segunda-feira, 6 de maio de 2013

Entraves da vida...

Olívia de Cássia - jornalista

De repente a gente se vê tão sufocada de problemas que deseja se despojar de tudo e sair por aí, sem rumo, sem meta, sem direção. É nessas horas que dá vontade de voltar a ser criança e não ter compromissos e responsabilidades; mandar tudo para o espaço.

São tantas as angústias, sensação de impotência diante dos entraves financeiros, do caos estabelecido que eu fico me lembrando do que diziam meus pais. Eu me rendo nessas horas e confesso que não tive competência para administrar minha vida.

Parece que passa um filme na minha cabeça, diante das dificuldades enfrentadas: e elas são muitas, desde as de saúde até as financeiras.  Fico vendo os dois no embate: dona Antônia valente, protestando porque para ela Jornalismo era profissão de doido, de maconheiro e de desocupado.

Ela não queria que eu seguisse a carreira de jornalista por puro preconceito, queria que eu seguisse a Medicina, o Direito, ou até o Magistério; no caso do meu pai ele dizia que era uma atividade que não daria para o meu sustento, que não me daria qualidade de vida: é parece que os dois eram visionários e tinham um pouco de razão ou toda a razão do mundo.  

Quanta falta eu sinto do apoio e do conforto que ambos sempre procuraram nos dar, mesmo sendo pessoas simples, criadas no campo. Quando terminei o ginásio, no Colégio Santa Maria Madalena, lembro a luta da minha mãe para conseguir uma bolsa de estudos para eu vir estudar em Maceió e fazer o científico, pois em União só tinha segundo grau na área de pedagogia.

Ela conseguiu no Cepa, no Moreira e Silva, com a esposa de seu Ezíquio, então prefeito do município e alugou uma casinha velha, aqui mesmo, na Vieira Perdigão, fundos da Estação Ferroviária, onde depois vim morar definitivamente.

Terminado o Científico, acabei prestando o primeiro vestibular para Medicina, como era do gosto dela, mas claro que não obtive o resultado desejado e talvez essa não era mesmo a minha sina, como ela mesmo dizia.

Sinto tanta a falta do calor das nossas discussões, dos desentendimentos, da comidinha feita na hora, dos lençóis limpos, cheirosos e daquela minha cama confortável na qual eu dormi por tantos anos no meu quarto de menina-moça.

As lembranças lá de casa têm cheiro, um cheiro de saudade que fica impregnado na alma da gente e que parece que aflora justamente nessas horas de dificuldades, de impedimentos e de muitas dúvidas. Bom final de tarde para todos!

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