Em Alagoas, pacientes com necessidades especiais como paralisia cerebral, autismo, síndromes genéticas, pessoas que sofreram acidentes, com deficiência mental e um leque de outras situações podem ser atendidas com o tratamento de equoterapia, método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais.
Clarice Macedo é psicóloga, instrutora de equitação da associação e falou à reportagem sobre as atividades desenvolvidas
O tratamento em Maceió é feito pela Associação de Equoterapia de Alagoas, que está localizada no bairro do Benedito Bentes, em frente ao Sistema Pratagy. Clarice Macedo é psicóloga, instrutora de equitação da entidade e explica que os desafios são muitos. “Hoje a Associação de Equoterapia de Alagoas não atende convênio; atende uma clientela particular e pessoas que não têm condições de desembolsar o valor para fazer o tratamento: a associação faz a seleção de alguns e dá o tratamento gratuito”, observa.
O tratamento em Maceió é feito pela Associação de Equoterapia de Alagoas, que está localizada no bairro do Benedito Bentes, em frente ao Sistema Pratagy. Clarice Macedo é psicóloga, instrutora de equitação da entidade e explica que os desafios são muitos. “Hoje a Associação de Equoterapia de Alagoas não atende convênio; atende uma clientela particular e pessoas que não têm condições de desembolsar o valor para fazer o tratamento: a associação faz a seleção de alguns e dá o tratamento gratuito”, observa.
Clarice conta que a equoterapia emprega o cavalo como agente promotor de ganhos físico e psíquico. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio.
A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.
A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.
Segundo Clarice Macedo, a equoterapia utiliza o passo do cavalo, não é o trote e nem o galope; aquela caminhada que produz um movimento tridimensional e que leva a uma série de estímulos neurológicos para o organismo: “Esse é que é o segredo da equoterapia; envolve muitas dificuldades e necessidades especiais”, disse ela.
Atualmente a entidade tem em média 30 a 35 pacientes que são atendidos pelos terapeutas. A clínica pertence ao clínico geral e psicólogo Bráulio Cavalcante. A equipe de reportagem do site Primeiro Momento fez uma visita ao local, mas o médico não estava; Clarice Macedo nos recebeu e passou todas as informações.
Atualmente a entidade tem em média 30 a 35 pacientes que são atendidos pelos terapeutas. A clínica pertence ao clínico geral e psicólogo Bráulio Cavalcante. A equipe de reportagem do site Primeiro Momento fez uma visita ao local, mas o médico não estava; Clarice Macedo nos recebeu e passou todas as informações.
CONVÊNIO
Clarice Macedo conta que 60% das pessoas que são atendidas pela filantropia da instituição faziam parte de um convênio com a Secretaria de Saúde do Estado, mas o contrato não foi renovado até o momento. Desta forma, a instituição faz uma triagem e pessoas que avalia que têm uma carência muito grande e não fazem outra atividade são atendidas no local. “Cada terapeuta apadrinhou uma ou duas crianças; tentamos encaixar o máximo dentro da nossa possibilidade, o que podia”, observa.
A Associação de Equoterapia de Alagoas funciona num local amplo, com estrutura partilhada, onde a natureza se faz presente em cada canto, com vários animais. A entidade rabalha com um educador físico; uma pedagoga; uma psicopedagoga; uma psicóloga e o médico Bráulio Cavalcante. O tratamento particular, uma vez por semana, sessão de trinta minutos, custa R$ 180; o equivalente a R$ 45, por sessão.
Abnegação e dedicação fazem a diferença na AEA
“A AEA atende pacientes com paralisia cerebral, autismo (que é a grande clientela), síndromes genéticas, pessoas que sofreram acidentes, pessoas com deficiência mental, um leque de atuação, que envolve muitas dificuldades e necessidades especiais”. Clarice Macedo explica que a Associação foi fundada por um grupo de abnegados, em Alagoas em 1995.
Funcionou na cavalaria, mas devido aos custos que são altos fechou. As pessoas que montaram a entidade estavam contando com o apoio do Estado, segundo ela, mas o apoio não chegou da forma que deveria e em 2003 a clínica foi reaberta na atual sede pelo médico e psicólogo Bráulio Cavalcante. “Ele começou a fazer psicologia e na faculdade conheceu a equoterapia e achou interessante: viajou para conhecer o método, já tinha esse espaço, já trabalhava com cavalos e resolveu trazer para cá”, comenta.
A psicóloga e instrutora de equitação da AEA também destaca que atualmente a clínica trabalha com três cavalos: dois trabalham e um fica na reserva para tirar folga dos outros. “Às vezes um adoece ou está mais cansado e a gente faz um rodízio. Em relação à raça, não tem uma específica para trabalhar com o método; na realidade, o melhor cavalo para a equoterapia é o mais dócil, não pode ser muito alto, para que o terapeuta tenha mais acesso, bem treinado e saudável. Isso é que é o mais importante”, avalia.
A psicóloga destaca os resultados positivos do tratamento para os portadores de necessidades especiais: “Ontem uma avó de uma paciente estava comentando que vai completar um, mês que a neta está fazendo equoterapia e já está percebendo melhoras. Ela disse que até a escrita da criança melhorou”, pontua. A Associação também utiliza pedagoga para trabalhar a parte pedagógica dos pacientes, na piscina, foca num determinado tratamento, dependendo do paciente e do tipo de problema, tratamento lúdico.
