domingo, 26 de maio de 2013

Gaviões em Alagoas recebem treinamento para controle da fauna nociva

Olívia de Cássia – Repórter
(Texto e fotos)

A falcoaria ou cetraria é a arte de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina para a caça. Tradicionalmente, tanto na Europa como na Ásia, a falcoaria sempre esteve ligada à nobreza, à arte de caçar com auxílio de aves.

Em Maceió, Saki e Corisco (gaviões da espécie asa-de-telha, com idade de um ano e seis meses e dois anos), são duas das sete aves de rapina que são adestradas por Dorival Santos Lima Filho (o Dorinho), 29 anos e Jairo Emanoel , 18 anos, mais três treinadores da empresa Falcontrol, que está nesse mercado alagoano desde 2011.

Segundo Dorival Filho, em todo o Estado existem nove adestradores. Autodidata, ele explica que há 13 anos faz esse tipo de treinamento em Maceió. “Aprendi a treinar lendo livros e em sites, tudo em espanhol, porque não existe literatura nacional sobre o assunto”, observa.

Segundo Dorinho, em Alagoas, os gaviões são treinados para fazer o controle de fauna nociva (pombos) no Porto de Maceió, na Santa Casa de Misericórdia e no Moinho Motrisa. Os gaviões capturam pombos e pardais e qualquer outro animal que sejam treinados para caçar e cada animal capturado por eles são resgatados pelo treinador, que dá uma recompensa ao animal (comida).

Cada pombo ou pardal capturado é entregue ao Ibama (Instituto Brasileiro do meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para que dê o destino final. Para se tornar um treinador o aprendiz leva de dois a nove meses. O treinador tem que portar o equipamento específico: colete, luva e apito para que a ave obedeça ao comando. 

Saki e Corisco têm 460 e 520 gramas, mas Corisco, na demonstração de treinamento para a reportagem, em Rio Novo,  foi verificado que está acima do peso em  15 gramas e não voou. Os gaviões treinados por Dorinho não voam alto porque são treinados para capturar pombos.

Para manter o peso de voo as aves recebem uma alimentação e 40 gramas, de fígado e pedaços da carne de sua alimentação (de acordo com o comando que ele vai obedecendo), mas quando não está treinando ganha o alimento  inteiro, pontua Dorinho. Quando estão mudando as penas os gaviões ficam num poleiro especial, próprio para a falcoaria.

Dorinho explica que com o ser humano os gaviões treinados por ele são dóceis e aceitam a presença humana como parceiro de caça.  Existem várias espécies dessa ave de rapina no Estado. “Os gaviões são animais silvestres e não podem ser criados como pet (animal doméstico)”, explica. 

REPRODUÇÃO

O treinador observa também que quando um gavião está na fase de amansamento fica na sede da empresa ou na casa do treinador o maior tempo possível. O falcoeiro geralmente treina com um tutor ligado à Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina- ABFPAR: em todo o País existem cerca de 80 associados.

Dorinho Filho destaca que a média de vida de um gavião em cativeiro é de 30 a 40 anos, mas na natureza eles vivem menos por conta de doenças e de predadores.  A ave de rapina se alimenta de pombos, codornas e camundongos, alimentação com controle de qualidade que não pode ser da rua.

“Uma ave dessa espécie custa em média três mil reais e no país só existem três criadores que fornecessem para os outros estados:  dois em Minas Gerais e um no Rio de Janeiro. Os criadores são denominados de Fukui e quando precisa são acionados e mandam os gaviões de avião”, esclarece.

As fêmeas do gavião são maiores que os machos, contrariando a maioria das espécies no reino animal, classificado como dimorfismo sexual. A fêmea do gavião asa-de-telha  bota de dois a quatro ovos (em média três), cuja incubação dura 33 a 36 dias.
Os filhotes abandonam o ninho com cerca de 40 dias, mas permanecem próximo deste durante três a quatro meses. Os gaviões asa-de-telha medem de 48 a 56 cm de comprimento, com uma envergadura de 115 cm. Dorinho conta que o iniciante é treinado pelo bicho, se não tiver experiência.

“O gavião obedece ao comando de treinamento com o apito e cada comando atendido ele recebe uma recompensa, mas os comandos são diferentes. Outra curiosidade dessa espécie é que tem que ter uma banheira disponível para o banho. Eles se banham de duas a três vezes na semana”, ressalta.  

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