, conta o padre.
Ele relata que durante o dia, a partir das cinco da manhã, os
meninos da Casa Dom Bosco fazem várias tarefas como a limpeza e a higiene da
Casa. “Depois os funcionários fazem o aperfeiçoamento desse trabalho”, pontua.
Além dessa atividade, os meninos assistidos pela instituição
salesiana cuidam da horta, criação de peixes, porcos, galinhas patos e coelhos.
Depois dessas tarefas, segundo o padre, “há o momento de oração e reflexão”.
DOAÇÃO
Os meninos assistidos pela Fundação Dom Paulo II, depois que
realizam as atividades matinais vão assistir aula na Escola Carlos Novelo, que está
localizada quase em frente ao prédio da Fundação, no bairro da Santa Amélia e foi
uma doação de uma associação italiana.
Segundo o padre, na Escola Carlos Novelo, que é mantida pela
Fundação, são oferecidos cursos profissionalizantes: eletricistas, marcenaria,
cursos de informática, panificação, depois atividades esportivas como kung fu,
capoeira, entre outras.
Padre Tito reforça que o critério da Casa Dom Bosco, para
ser inserido no programa é: “Ele é dependente químico, está em situação de
risco, precisa de uma proteção. Esse é o critério de acolhimento da nossa casa”,
reforça. Segundo ele, os meninos são
separados por idade para que tenham atividades diferentes, para que o de 16 ou
17 anos não fique junto do de 12.
Além da Casa Dom Bosco, a instituição também funciona no abrigo
estudantil, no Farol, que é um abrigo para jovens estudantes que não têm dinheiro
para pagar uma pousada, um hotel, “ou dividir uma república de estudantes”,
conta o padre.
Além desses locais ele diz que tem outra casa para jovens
que terminam o programa, mas não podem ser reinseridos na sua família. “Estamos pretendendo abrir mais duas casas,
que são propriedade da Fundação, mas não temos ainda condição de manter”,
explica o padre.
Ele observa que seria uma casa para um trabalho prévio para
que o jovem fosse preparado antes de ir para a Casa Dom Bosco, “para não se
misturar com quem já está no programa, em tratamento que venha a complicar quem
já está sendo trabalhado”.
O segundo local, segundo o padre, seria mais uma casa de
reinserção: “Como o menino vive em uma comunidade de risco, com família
destroçada, destruída, ou ele mesmo ainda não estando tão seguro da sua
reinserção, ele ficaria fazendo residência nessa casa enquanto trabalhasse e
estudasse”, argumenta.
Quando a reportagem chegou à instituição um grupo de meninos
estava fazendo aulas de capoeira. Domingos Sávio (nome que recebeu na casa) tem
16 anos e está no local há quatro meses.
Ele mandou um recado para os jovens que estão no mundo da
droga e disse que não pensassem só neles: “Que pensassem em suas mães, porque
quem está lá fora, na droga, além de estar se destruindo está destruindo a sua
família também”, reforça.
Rodolfo, também de 16 anos, diz que está no local vai fazer
quatro meses ainda. Ele pede que o jovem
que está usando droga vá buscar Deus e que
procure uma casa de recuperação. “Eu quero dizer para todos que estão lá fora que
lutem contra a droga e desejo que não
aconteça nenhum mal, que Deus ponha a mão no coração de cada um”, finaliza.
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