LIVRO
Clarice destaca que no próximo mês de junho o médico Bráulio Cavalcante lança um livro falando dos benefícios da equoterapia, com autistas. No trabalho o médico conta um estudo de caso do primeiro autista da clínica que quando chegou ao local o pai do garoto não tinha esperança nenhuma de melhora, tal o grau do problema. Segundo ela, a criança agredia todo mundo, e quando surgiu a ideia da equoterapia o rapaz foi selecionado para fazer o tratamento.
“Esse menino corria na chácara, tomava banho de piscina nu, amassava garrafa pet; e Bráulio começou a trabalhar com ele e foi algo incrível. Para resumir hoje ele frequenta congressos, viaja com os pais, é uma evolução que ninguém esperava: nem o mais otimista”, avalia.
Mães e pai falam dos desafios de ter um filho especial e reclamam da falta de convênio
Foto: Paulo Tourinho
Rosângela Alves reclama da falta de cuidados do governo com portadores de necessidades especiais
Rosângela Maria da Trindade Alves é farmacêutica e mãe de Felipe, de treze anos, autista. Ele já faz equoterapia desde os quatro anos de idade e a evolução do tratamento, segundo ela, é muito significativa. “Meu filho vem fazendo não só a equoterapia, mas as outras terapias associadas, como ocupacional, fono, fisioterapia e o desenvolvimento dele só vem a ganhar”, explica.
Segundo Rosângela Alves, a terapia que faz bem melhor e que tem o maior grau de evolução para Felipe é a equoterapia. “Faz um bem muito grande a ele; no momento em que ele está com o cavalo, ele consegue uma interação social boa, interage e conversa com as pessoas”, observa.
A mãe de Felipe reclama que o governo não se importa. “O tratamento é particular, porque o SUS não cobre. O dinheiro que é para repassar para o tratamento de equoterapia não é repassado e o tratamento tem muitas despesas para a clínica arcar com as despesas. Aqui tinha convênio com o SUS, mas não tem mais; o governo não repassa, infelizmente é isso que acontece”.
Rosângela Alves reclama que pai e mãe de especial tem que arcar com o tratamento, porque o serviço público não funciona. “É vergonhoso para o nosso Estado, muito vergonhoso, ter um governo que pode custear esse tratamento para as crianças, que é um direito delas e não o faz”, pontua.
A mãe destaca que percebeu a deficiência do filho loco cedo. “Eu percebi o comportamento dele, diferente, muito cedo. Com dois anos, quando começou a ir para a escola, a tia me dizia: ‘Ele não gosta de ficar junto com os colegas, ele passeia na escola o tempo todo’. Eu achava que como ele era muito pequeno, ia frequentar a escola e iria ser normal. O mais velho nunca me deu trabalho e ele era mais ativo do que o irmão”, conta.
Segundo a mãe de Felipe, quando ele estava com três anos e meio, a psicóloga achava que ele tinha problema de audição. “Foi uma busca, psiquiatra, neuro, pediatra e não conseguia fechar um diagnóstico, porque ele tem uma hiperatividade acentuada e os médicos achavam que era só hiperativo, mas eu sabia que ele tinha algo”, reforça.
Rosângela Alves explica que conseguiu falar com um especialista na área de autismo: “Eu precisava do fechamento do diagnóstico para tratar. Aí fui a Recife conversar com o médico e ele passou o tempo todo comigo conversando e perguntando como tinha sido a gravidez, até que ele observou Felipe, cinco minutos depois e disse que ele é autista”, relata.
A partir daí a mãe começou a agir e procurou estudar sobre o problema. “Estou mais na área do autismo do que na minha própria área (farmácia). Tudo o que eu via de novidade sobre o autismo eu tentava até por em prática, mesmo em casa e daí ele só vem tendo evolução, mesmo a gente com a intuição materna”, destaca.
Felipe estuda em uma escolar e faz parte da Associação de Autistas de Alagoas, entidade particular, criada por pais de portadores do autismo. Objetiva trazer profissionais de fora para acompanhar os meninos. “A experiência que vem de fora é muito boa, uma troca de conhecimentos”, observa.
Seu Manoel Farias é pai de uma autista de 24 anos que também faz o tratamento na clínica, há dois anos, uma vez por semana. Ele disse que a evolução do quadro da filha agora é bem melhor. “Ela fica bem mais tranquila, às vezes ela vem nervosa, mas quando faz o treinamento no cavalo ela melhora”, explica.
Dona Maria Marilei da Silva é mãe de um rapaz de 29 anos, com paralisia cerebral, porque ela teve problema na hora do parto e disse que a criança passou da hora de nascer. O filho de dona Marilei Silva começou o tratamento há pouco tempo, porque o convênio com o SUS acabou e ela não teve mais condições de pagar.
Essa mãe faz parte da triagem que a AEA faz para atender casos de pessoas carentes. “Eu falei com a doutora Clarice que não tinha condições de pagar, aí ela disse: ‘a gente dá um jeito; ela é maravilhosa; quando ele vem e ela não pode atender ele fica estressado”, conta. Segundo dona Marilei, é preciso muita dedicação e amor a vida inteira, para cuidar de crianças com necessidades especiais: precisa apoio da família e da união de todos.
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