sexta-feira, 2 de maio de 2014

Estatística ruim

Olívia de Cássia - jornalista

O Estado de Alagoas ocupa a 8ª posição na classificação nacional de acesso ao Disque 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Em números absolutos houve 10.863 atendimentos em Alagoas. Segundo informações da SPM, dentro do ranking nacional, a taxa de registro do Estado foi de 675,15 por 100 mil mulheres em 2013, de acordo com o Balanço Anual da Central de Atendimento à Mulher – Disque 180, divulgado na última quinta-feira (24/4).

Nossa Maceió se destacou entre os municípios alagoanos que procuraram o serviço. Com taxa de registro de 782,14 por 100 mil mulheres, Maceió lidera a classificação estadual. São Miguel dos Milagres e Colônia Leopoldina vêm logo em seguida, apresentando taxas de 776,91 e 653,33, respectivamente.

De acordo com a Organização das Nações Unidas “(…) uma em cada três mulheres é maltratada e coagida a manter relações sexuais, ou submetida a outros abusos. Entre 30% e 60% das mulheres que já tiveram um parceiro sofreram alguma vez violência física ou sexual por parte do companheiro, e 48% das meninas e jovens com idades entre 10 e 24 anos afirmam ter tido suas primeiras relações sexuais sob coação”.

Segundo Ban Aki-Moon, secretário- geral da instituição, a violência contra as mulheres assume muitas formas – física, sexual, psicológica e econômica. Essas formas de violência se inter-relacionam e as afetam desde antes do nascimento até a velhice.

Está mais do que comprovado que as mulheres que experimentam a violência sofrem uma série de problemas de saúde, e sua capacidade de participar da vida púbica diminui. Segundo especialistas, a violência contra as mulheres prejudica as famílias e comunidades de todas as gerações e reforça outros tipos de violência predominantes na sociedade.

Ban Aki observa que esse problema não está intrínseco apenas em uma cultura, uma região ou um país específicos, nem a grupos de mulheres em particular dentro de uma sociedade. “As raízes da violência contra as mulheres decorrem da discriminação persistente contra as mulheres”, observa.

Segundo informações da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, em Alagoas, a Central de Atendimento – Disque 180 atingiu 532.711 registros no ano passado, totalizando quase 3,6 milhões de ligações desde que o serviço foi criado em 2005.

“A violência física representa 54% dos casos relatados e a psicológica, 30%. No ano, houve 620 denúncias de cárcere privado e 340 de tráfico de pessoas. Foram registradas ainda 1.151 denúncias de violência sexual em 2013, o que corresponde à média de três ligações por dia sobre o tema”, observa a SPMP.

O levantamento do serviço aponta que em 2013 subiu de 50% para 70% o percentual de municípios de origem das chamadas. Cresceu também — em 20% — a porcentagem de mulheres que denunciou a violência logo no primeiro episódio. Relatos de violência apontam que os autores das agressões são, em 81% dos casos, pessoas que têm ou tiveram vínculo afetivo com as vítimas.

Em 1994, o Brasil assinou o documento da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará. Este documento define o que é violência contra a mulher, além de e explicar as formas que essa violência pode assumir e os lugares onde pode se manifestar. Foi com base nesta Convenção que a definição de violência contra a mulher constante na Lei Maria da Penha foi escrita.

Por trás da história da violência contra a mulher, há uma longa lista de fatos: desconhecimento, falhas na legislação, descompromisso social, falta de solidariedade e, acima de tudo, o silêncio e o medo de denunciar os agressores. Esses dois últimos itens são os maiores aliados desse crime contra as mulheres. Não podemos nos calar diante dos fatos. Fiquem com Deus.

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