Olívia de Cássia – jornalista
Está tramitando na Câmara dos Deputados projeto (PL 7156/14) que proíbe a concessão de
incentivo fiscal e financiamento a pessoas jurídicas de direito privado e a
pessoas físicas que utilizem práticas discriminatórias contra mulheres no mundo
do trabalho.
Segundo o texto do projeto, também ficam proibidos, nesses
casos, contratos administrativos e participação em licitações, inclusive
pregões e aquelas realizadas dentro de parcerias público-privadas (PPPs) nos
âmbitos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
O projeto é assinado conjuntamente pelos deputados Rogério
Carvalho (PT-SE), Janete Rocha Pietá (PT-SP) e Jô Moraes (PCdoB-MG). De acordo
com o texto, considera-se prática discriminatória à mulher a situação em que
ela é submetida a igual trabalho ao do empregado homem, recebendo remuneração
menor ou tendo jornada de trabalho maior. Também é discriminação contra a
mulher o assédio sexual ou moral.
“Ficam de fora das limitações impostas pelo projeto as
diferenças salariais e de jornada de trabalho entre mulheres e homens em razão
de enquadramento no plano de carreira, cargos e salários da empresa ou ainda em
razão das normas de proteção às mulheres”, diz o texto.
Para jjustificar o projeto, os deputados citam dispositivo
da Constituição Federal que prevê a “proibição de diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
ou estado civil”.
“Um dos problemas constantemente relatados pelas entidades
de defesa dos direitos da mulher é o assédio moral, sexual e a discriminação no
ambiente de trabalho”, afirma Rogério Carvalho. “Há casos de exploração em que
algumas acabam ficando 12, 14 horas por dia nos estabelecimentos",
acrescenta.
O deputado também cita levantamento recente realizado por um
site especializado que revela que 32% das mulheres entrevistadas afirmam sofrer
ou já ter sofrido assédio sexual no ambiente de trabalho.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), datada de 2006,
juntando-se as horas gastas com o trabalho formal e dentro de casa, as mulheres
chegam a trabalhar mais de 58 horas por semana, 13 a mais que os homens.
Além disso, a quantidade de mulheres que ocupam cargos de
chefia é muito baixa: apenas 23% na presidência ou posições similares, diz a
pesquisa. Ainda segundo o levantamento, as questões culturais, que as colocam
sempre no papel de “cuidadora” e “protetora”, acabam afastando a sua
participação em algumas profissões mais técnicas que remuneram melhor, como
engenharia.
Num ano eleitoral em que duas mulheres estão na liderança
para disputarem a Presidência da República, é de fundamental importância a
aprovação imediata da proposta. Segundo informações do site do site da Câmara
dos Deputados, o projeto será analisado,
em caráter conclusivo, pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço
Público; de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de
Constituição e Justiça e de Cidadania.
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