Não tem coisa melhor do que a gente se sentir livre,
desapegado de uma ideia ou situação. Livre para caminhar sem impedimentos; livre para ir e vir, livre de um sentimento opressor e que te fez sofrer, livre
para ser feliz. Vairagya já disse que ninguém alcança
a felicidade sem o desapego.
Esse estudioso pontua que a gente passa a vida correndo
atrás de um sentimento, perdendo tempo com pessoas que não valem o teu
sacrifício, achando que é ali que está a felicidade e se esquece de viver o que
está por perto.
Perdi muito tempo da minha mocidade com sentimentos puros, muita
ingenuidade, ilusões. Vivi parte da minha vida no passado, de lembranças,
querendo que o tempo voltasse e me fizesse reviver os bons momentos.
O tempo vai passando, a gente vai aprendendo mais ainda com
os desencontros e decepções, mas sabemos que o tempo não volta. Passei grande parte
da minha vida construindo imagens de pessoas, tentando me iludir com o caráter delas,
procurando desculpas para seus erros, defeitos, trapalhadas e mau desempenho na
vida.
Sempre fui condescendente com os meus supostos amores. Eu
sempre procurava uma desculpa para justificar os erros deles e enquanto isso ia
acumulando sofrimentos dentro de mim aumentando minha baixa autoestima.
Não tenho vergonha de dizer que passei por humilhações,
trapaças, fui passada para traz, mas tudo isso só me fez entender ainda mais o
que se passa com o ser humano. O que faz uma pessoa melhor ou pior.
Nando Pereira escreve em seu blog, que você mesmo fez sua
vida complexa e intrincada e devido a essa ignorância, ele avalia, corre pra lá
e pra cá procurando felicidade nos objetos ou numa pessoa.
Freud dizia que tudo na vida passa pelo que chamamos
vínculo, investimento em objeto. Nós investimos afetos em “objetos” que podem
variar desde roupas, pessoas, sonhos, ideais, crenças, dizem os psicólogos.
“Esses objetos guardam suas características, mas ganham para
cada um de nós os contornos daquilo que colocamos neles. Um de nós adora tudo
que é azul, por razões inúmeras, algumas que têm consciência e outras que
sequer sonha (ou que somente as acessa em sonho, pelas operações do
Inconsciente), explica Eduardo J. S. Honorato e Denise Deschamps.
E para nos desapegar, segundo esses estudiosos, “precisamos
desfazer algumas dessas conexões, para que possamos nos ligar a novos objetos,
conhecer novas coisas, experimentar mais e assim, termos uma vida psíquica mais
saudável. É também, uma questão de aprendizado. Outras vezes somos arremessados
a essa tarefa, por lutos inevitáveis, que viver nos traz”, explica.
No momento é isso o
que estou procurando fazer: de vez em quando fazendo uma limpeza no armário, me
desapegar de objetos que já nem uso mais, conhecendo pessoas novas, fazendo um
pouco de caridade para tentar ser melhor.
Além disso, estou revendo conceitos e teorias que antes eu
defendia com afinco, retomando antigas amizades e tentando ultrapassar velhas
mágoas e ressentimentos. Vamos refletir sobre esse desapego hoje. Bom sábado
para todos.
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