quinta-feira, 16 de maio de 2013

Menores em situação de risco precisam de reinserção social

Jovens em situação de risco participam de atividades na Casa
Fotos de Olívia de Cássia
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Olívia de Cássia - Repórter

Menores que vivem em situação de risco e que participam do programa de recuperação da Fundação D. Paulo II de Maceió, precisam de reinserção social. A instituição é mantenedora da Casa Dom Bosco, existe em Maceió há 20 anos e está localizada na comunidade da Santa Amélia, em Maceió.

São 32 menores do sexo masculino, dependentes químicos, que voluntariamente assumiram um projeto-programa de recuperação da entidade, encaminhados pelos Conselhos Tutelares, Juizado de Menores ou pela Secretaria da Paz, que é parceira do programa.

Segundo o padre Tito Régis, presidente da Fundação, o programa que é oferecido aos jovens dura de seis meses a um ano, de acordo com o progresso do jovem adolescente, mas se precisar prolongar a permanência na Casa isso é feito.

Ele pontua que, para o jovem se reinserir na sociedade, sem sofrer violência, seria necessário um programa continuado que acompanhasse também a família, quando ele sai do programa, pois na maioria das vezes, quando voltam para casa sofrem violência, segundo o padre.

“Temos jovens que sofreram violências ou que participaram de algum ato de violência. Já perdemos 17 que saíram do programa e quando voltaram para a família foram assassinados”, conta o padre Tito.

Padre Tito Régis, presidente da Fundação Paulo II
CONVÊNIOS


Segundo o padre, esses colaboradores favorecem a Casa “com a doação de alimentos, com muitos serviços voluntários e um trabalho de arrecadação, por meio de carnê de dizimistas, que recolhem doações para a Fundação”, reforça.

Os adolescentes assistidos pela Casa Dom Bosco também têm atividades terapêuticas com acompanhamento de psicólogo, médico, assistente social que, segundo Tito Régis, aplicam a metodologia dos doze passos, semelhante ao programa dos Alcoólicos Anônimos.

“O programa já é aplicado pelos Alcoólicos Anônimos e outras entidades em que o jovem vai progressivamente confrontando consigo e as alternativas apontadas para a superação da dependência química”, conta o padre.

Ele relata que durante o dia, a partir das cinco da manhã, os meninos da Casa Dom Bosco fazem várias tarefas como a limpeza e a higiene da Casa. “Depois os funcionários fazem o aperfeiçoamento desse trabalho”, pontua.

Além dessa atividade, os meninos assistidos pela instituição salesiana cuidam da horta, criação de peixes, porcos, galinhas patos e coelhos. Depois dessas tarefas, segundo o padre, “há o momento de oração e reflexão”.

DOAÇÃO

Os meninos assistidos pela Fundação Dom Paulo II, depois que realizam as atividades matinais vão assistir aula na Escola Carlos Novelo, que está localizada quase em frente ao prédio da Fundação, no bairro da Santa Amélia e foi uma doação de uma associação italiana.

Segundo o padre, na Escola Carlos Novelo, que é mantida pela Fundação, são oferecidos cursos profissionalizantes: eletricistas, marcenaria, cursos de informática, panificação, depois atividades esportivas como kung fu, capoeira, entre outras.


Padre Tito reforça que o critério da Casa Dom Bosco, para ser inserido no programa é: “Ele é dependente químico, está em situação de risco, precisa de uma proteção. Esse é o critério de acolhimento da nossa casa”, reforça.  Segundo ele, os meninos são separados por idade para que tenham atividades diferentes, para que o de 16 ou 17 anos não fique junto do de 12.

Além da Casa Dom Bosco, a instituição também funciona no abrigo estudantil, no Farol, que é um abrigo para jovens estudantes que não têm dinheiro para pagar uma pousada, um hotel, “ou dividir uma república de estudantes”, conta o padre.

Além desses locais ele diz que tem outra casa para jovens que terminam o programa, mas não podem ser reinseridos na sua família.  “Estamos pretendendo abrir mais duas casas, que são propriedade da Fundação, mas não temos ainda condição de manter”, explica o padre.

Ele observa que seria uma casa para um trabalho prévio para que o jovem fosse preparado antes de ir para a Casa Dom Bosco, “para não se misturar com quem já está no programa, em tratamento que venha a complicar quem já está sendo trabalhado”.

O segundo local, segundo o padre, seria mais uma casa de reinserção: “Como o menino vive em uma comunidade de risco, com família destroçada, destruída, ou ele mesmo ainda não estando tão seguro da sua reinserção, ele ficaria fazendo residência nessa casa enquanto trabalhasse e estudasse”, argumenta.

Quando a reportagem chegou à instituição um grupo de meninos estava fazendo aulas de capoeira. Domingos Sávio (nome que recebeu na casa) tem 16 anos e está no local há quatro meses.

Ele mandou um recado para os jovens que estão no mundo da droga e disse que não pensassem só neles: “Que pensassem em suas mães, porque quem está lá fora, na droga, além de estar se destruindo está destruindo a sua família também”, reforça.

Rodolfo, também de 16 anos, diz que está no local vai fazer quatro meses ainda. Ele pede que  o jovem que está usando droga  vá buscar Deus e que procure uma casa de recuperação. “Eu quero dizer para todos que estão lá fora que lutem contra a droga e desejo  que não aconteça nenhum mal, que Deus ponha a mão no coração de cada um”, finaliza.  

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