quinta-feira, 2 de maio de 2013

Da submissão à libertação: causas e efeito


Olívia de Cássia – jornalista

A trajetória de lutas das mulheres evoluiu com o passar dos séculos e com o avanço da sociedade. Antes, a história era de submissão perante o homem e a sociedade: ela era tratada como objeto sem importância. A família hoje é fruto de um processo histórico e para entendê-la é preciso fazer um resgate dos antigos modelos.

Nos chamados agrupamentos primitivos as mulheres estavam em pé de igualdade com os homens e as tarefas eram divididas entre ambos. Segundo alguns historiadores, isso se deu quando os homens foram para a guerra e as mulheres ficaram em casa cuidando da agricultura, do lar e da família, tarefas consideradas sem importância.

Tendo por base o uso da força, o homem desenvolveu-se culturalmente, acumulando riquezas e retendo para si os instrumentos de trabalho ou de transformação da natureza, deixando de valorizar  os afazeres desempenhados pelas mulheres, segundo o estudo do alemão Friedrich Engels, em A Origem da Família, da  Propriedade Privada e do Estado”.

Segundo Engels, na fase primitiva, em que as tarefas eram divididas, não existiu a opressão de um sexo sobre o outro. A situação de dominação começou a acontecer, de acordo com seus estudos, baseado em relatos de Bachofren, estudioso que descreveu sobre as sociedades, entre elas a sociedade matriarcal onde a mulher era quem dominava.

Engels relata em seu livro que os desenhos encontrados nas cavernas da época da barbárie denunciam o instante em que o homem arrastava a mulher pelos cabelos, numa demonstração de imposição da sua força e opressão, não muito diferente dos dias atuais, onde o índice de violência contra a mulher, principalmente nos estratos mais baixos da sociedade, é altíssimo.

Caracterizada pelo patriarcalismo na Grécia e na Roma antiga, a mulher era subordinada ao pai de família. Fica claro nesta época a servidão em que a família vivia, e o poder que o pai de família detinha sobre todos, podendo inclusive decidir pelo direito de vida ou morte deles.

Segundo os historiadores, nessa época existiam dois tipos de família: os nobres e os camponeses. A nobreza  era composta pelos senhores donos de terra, e a camponesa era composta pelos agricultores. O século XVIII foi marcado pelo surgimento da família nuclear: pai, mãe e filhos; onde o pai era o provedor e a mãe a cuidadora.

Com o crescimento do capitalismo industrial no século XIX, ocorreram mudanças de valores, hábitos e costumes da família nuclear. “Estas mudanças se acentuam ainda mais no século XX, e por fim se consolidam após a I Guerra Mundial, quando as mulheres entram no mercado de trabalho e conquistam vários direitos”.

Os anos se passaram, a sociedade evoluiu, as mulheres conquistaram o direito de votar, na década de 1930 do século XX, conseguiram seu espaço na sociedade; hoje elas trabalham e são a maioria estudada,  dividem despesas, tomam conta de suas vidas e muitas são chefes de seus lares, ou moram sozinhas. 

E foi graças ao movimento feminino, às reivindicações dos sindicatos, movimentos sociais e de muitas mulheres que morreram pela causa da libertação, que hoje podemos dizer que vivemos numa sociedade ‘mais ou menos livre de amarras’.

Mas como tudo em sociedade não é dado de graça, em muitas dessas conquistas vieram a famosa contrapartida. Avalio que muitos homens não acompanharam a evolução dos tempos; felizmente esses atrasados não estão em maioria, mas ainda é preciso que novos estudos sejam feitos sobre essa questão.

Entendo que as constantes transformações  por que a  sociedade  passou nos obriga a avaliar os últimos acontecimentos por ângulos diferenciados. É preciso que se analise  a causa feminina, que se faça um parâmetro das conquistas, da evolução social, da perda dos laços familiares e de como isso tudo se deu.

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