Olívia de Cássia – jornalista
Anos atrás tinha uma propaganda na mídia de um sabonete cujo nome era “Vale quanto pesa”. O sabonete era volumoso e pesado e sugeria economia no bolso. Na sociedade de consumo e mais materialista dos dias de hoje, o título acima cai como uma luva.
Infelizmente, nesse mercado de injustiças e grandes contradições, valemos o quanto pesamos, na maioria das vezes, não em se tratando de peso corporal ou o que temos de bom interiormente, mas com relação ao que temos de patrimônio material ou quanto na conta bancária, ou que aparentamos ter. Isso acontece muito.
Não sou hipócrita e não vou negar que eu não goste de conforto, bem-estar, dignidade; que gostaria de ter uma vida mais tranquila e confortável; isso é cidadania e não consumismo exagerado.
Gosto de coisas boas sim, como ir ao cinema com frequência, comprar livros, sair com amigos e tomar um chope, comprar boas roupas, bolsas e sapatos quando posso, conversar sobre amenidades e outros confortos mais que a sociedade de consumo nos oferece.
Infelizmente não tenho condições financeiras de viver ainda como eu gostaria. Mas não é disso que quero falar aqui; o que quero dizer é que tem pessoas que só se aproximam da gente se enxergar nisso que a gente tem alguma vantagem material para oferecer, alguma posição social e isso eu acho o fim.
Muitas pessoas não se aproximam de você pelo o que você é, mas pelo o que você representa no mercado de vantagens e pode dar de lucro pessoal. Já fui vítima desse golpe e hoje, infelizmente, vivo mais seletiva e atenta diante dessas questões. Acho isso uma pobreza de espírito.
Nunca fui muito de reparar nessas coisas, mas os anos foram me endurecendo. Minha mãe sempre me abria os olhos para as questões mais práticas e realistas da vida que eu me recusava a enxergar com mais clareza, por causa das minhas teorias utópicas. “Minha filha, quem se abaixa muito o rabo aparece”, dizia ela muitas vezes.
Hoje eu reconheço que mamãe era uma pessoa sábia na sua simplicidade e tudo o que dizia e me ensinou era para o meu próprio bem, mesmo que seus ensinamentos fossem carregados de preconceitos e eu tivesse sempre que dar um desconto.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
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