sexta-feira, 10 de abril de 2015

Venho de andanças

Olívia de Cássia – jornalista

Venho de andanças que me fizeram chegar até aqui; não tenho mais tempo de reclamar de nada, arrependimentos ou lamentações, pois tive a oportunidade de fazer grandes descobertas e ter entendimento da essência do que é o ser humano e cada dia isso tem me surpreendido.

Com a maturidade chegada, tive a oportunidade de mudar o meu interior e fazer uma grande reforma íntima, um despertar do meu lado onde estavam guardados os mais profundos dos meus sentimentos. Foi o início para uma incrível caminhada de autoconhecimento do meu interior e agradecer, sempre, ao criador, ou seja a que entidade de luz da natureza por ainda persistir por aqui.  

A tarde vai caindo e faz um calor insuportável em Maceió, trazendo a lembrança dos nossos paraísos de praias e lugares maravilhosos que temos em nosso Estado e que tenho saudade de ir. Peço forças nas pernas e um pouco de prumo para tocar a vida, ter um pouco de conforto para terminar meus dias solitários de solteirice e de muita atividade ainda.

O bom da terceira idade com lucidez é que podemos dar rumo às nossas vidas, ser os próprios condutores da liberdade que tanto sonhamos. A liberdade é uma das maiores conquistas do ser humano: uma dádiva.

Não há nada mais valoroso e tão suave do que a liberdade. Quem defende a volta de um regime criminoso e violento, com impedimentos dos direitos humanos, não calcula, não tem noção do quanto foi difícil conquistar o regime democrático.

Os anos se passaram, novas gerações surgiram, mas muitos jovens vivem à margem (alheios) ainda ao que se passa no cotidiano: é como se tivessem sido anestesiados, contaminados com a desinformação, a falta de leitura, a falta de aprofundamento das ideias e de interesse de lutar por caminhos justos.

Vejo alguns exemplos tão próximos de mim, mas não posso interferir para que essa realidade mude e entendo como é complicado o ser humano: cada um com suas particularidades, suas demandas e suas vontades.

Não posso interferir na vida dos outros, da mesma forma que nunca quis que os outros tentassem interferir na minha, mesmo que essa vontade fosse para o meu bem, muitas vezes. Depois que a gente vai ficando idosa vai percebendo alguns nuances do comportamento humano e percebendo o quanto fomos infantis ou irresponsáveis em certa parte da vida.

E  lembro da minha saudosa mãe e das suas preocupações dela com aquela filha tão rebelde que nunca sossegava e que sempre lhe trazia tanta dor de cabeça e insatisfação. E hoje bateu aquela saudade dela e do meu pai: quanta falta eles ainda me fazem na vida, cada dia mais.


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