Das decepções amorosas que temos

Olívia de Cássia- jornalista

Sete anos depois da separação, parece que a minha mente ficou mais clara, mais esclarecida. A verdade dos fatos ficou mais evidente. Passei a entender todo um processo de vida que começou muito antes de tudo acontecer. As informações que me chegaram foram ficando mais compreensíveis. Uma história daqui outra de acolá foram revelando aos poucos a verdadeira face, caráter e a personalidade daquele que conviveu comigo durante quase 20 anos. E não foi uma bonita revelação.
O homem a quem eu me entreguei de corpo e alma e que durante todo esse tempo foi quase uma unanimidade em minha vida, quase a razão da minha existência, vejo-o agora como uma grande mentira, um grande espertalhão. Quanta ilusão, quanta farsa, quanto fingimento, meu Deus. Como pode alguém esconder seu mau caratismo disfarçado de trabalhador humildade e solidário, parceria que nunca existiu?
Hoje eu vejo com clareza o quanto fui tola, ingênua, displicente diante da minha rotina. Tudo fruto de uma formação de jovem idealista e sonhadora. O trabalho para mim sempre foi o item mais importante da minha vida, uma prioridade e no envolvimento com ele eu fui esquecendo de perceber quem estava por perto de mim. Alguém que só se aproximou para tirar algum proveito material de uma jovem ingênua, desprovida de preconceitos e com baixa autoestima.
Foi diante dessa fraqueza minha que o inimigo se aproveitou. Deitou e rolou como se diz popularmente diante da minha tolice de menina romântica e carente. Depois de terapias, remédios, conversas com conhecidos eu fui descobrindo a verdadeira face daquele que se dizia meu amigo, meu companheiro, meu herói.
Às vezes a gente se envolve tanto numa teia de sentimentos que a nossa mente fica embotada e não enxerga a realidade dos fatos. E mesmo quando a conhecemos, procuramos, não sei se por amor ou por fraqueza maior, omitir, fingir que não sabe, ou por vergonha mesmo, de ter descoberto o nosso engano. Ledo engano.
Minha mãe tinha razão em tudo quando me chamava a atenção em União dos Palmares. Apesar de sua pouca leitura, ela procurou me abrir os olhos diante do abismo que eu estava caindo, mas da mesma forma que éramos tão diferentes uma da outra, eu achava que era tudo por ciúmes dela, ou que tínhamos sido inimigas em vidas passadas. Quanto erro a gente comete quando pensa que está apaixonada.
As mulheres precisam acordar para isso. Não se deixarem levar pela ilusão de falsos profetas do amor, de aproveitadores das nossas ilusões e tripudiadores dos nossos sentimentos. Abram os olhos, todas vocês que estão envolvidas de alguma forma, com pessoas que ainda não conhecem muito bem. Atentem para o que dizem suas mães, seus familiares e pessoas mais esclarecidas.
Não se deixem levar pela armadilha dos sentimentos, pela frivolidade do sexo e nem por conversas enganosas e mentirosas. Vocês podem estar sendo vítimas de uma armadilha perigosa. Hoje eu falo de cadeira, de experiência própria e se tivesse uma filha rebelde, como eu fui na adolescência e juventude, ia procurar mostrar pra ela o quanto estava errada.
Aventureiros como aqueles dos romances de capa e espada que a gente lia quando jovem, ainda hoje se aventuram em busca de tirar proveito diante de uma situação que analisam como fácil de manipularem. De tirarem proveito tanto material quanto de sentimentos.
Roubam-nos tudo o que temos de mais bonito. A nossa pureza, a nossa inocência e depois nos abandonam. Querem apenas levar vantagem, financeira sobretudo. Financeira e sexual, até onde a gente lhes servem, enquanto correspondemos a seus interesses frios, indecentes e calculistas de se firmarem na vida, vão nos tirando tudo. Fiquem alerta e reflitam.