Olívia de Cássia – jornalista
Venho de andanças que me fizeram chegar até aqui; não tenho
mais tempo de reclamar de nada, arrependimentos ou lamentações, pois tive a oportunidade
de fazer grandes descobertas e ter entendimento da essência do que é o ser humano
e cada dia isso tem me surpreendido.
Com a maturidade chegada, tive a oportunidade de mudar o meu
interior e fazer uma grande reforma íntima, um despertar do meu lado onde
estavam guardados os mais profundos dos meus sentimentos. Foi o início para uma
incrível caminhada de autoconhecimento do meu interior e agradecer, sempre, ao criador, ou seja a que entidade de
luz da natureza por ainda persistir por aqui.
A tarde vai caindo e faz um calor insuportável em Maceió,
trazendo a lembrança dos nossos paraísos de praias e lugares maravilhosos que
temos em nosso Estado e que tenho saudade de ir. Peço forças nas pernas e um
pouco de prumo para tocar a vida, ter um pouco de conforto para terminar meus
dias solitários de solteirice e de muita atividade ainda.
O bom da terceira idade com lucidez é que podemos dar rumo
às nossas vidas, ser os próprios condutores da liberdade que tanto sonhamos. A
liberdade é uma das maiores conquistas do ser humano: uma dádiva.
Não há nada mais valoroso e tão suave do que a liberdade.
Quem defende a volta de um regime criminoso e violento, com impedimentos dos
direitos humanos, não calcula, não tem noção do quanto foi difícil conquistar o
regime democrático.
Os anos se passaram, novas gerações surgiram, mas muitos jovens vivem à margem (alheios) ainda ao que se passa no
cotidiano: é como se tivessem sido anestesiados, contaminados com a
desinformação, a falta de leitura, a falta de aprofundamento das ideias e de
interesse de lutar por caminhos justos.
Vejo alguns exemplos tão próximos de mim, mas não posso interferir
para que essa realidade mude e entendo como é complicado o ser humano: cada um
com suas particularidades, suas demandas e suas vontades.
Não posso interferir na vida dos outros, da mesma forma que
nunca quis que os outros tentassem interferir na minha, mesmo que essa vontade
fosse para o meu bem, muitas vezes. Depois que a gente vai ficando idosa vai percebendo
alguns nuances do comportamento humano e percebendo o quanto fomos infantis ou irresponsáveis em certa
parte da vida.
E lembro da minha
saudosa mãe e das suas preocupações dela com aquela filha tão rebelde que nunca
sossegava e que sempre lhe trazia tanta dor de cabeça e insatisfação. E hoje
bateu aquela saudade dela e do meu pai: quanta falta eles ainda me fazem na
vida, cada dia mais.
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