quarta-feira, 15 de maio de 2013

Mulheres contra o racismo

Olívia de Cássia – jornalista

As instituições de mulheres brasileiras estão cada vez mais empenhadas no combate ao racismo, que na sociedade atual muitas vezes é camuflado. O racismo é uma ideologia que se realiza nas relações entre pessoas e grupos e tem uma abrangência ampla e complexa que penetra em todos os setores da sociedade.

Para lutar contra esse fenômeno, no último dia 9 de maio foi lançado um Guia de Enfrentamento ao Racismo Institucional e Desigualdade de Gênero, que contém uma  série de perguntas e um passo a passo para que as intuições públicas sejam capazes de identificar problemas relacionados a esse comportamento.

Segundo a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, um dos exemplos mais claros de racismo institucional está na saúde das mulheres. “Se você tem duas mulheres em processo de parto, é costumeiro que a mulher branca seja atendida primeiro que a negra. Isso é uma forma de racismo institucional”, explicou.

Menicucci se comprometeu a trabalhar para que a adoção do manual seja uma realidade nas repartições. “Daremos a esse guia de enfrentamento a importância que ele merece para o enfrentamento ao racismo”, garantiu.

 “O racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância  revelam-se de maneira diferenciada para mulheres e meninas, e podem estar entre os fatores que levam a uma deterioração de sua condição de vida, à pobreza, à violência, às múltiplas formas de discriminação e à limitação ou negação de seus direitos humanos”.

Essa afirmativa está na Declaração da III Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas.

A ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, destacou que o desafio maior do Brasil é incluir nas políticas universais uma perspectiva que leve em conta as diferenças entre as pessoas, entre negros e brancos, entre mulheres e homens.

Segundo ela, nesse sentido, informações que nem sempre são consideradas nos atendimentos públicos, como as de cor e sexo, são fundamentais para a medição de um impacto desvantajoso daquela política sobre determinados grupos.

Para Jurema Wernek , médica e coordenadora da organização não governamental  Criola, a ideia do guia é facilitar o trabalho nas organizações. “Muitas instituições já poderiam fazer esse trabalho se tivessem um material como esse em mãos. O que essa iniciativa produz é uma ferramenta que está sendo demandada, nem todo mundo quer que o Brasil continue sendo racista”, disse.

O guia será distribuído em instituições públicas e está disponível para download no sites do consórcio que elaborou a publicação. Um deles é o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea).

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