quarta-feira, 17 de abril de 2013

Violência que não para

Olívia de Cássia - jornalista

A violência urbana é um fenômeno das sociedades modernas e tem aumentado em todo o mundo. No Brasil,  nos últimos anos, faz como vítimas, em sua maioria, jovens, negros e mulheres, de baixa escolaridade, cuja faixa etária em Alagoas é de até 25 anos, num crescendo assustador, apesar das ações do Programa Brasil Mais Seguro do Governo Federal.

Tenho acompanhado os casos na imprensa e é estarrecedor o número de assassinatos diários de jovens, tanto na capital quanto no interior do Estado; a maioria por conta de dívida com o tráfico de drogas: mais de 90% por esse motivo, segundo os delegados entrevistados pela imprensa.

Um delegado da Força Nacional, responsável pela área do Tabuleiro do Martins, falou ao repórter Rívison Batista, do site Tribuna Hoje (em reportagem publicada nesta quarta-feira)  e disse que a  criminalidade do local  é crescente. Segundo o delegado, tanto a idade de quem comete o crime como também das vítimas no Tabuleiro combinam: fica entre 15 e 25 anos.

 “Quem mata é muito jovem e quem morre também”, afirma, acrescentando que as testemunhas pouco ajudam a Força Nacional ou a Polícia Civil a solucionar os casos. Ele disse também que  por conta de o bairro ser muito violento, a população que presencia o crime não colabora muito e a criminalidade sempre aumenta nos fins de semana.

Informações computadas pela Secretaria de Defesa Social do Estado e publicados no site da instituição confirmam que em janeiro deste ano foram registrados 196, em fevereiro 168,  e em março 211 assassinatos. A SDS informa que 95% dos casos são de assassinatos de homens e as mulheres somam mais 4% nessa estatística. 

Se comprados com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento da violência no Estado, contrastando com as falas das nossas autoridades sobre a questão, que em entrevistas à imprensa local falam bonito, tentando mascarar uma realidade gritante, que a gente não pode esconder.

Quando eu estava no plantão do site Tribuna Hoje, no pequeno período que passei por lá,  geralmente aos sábados e domingos, eu saía quase sempre para cobrir conflitos e assassinatos. O último caso que presenciei foi de um jovem de 23 anos, que foi perseguido e assassinado dentro de uma quitanda, por trás do Conjunto Adelmo Machado, em Cruz das Almas. A cena daquela mãe desesperada em cima do corpo do filho não me saiu da cabeça por um bom tempo.

Para acompanhar as ações do Programa Brasil Mais Seguro no Estado, a Assembleia Legislativa Estadual (ALE) criou uma Comissão Especial.  Toda semana a Comissão se reúne para debater o que vem sendo feito na área de segurança,  fazendo visitas ao IML, Perícia Oficial, às delegacias e demais locais. Nesses lugares a falta de estrutura para o funcionamento a contento é gritante.  

Comprovamos a situação da falta de estrutura do  IML na Sexta-feira Santa passada, quando aguardávamos a liberação do corpo da nossa amiga Cleria Lilian e vivenciamos ali um constrangimento tão profundo que vamos levá-lo para o resto das nossas vidas.

O governo federal anunciou a liberação de mais recursos para construção de delegacias no Estado, mas seria bom também que mais recursos fossem destinados para a educação, o esporte e o lazer, para ocupar a cabeça dessa moçada com projetos e políticas públicas culturais nos fins de semana e na sua rotina. Eu pergunto às autoridades alagoanas: o que está faltando, finalmente, para que se melhore esses índices destoantes e feios em  nossa terra tão bonita? 

Um comentário:

Jorge Izidro disse...

Parabéns Cássia

Pelo se Blogger do amigo

Jorge Izidro

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  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...