(Texto e fotos)
A falcoaria ou cetraria é a arte de criar, treinar e cuidar
de falcões e outras aves de rapina para a caça. Tradicionalmente, tanto na
Europa como na Ásia, a falcoaria sempre esteve ligada à nobreza, à arte de
caçar com auxílio de aves.
Em Maceió, Saki e Corisco (gaviões da espécie asa-de-telha,
com idade de um ano e seis meses e dois anos), são duas das sete aves de rapina
que são adestradas por Dorival Santos Lima Filho (o Dorinho), 29 anos e Jairo
Emanoel , 18 anos, mais três treinadores da empresa Falcontrol, que está nesse
mercado alagoano desde 2011.
Segundo Dorival Filho, em todo o Estado existem nove
adestradores. Autodidata, ele explica que há 13 anos faz esse tipo de
treinamento em Maceió. “Aprendi a treinar lendo livros e em sites, tudo em
espanhol, porque não existe literatura nacional sobre o assunto”, observa.
Segundo Dorinho, em Alagoas, os gaviões são treinados para
fazer o controle de fauna nociva (pombos) no Porto de Maceió, na Santa Casa de
Misericórdia e no Moinho Motrisa. Os gaviões capturam pombos e pardais e
qualquer outro animal que sejam treinados para caçar e cada animal capturado
por eles são resgatados pelo treinador, que dá uma recompensa ao animal (comida).
Cada pombo ou pardal capturado é entregue ao Ibama
(Instituto Brasileiro do meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para que
dê o destino final. Para se tornar um treinador o aprendiz leva de dois a nove
meses. O treinador tem que portar o equipamento específico: colete, luva e
apito para que a ave obedeça ao comando.
Saki e Corisco têm 460 e 520 gramas, mas Corisco, na
demonstração de treinamento para a reportagem, em Rio Novo, foi verificado que está acima do peso em 15 gramas e não voou. Os gaviões treinados
por Dorinho não voam alto porque são treinados para capturar pombos.
Para manter o peso de voo as aves recebem uma alimentação e
40 gramas, de fígado e pedaços da carne de sua alimentação (de acordo com o
comando que ele vai obedecendo), mas quando não está treinando ganha o
alimento inteiro, pontua Dorinho. Quando
estão mudando as penas os gaviões ficam num poleiro especial, próprio para a
falcoaria.
Dorinho explica que com o ser humano os gaviões treinados
por ele são dóceis e aceitam a presença humana como parceiro de caça. Existem várias espécies dessa ave de rapina
no Estado. “Os gaviões são animais silvestres e não podem ser criados como pet
(animal doméstico)”, explica.
REPRODUÇÃO
O treinador observa também que quando um gavião está na fase
de amansamento fica na sede da empresa ou na casa do treinador o maior tempo
possível. O falcoeiro geralmente treina com um tutor ligado à Associação
Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina- ABFPAR: em todo o
País existem cerca de 80 associados.
Dorinho Filho destaca que a média de vida de um gavião em
cativeiro é de 30 a 40 anos, mas na natureza eles vivem menos por conta de
doenças e de predadores. A ave de rapina
se alimenta de pombos, codornas e camundongos, alimentação com controle de
qualidade que não pode ser da rua.
As fêmeas do gavião são maiores que os machos, contrariando
a maioria das espécies no reino animal, classificado como dimorfismo sexual. A
fêmea do gavião asa-de-telha bota de
dois a quatro ovos (em média três), cuja incubação dura 33 a 36 dias.
Os filhotes abandonam o ninho com cerca de 40 dias, mas
permanecem próximo deste durante três a quatro meses. Os gaviões asa-de-telha
medem de 48 a 56 cm de comprimento, com uma envergadura de 115 cm. Dorinho
conta que o iniciante é treinado pelo bicho, se não tiver experiência.
“O gavião obedece ao comando de treinamento com o apito e
cada comando atendido ele recebe uma recompensa, mas os comandos são
diferentes. Outra curiosidade dessa espécie é que tem que ter uma banheira
disponível para o banho. Eles se banham de duas a três vezes na semana”,
ressalta.
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