Grupo tem 40 componentes que têm a proposta de preservação da nossa cultura
O Grupo Percussivo Baque Alagoano completa oito anos hoje e surgiu a partir de uma oficina ministrada pelo músico e artesão Wilson Santos, no Cenarte, em Maceió, há sete anos. A oficina reuniu cerca de 50 pessoas de diversas idades e profissões que tinham em comum a necessidade de um espaço onde pudessem batucar e trocar ideias sobre os ritmos populares da região Nordeste como o maracatu, coco, baianas de Alagoas, bumba-meu-boi, guerreiro alagoano, entre outros.
Hoje o grupo tem 40 batuqueiros fixos e segundo Rose Mendonça, coordenadora artístico-cultural, batuqueira e cantora, nasceu com a intenção de fazer ressurgir o maracatu no Estado de Alagoas. “Inclusive a gente tem uma loa, que é uma composição de um dos sócios fundadores, que fala justamente disso”, destaca.
Foto: Olívia de Cássia
Rose Mendonça observa que na época da criação do grupo, não existia mais o maracatu, desde o Quebra de Xangó, que foi um ato de violência praticado em 1º de fevereiro de 1912 contra as casas de culto afro-brasileiras de Maceió e que se estendeu pelo interior de Alagoas, por conta da intolerância religiosa.
“Depois do surgimento do Baque, vários outros nasceram e estão nascendo. Estamos no caminho certo”, avalia. O grupo já fez apresentação em várias cidades do Estado: em Maceió, no interior de Alagoas e também fora do Estado, como Pernambuco.
“Participamos de eventos, simpósios, festas particulares, em casamentos, além disso, a gente tem uma agenda fixa com apresentações em datas importantes, que têm um significado, independente de convite. A gente vai para a rua, que o maracatu é uma manifestação de rua e faz a apresentação”, explica.
Foto: Olívia de Cássia
O Baque Alagoano tem instrumentos como alfaia (tambor grande), gonguês (instrumentos de marcação) agogôs, caixa de guerra e os Agbês\ Xequerês. “Depois da oficina não queríamos mais parar de tocar. A ideia era fazer com que o projeto sensibilizasse outras pessoas quanto a importância da cultura popular e afro do nosso Estado e do Nordeste”.
Segundo ela as pessoas se juntaram e formaram uma associação e daí nasceu o grupo, que sobrevive dos cachês das apresentações e de uma contribuição individual de cada associado. “É um valor pequeno, mas que dá para uma pequena rentabilidade para o grupo, para as coisas básicas”, pontua.
O grupo ensaia todos os sábados à tarde, na Praça Marcílio Dias, em Jaraguá, em frente à Capitania dos Portos, das 14h às 18h. O grupo tem uma oficina marcada para os dias 30 e 31 de maio, que é a única forma para se entrar no grupo.
Foto: Paulo Tourinho
“A gente faz duas oficinas por ano, não tem limite de idade e qualquer pessoa pode participar, não tem nenhuma restrição e não precisa ter nenhuma preparação. As oficinas acontecem uma parte na praça e outra parte na sede do grupo, próximo à Marcílio Dias, onde os componentes guardam os instrumentos e vestimentas e serve de apoio quando das apresentações, como a prévia de Jaraguá, o Dia do Folclore e outras apresentações.
Têm pessoas que pegam com mais facilidade, tem outras que têm mais dificuldade e a gente dá assessoria para isso”, pontua.
O Baque Alagoano faz uma incursão pelos ritmos da cultura popular e afro-nordestina. O trabalho de pesquisa e criação musical tem raízes fincadas na cultura popular regional, procura fazer uma releitura dos ritmos tradicionais alagoanos, “respeitando a tradição e com consciência dos efeitos transformadores da contemporaneidade”, explica.
A batida forte e contagiante dos tambores de som grave é característica marcante do Baque Alagoano, que com pouco tempo de formado já ganhou vários prêmios. A proposta do grupo vai além da pura combinação de batuques em sala fechada.
Foto: Paulo Tourinho
O trabalho desenvolvido pelos componentes do grupo é voltado para a pesquisa do desenvolvimento histórico e antropológico de nossas raízes musicais e tem conseguido levar aos locais onde tem se apresentado um verdadeiro resgate de valores e símbolos da nossa musicalidade atemporal.
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