Foto: Assessoria
Problemas de saúde tem provocado afastamento dos postos de
trabalho
Olívia de Cássia – jornalista
No dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, os bancários
participam das atividades junto com a Central Única dos Trabalhadores, mas
reclamam que não têm muito o que comemorar, devido aos índices alarmantes de
problemas de saúde que tem acometido a categoria, por conta das metas que têm
que cumprir diariamente.
Entre os problemas de saúde, elencados pela diretoria do
Sindicato dos Bancários de Alagoas (Sindbancarios) a entidade destaca: depressão, o assédio moral que tem levado a
doenças mentais complicadas, LER\Dort, entre outras.
Segundo o presidente da entidade, Jairo França, muitos
bancários estão sendo afastados do trabalho por conta do estresse e a tensão,
“que já se tornaram elementos do cotidiano do trabalho” bancário. Jairo França
destaca que é importante entender que esses quadros de estresse e tensão podem
evoluir e até trazer perda ou redução da capacidade para o trabalho.
“Entre os principais
indicadores de desgaste à saúde mental temos: nervosismo, estresse, desgaste
mental, ansiedade, tensão, fadiga, cansaço, desestímulo, desespero e depressão.
Por vezes, temos também perda de apetite, distúrbios de sono, além da
contaminação involuntária do tempo de lazer: ou seja, os trabalhadores que não
conseguem "desligar-se" do trabalho”, pontua.
O presidente da entidade explica que um levantamento da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro aponta que as
doenças relacionadas à saúde mental já superam as do sistema osteomuscular e do
tecido conjuntivo, as chamadas LER/Dort, que totalizaram, no ano passado, 4.589
afastamentos computados pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). “É uma
luta antiga com os banqueiros para tirar as listas de metas a serem batidas,
que elevam o nível de estresse dos trabalhadores”, disse.
Para a psicologia, segundo a entidade, qualquer que seja o
modelo de organização do trabalho implantado, o que interessa à saúde mental é
a possibilidade do trabalhador ter controle sobre os contextos de trabalho no
qual realiza as tarefas.
Segundo a psicóloga Cícera Antônia, para ter esse controle é
necessário familiaridade com a atividade, conhecimento sobre o trabalho e
possibilidades de interferir sobre o planejamento do trabalho, “de modificar os
contextos, assim como de perceber seus limites e possibilidades. Nesse sentido,
o trabalho pode ser favorável à saúde mental. O que é prejudicial à saúde
mental é a falta de autonomia no trabalho, monotonia, falta de condições de
trabalho, baixa remuneração, falta de respeito ao trabalhador”, observa a
profissional que atua na área de recursos humanos de uma empresa alagoana.
FATORES DE RISCO
No caso dos bancários, os
fatores de risco na organização do trabalho são: pressão das chefias e
clientes; horas extras quase diárias; prolongamento da jornada de trabalho de
seis horas diárias; ausência de pausas de trabalho; tarefas repetitivas;
competição entre os colegas; falta de perspectiva de ascensão; falta de
reconhecimento no trabalho desenvolvido; número insuficiente de funcionários;
medo permanente de demissão; risco de sequestro e assalto à bancos, entre
outros.
O presidente do Sindbancários orienta a categoria a
manter-se em alerta em relação aos
desconfortos: “sejam eles afetivos, tensionais ou físicos, eles são
indicativos de que há algo no seu trabalho e vida que precisa ser modificado”,
pontua.
JORNALISTAS
Outra categoria que também é acometida de alguns problemas
de saúde é a dos jornalistas. Segundo a Federação Nacional da categoria, além
do estresse diário para cumprimento das pautas, os jornalistas são acometidos
com frequência de doenças cardíacas, úlceras gástricas, câncer, LER\Dort,
insônia, depressão e fadiga visual. Jornalista é considerada uma das mais
estressantes do mundo.
A psicóloga Cláudia de Bulhões avalia que o estresse é o principal
problema das profissões modernas: “O estresse envolve mais profissões que
trabalham com a cabeça e sob pressão, como jornalistas, bancários, petroleiros
de plataforma, entre outras categorias”, observa a psicóloga.
A fisioterapeuta Raynara Castro destaca que o que se deve
fazer para evitar o estado de fadiga do corpo é o profissional, em qualquer
atividade que ele tenha, procurar relaxar e ter lazer; ter vida saudável com
exercícios físicos.
CUT
A Central Única dos Trabalhadores, em âmbito nacional,
reivindicou publicamente que a empresas invistam mais em prevenção, para
aumentar a segurança dos trabalhadores. As propostas fizeram marcaram a
passagem do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do
Trabalho, que aconteceu na segunda-feira, 28 de abril.
Segundo a assessoria da Central, a iniciativa chamou atenção
para as 2.712 vítimas fatais registradas no último levantamento feito pelo
Ministério da Previdência com base na CAT (Comunicação de Acidentes de
Trabalho), em 2012, o último disponível, em todo o País. “O número pode ser
maior porque muitas empresas se negam a emitir o CAT para não assumir
responsabilidade sobre acidentes e adoencimentos”, observa a assessoria.
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