Olívia de Cássia – jornalista
A trajetória de lutas das mulheres evoluiu com o
passar dos séculos e com o avanço da sociedade. Antes, a história era de submissão
perante o homem e a sociedade: ela era tratada como objeto sem importância. A
família hoje é fruto de um processo histórico e para entendê-la é preciso fazer
um resgate dos antigos modelos.
Nos chamados agrupamentos primitivos as mulheres
estavam em pé de igualdade com os homens e as tarefas eram divididas entre
ambos. Segundo alguns historiadores, isso se deu quando os homens foram para a
guerra e as mulheres ficaram em casa cuidando da agricultura, do lar e da
família, tarefas consideradas sem importância.
Tendo por base o uso da força, o homem
desenvolveu-se culturalmente, acumulando riquezas e retendo para si os
instrumentos de trabalho ou de transformação da natureza, deixando de
valorizar os afazeres desempenhados
pelas mulheres, segundo o estudo do alemão Friedrich Engels, em A Origem da
Família, da Propriedade Privada e do
Estado”.
Segundo Engels, na fase primitiva, em que as
tarefas eram divididas, não existiu a opressão de um sexo sobre o outro. A
situação de dominação começou a acontecer, de acordo com seus estudos, baseado
em relatos de Bachofren, estudioso que descreveu sobre as sociedades, entre
elas a sociedade matriarcal onde a mulher era quem dominava.
Engels relata em seu livro que os desenhos
encontrados nas cavernas da época da barbárie denunciam o instante em que o homem
arrastava a mulher pelos cabelos, numa demonstração de imposição da sua força e
opressão, não muito diferente dos dias atuais, onde o índice de violência
contra a mulher, principalmente nos estratos mais baixos da sociedade, é
altíssimo.
Caracterizada pelo patriarcalismo na Grécia e na
Roma antiga, a mulher era subordinada ao pai de família. Fica claro nesta época
a servidão em que a família vivia, e o poder que o pai de família detinha sobre
todos, podendo inclusive decidir pelo direito de vida ou morte deles.
Segundo os historiadores, nessa época existiam
dois tipos de família: os nobres e os camponeses. A nobreza era composta pelos senhores donos de terra, e
a camponesa era composta pelos agricultores. O século XVIII foi marcado pelo
surgimento da família nuclear: pai, mãe e filhos; onde o pai era o provedor e a
mãe a cuidadora.
Com o crescimento do capitalismo industrial no
século XIX, ocorreram mudanças de valores, hábitos e costumes da família
nuclear. “Estas mudanças se acentuam ainda mais no século XX, e por fim se
consolidam após a I Guerra Mundial, quando as mulheres entram no mercado de
trabalho e conquistam vários direitos”.
Os anos se passaram, a sociedade evoluiu, as
mulheres conquistaram o direito de votar, na década de 1930 do século XX,
conseguiram seu espaço na sociedade; hoje elas trabalham e são a maioria
estudada, dividem despesas, tomam conta
de suas vidas e muitas são chefes de seus lares, ou moram sozinhas.
E foi
graças ao movimento feminino, às reivindicações dos sindicatos, movimentos
sociais e de muitas mulheres que morreram pela causa da libertação, que hoje
podemos dizer que vivemos numa sociedade ‘mais ou menos livre de amarras’.
Mas como tudo em sociedade não é dado de graça, em
muitas dessas conquistas vieram a famosa contrapartida. Avalio que muitos
homens não acompanharam a evolução dos tempos; felizmente esses atrasados não estão
em maioria, mas ainda é preciso que novos estudos sejam feitos sobre essa
questão.
Entendo que as constantes transformações por que a
sociedade passou nos obriga a
avaliar os últimos acontecimentos por ângulos diferenciados. É preciso que se
analise a causa feminina, que se faça um
parâmetro das conquistas, da evolução social, da perda dos laços familiares e
de como isso tudo se deu.
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