Festa da literatura e da arte

Olívia de Cássia – jornalista

Sábado, dia 4 de setembro, fui fazer uma visita à cidade de Marechal Deodoro, que realizou uma semana de atividades culturais com a sua I Festa Literária, a Flimar. O município respira cultura nos quatro cantos, onde quer que a gente vá, reforçando com essa atividade realizada a tendência para a cultura e o turismo.
O evento teve como objetivo fomentar nos jovens o prazer da leitura, assim como também apresentar o turismo e a cultura de uma das regiões mais belas de Alagoas, já que Marechal ainda preserva o seu aspecto bucólico, com ruas estreitas no centro histórico e o casario em estilo colonial, como já me referi na matéria lá embaixo.
Fiz passeio nas igrejas, acompanhada do Ovídio Gurgel, que fez o papel do motorista do Odorico Paraguaçu no filme O Bem Amado, que foi rodado no local. Ao Ovídio eu quero agradecer daqui pela atenção e paciência que teve comigo.
No dia da minha visita, a programação incluiu tendas com exposição de artesanato, livros, biblioteca ambulante do Sesc, literatura de cordel, pintura, exposição de fotos da escritora e professora Arriete Vilela e seus alunos, visitas aos museus da cidade e à noite apresentação da Seresta da Pitanguinha.
A Igreja da Ordem Terceira de São Benedito, conhecida como Igreja dos Pretos, foi restaurada pelo Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico, com recursos do governo federal. No local, estão algumas lápides de túmulos, mostrando o costume de séculos passados quando as igrejas serviam também de local para sepultamentos.
Ao lado da Igreja dos Pretos, a Igreja e Convento São Francisco ainda estão sendo restaurados e formam o complexo arquitetônico religioso de Marechal, que tem mais três igrejas na parte alta.
Durante a restauração de uma delas, depois que foram tirados dois altares laterais apareceu um afresco de pintura sacra de algum artista da época da construção do imóvel, mas quando os altares forem recolocados, as pinturas ficarão escondidas de novo, segundo me contou Ovídio Gurgel.
Avalia-se que todo esse tesouro do patrimônio histórico alagoano tenha sido construído no fim do século XVIII. No local também há uma oficina de restauro das imagens sacras.
A Matriz Nossa Senhora da Conceição, na parte alta de Marechal Deodoro, também conserva a arquitetura original; tem semelhança com as igrejas de Ouro Preto, em Minas Gerais. As bancas da igreja são daquelas antigas, em cor escura, com passagens da Via Sacra nas paredes e um grande altar virado para a porta de entrada da igreja. Fica quase ao lado da antiga Cadeira Pública.
Durante a I Flimar, muitos visitantes alagoanos e turistas foram prestigiar a atividade, que também contou com a presença de escritores renomados como Marina Colasanti (escritora e jornalista ítalo-brasileira), o escritor paulistano Inácio de Loyola Brandão, a escritora baiana Miriam de Sales Oliveira, que lançou livro sobre os costumes da Bahia nos tempos passados, entre outros nomes da literatura.
Também participaram os escritores do Uruguai e da Argentina Adriana Ruiz (escritora e editora) e Roberto Bianchi, diretor do Movimento Cultural Abrace. Carlito Lima é o secretário de Cultura de Marechal, incansável batalhador pela cultura e idealizador desse projeto que a gente tem mais é que aplaudir.
Fiquei pensando naquela viagem cultural em Marechal Deodoro, que o poder público da minha terra natal, União dos Palmares, também fizesse esse resgate de seus talentos, não só de Jorge de Lima, Povina Cavalcanti, Zumbi e Maria Mariá, que só são lembrados no dia 20 de novembro, quando se festeja o Dia da Consciência Negra: uma pena isso.